Espanha declara guerra contra aluguéis por temporada em meio a crise habitacional
Entre as cidades mais afetadas está Barcelona, que revogou todas as licenças de aluguéis turísticos

O governo da Espanha deu início a uma ofensiva nacional contra os aluguéis turísticos de curta duração. A ideia é combater a crise de moradia que afeta milhões de cidadãos. A iniciativa, apelidada de "guerra ao Airbnb", marca uma grande mudança na política habitacional do país e já está gerando repercussão dentro e fora da Europa.
O governo removeu 65 mil anúncios considerados ilegais na plataforma Airbnb. Segundo o ministro da Espanha, Pablo Bustinduy, as propriedades removidas estavam em situação irregular, com ausência de licenças, localização imprecisa ou outros dados inconsistentes.
“O objetivo é proteger o direito à moradia diante de um mercado cada vez mais distorcido pela especulação imobiliária e pelo turismo de massa”, afirmou Bustinduy em entrevista à imprensa local.
Entre as cidades mais afetadas está Barcelona, que anunciou a revogação de todas as licenças de aluguéis turísticos até 2028. A expectativa é que cerca de 10 mil imóveis retornem ao mercado residencial. De acordo com o jornal The Guardian, os preços de aluguel na cidade subiram 68% nos últimos dez anos.
As autoridades locais têm enfatizado que Barcelona enfrenta um esgotamento habitacional, com bairros tradicionais perdendo moradores permanentes e se transformando em “cenários” para visitantes de curta temporada.

Taxação sobre estrangeiros
O governo espanhol também propõe um imposto de 100% sobre a compra de imóveis por não residentes da União Europeia. A medida, ainda em fase de discussão, visa conter o apetite de investidores estrangeiros — especialmente em regiões turísticas como as Ilhas Baleares e as Canárias — que têm impulsionado o encarecimento da habitação.
A Associação de Proprietários de Apartamentos Turísticos (Aloja) elogiou a iniciativa, afirmando que ela “corrige distorções do mercado e combate a concorrência desleal”. Por outro lado, a própria Airbnb alega que o Ministério do Consumo não tem competência legal para ordenar a retirada de anúncios e que a empresa não foi notificada. Os executivos chamaram a medida de “abordagem punitiva e arbitrária”.
Segundo o The Times, a insatisfação crescente com o “turismo predatório” tem gerado debates similares em outras regiões da Europa, como Lisboa, Amsterdã e Veneza — todas elas lidando com tensões entre visitantes temporários e moradores permanentes.