Victor Fernandes   |   04/03/2021 17:09   |   Atualizada em 04/03/2021 17:10

FecomercioSP: economia brasileira se recupera a partir de 2023

Queda de 4,1% do PIB, divulgada pelo IBGE, não é a pior notícia sobre a crise econômica brasileira

Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Nesta quarta-feira (3), o IBGE divulgou uma queda de 4,1% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2020 comparando com 2019. O resultado foi puxado pelas quedas significativas dos serviços (-4,5%), do consumo das famílias (-5,5%) e do volume de importações (-10%). O melhor resultado foi do agronegócio, que cresceu 2%. No começo da pandemia, houve quem previu uma retração do PIB que beirava o dobro do que realmente aconteceu.

Para a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), no entanto, as notícias seguem sendo desanimadoras – e por dois motivos. O primeiro é que a última vez que o Brasil cresceu significativamente foi em 2013 – 3%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Depois, estacionou em 0,5% em 2014 e caiu nos anos seguintes: -3,5% em 2015 e -3,3% em 2016.

Quando começava a indicar um cenário de retomada, com expansões tímidas do PIB em 2017 (1,3%), 2018 (1,1%) e 2019 (1,1%), veio a pandemia. Diante desses números, é possível dizer que o País só vai retomar o patamar do começo da década passada em 2023 – isso se daqui até lá sustentar um crescimento de, pelo menos, 2% ao ano.

"Em outras palavras, se nada der errado daqui para frente, o Brasil só voltará ao patamar de 2013 exatamente dez anos depois. É, portanto, a verdadeira década perdida", diz a FecomercioSP em comunicado.

E o segundo motivo é que as perspectivas de um crescimento nesse ritmo são poucas. Isso porque 2021 já começou com desafios enormes para a economia do País, com um primeiro trimestre marcado por uma nova queda do consumo das famílias em meio ao auge da crise de covid-19, cujos impactos se verão no PIB trimestral. Além disso, há ainda as dúvidas de longo prazo sobre a capacidade do governo federal em implantar uma política de austeridade fiscal cortando despesas.

Ainda que o PIB cresça entre 3% e 3,5% em 2021, será muito mais por conta do efeito comparativo da queda de 4,1% em 2020 do que um indicativo sólido da retomada econômica.

Para a FecomercioSP, o caminho pode começar a ser trilhado por uma verdadeira reforma do Estado, diminuindo tributos, acelerando investimentos e contendo a alta da inflação por meio de uma política de juros baixos.

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