Rio de Janeiro capacita o setor hoteleiro para atendimento a mulheres vítimas de violência
Formação é gratuita e ensina profissionais a identificarem situações de risco e a acolherem as vítimas

O Rio de Janeiro tem investido na transformação de sua rede de hospedagem em espaços seguros para as mulheres. Em um movimento no Estado, profissionais de hotéis, pousadas, hostels e albergues estão sendo capacitados gratuitamente em protocolos de atendimento a vítimas de violência de gênero.
A formação, oferecida pela Secretaria de Estado da Mulher (SEM-RJ), em parceria com a organização Livre de Assédio, visa prevenir, acolher e encaminhar mulheres que venham a sofrer algum tipo de violência nesses estabelecimentos.
"O Rio de Janeiro já é reconhecido mundialmente por suas belezas naturais e riquezas culturais. Agora, queremos que ele também seja referência em acolhimento e segurança para todas as mulheres que nos visitam. Essa formação é um passo fundamental para que o setor hoteleiro esteja preparado para agir com responsabilidade diante de situações de violência contra a mulher. Nosso compromisso é garantir que cada turista se sinta segura, respeitada e bem recebida em nosso estado"
Secretária de Estado da Mulher, Heloisa Aguiar
A iniciativa acontece em um momento importante: quando o Rio de Janeiro bate o recorde de turistas de outros países no primeiro semestre do ano. Foram aproximadamente 1,1 milhão de visitantes, uma alta de 51,8% em comparação ao mesmo período do ano passado, quando foram registradas 760 mil chegadas. A expectativa do Governo do Estado é que este número chegue a 2 milhões até dezembro de 2025, representando um novo marco histórico no setor.
O treinamento atende ao protocolo “Não é Não! Respeite a decisão" e pode ser feito por meio da plataforma www.naoenaorj.com.br. No curso, a prevenção é ensinada através de protocolos, sinalizações e práticas essenciais para a proteção nesses ambientes. Os profissionais aprendem a identificar situações de risco, a agir de forma adequada e também o que evitar durante a abordagem e o acolhimento à vítima. Também está disponível a introdução aos conceitos essenciais sobre violência de gênero, assédio e as leis que amparam a proteção contra essas situações.
Para a fundadora e CEO da Livre de Assédio, Ana Addobbati, oferecer espaços com equipes treinadas para acolher vítimas de assédio e importunação sexual significa contribuir para uma sociedade mais consciente sobre essa temática de violência. “Representa também ganho comercial, porque a imagem de um estabelecimento seguro para mulheres tende a atrair mais turistas e virar referência. O curso é uma forma de oferecer para o público feminino um acolhimento adequado num momento de vulnerabilidade. Quando o profissional sabe o que fazer, quem acionar e para onde direcionar, a mulher se sente mais confiante para tomar as decisões necessárias”, explicou.
O treinamento, gratuito, usa linguagem gamificada e exemplos de situações para facilitar o aprendizado. Ao término do curso, o profissional recebe um certificado de conclusão. De acordo com o Decreto Estadual nº 49.520, de fevereiro de 2025, o setor tem até 23 de setembro para capacitar as equipes e sinalizar os espaços informando que as equipes foram treinadas.
A próxima etapa do protocolo será a implementação do Selo Mulher+Segura, que poderá ser concedido a estabelecimentos que tiverem, anualmente, ao menos 70% das equipes capacitadas e um plano contínuo de formação. A fiscalização será feita pela SEM-RJ em conjunto com o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro.