Por Carla Lencastre, especial para o Portal PANROTAS

A promoção turística do Brasil no Exterior enfrenta diversos desafios há muitos anos. Atualmente, o maior deles, segundo Marcelo Freixo, novo presidente da Embratur, é recuperar a desgastada imagem do País internacionalmente. O primeiro passo será o relançamento da Marca Brasil em 14 de fevereiro, na Torre de TV de Brasília.

“Em um setor tão competitivo como o Turismo internacional, ter uma marca forte é fundamental”, avalia Freixo em entrevista exclusiva para o Portal PANROTAS.

O momento é propício para viagens internacionais, que devem voltar ao patamar de 2019 até o final deste ano. O Brasil oferece bons produtos alinhados com os novos desejos dos viajantes, como maior contato com a natureza e mais impacto positivo nas comunidades locais. E uma boa relação custo x benefício para os Estados Unidos e os principais mercados emissores da Europa. O presidente da Embratur planeja ir além. Quer aproximar o País também do continente africano, e investir na promoção de segmentos como pesca esportiva e Turismo religioso. Em seus 20 primeiros dias no cargo, Freixo tem repetido como um mantra que “Turismo tem que gerar investimentos, empregos e renda”. A seguir, ele detalha alguns dos planos para os próximos meses.

IMAGEM DO PAÍS
“O Brasil que a gente quer promover no Exterior é o Brasil em que a gente quer viver. Um país sem fome, que sabe da sua responsabilidade climática, que preserva a Amazônia e a vida de seus povos originários. Dizer que a imagem do País foi devastada é pouco. Agora mesmo o mundo está comovido com as imagens da crise humanitária dos ianomânis. Recuperar a imagem é, sem dúvida, o maior desafio da Embratur”.

MARCA BRASIL
“Vamos retomar uma marca que nunca deveria ter sido deixada de lado, porque ela é forte. O lançamento será em 14 de fevereiro, terça-feira, na Torre de TV de Brasília. A partir daí, com um financiamento da ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), vamos atualizar a marca. Quando se fala em promoção turística internacional, a marca do País é muito importante”.

EMPRESAS AÉREAS
“As companhias aéreas estão sendo muito acessíveis. Já recebi na Embratur o Eduardo Sanovicz, presidente da Associação das Empresas Aéreas (Abear), e conversei com a Azul. Esta semana tenho reuniões em São Paulo com Gol e Latam. Vou me encontrar com a American Airlines no Rio de Janeiro em plena terça-feira de carnaval. E com a TAP no início de março, durante a Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL). As companhias aéreas são decisivas para a promoção do Brasil no Exterior. Os laços do País com o mundo foram rompidos nos últimos anos, principalmente pelo descaso com a questão ambiental, e vamos refazê-los. É uma mudança de paradigma”.

FEIRAS INTERNACIONAIS
“Da BTL vamos direto para a ITB, em Berlim. A participação do Brasil nestas duas feiras internacionais foi organizada pela gestão anterior da Embratur. Bruno Reis, novo gerente de Mercados e Eventos Internacionais, está fazendo alguns ajustes, mas somente depois do evento de Berlim é que assumiremos todo o planejamento”.

SETORES PÚBLICO E PRIVADO
“Estamos conversando com todas as esferas dos setores público e privado. Tenho um diálogo no mundo político que não é pequeno. Quero deixar claro para o setor público que o sucesso da Embratur vai ser medido pelo sucesso das cidades, dos lugares em que as pessoas vivem. E queremos fazer parcerias com setores privados de todos os Estados. O resultado dos investimentos será visto no dia a dia, com geração de empregos e de renda. A transversalidade do Turismo é decisiva para a economia. Turismo é solução. Passei muito tempo tratando de problemas. Estou achando melhor tratar de solução”.

SEGMENTAÇÃO DO TURISMO
“Segmentar o Turismo é fundamental para a nossa estratégia. Essa semana nos reunimos em Brasília com André de Paula, ministro da Pesca e Aquicultura. Este é um segmento que pode atrair muitos visitantes estrangeiros ao Brasil, principalmente americanos interessados em pesca não predatória. Conversamos também com a filha do ministro, Cacau de Paula, secretária de Turismo e Lazer do Recife, e com Bruno Wendling, diretor-presidente da Fundação de Turismo do Mato Grosso do Sul (Fundtur MS), para começar a pensar em estratégias de promoção. Praticada de forma responsável, a pesca esportiva pode ser uma solução para problemas sociais e ambientais.
Não temos dinheiro sobrando, não podemos errar. A segmentação tem que ser bem-feita. Vamos qualificar as informações e, a partir daí, identificar mercados prioritários. Para isso, estamos trazendo da Universidade de São Paulo (USP) a Mariana Aldrigui, que será a nova gerente de Pesquisa e Inteligência de Dados. Queremos que a Embratur seja uma fonte de dados que possam ser usados pelos secretários de Turismo de todo o País”.

DIVERSIDADE E INCLUSÃO
“Queremos mostrar ao mundo um Brasil que não é homofóbico nem racista e que respeita todas as religiões. Um País que merece ser visitado. Este Brasil democrático, diverso e inclusivo tem que vencer. Tenho um grande carinho pelo segmento do Turismo religioso. Pode ser um instrumento de superação. Também precisamos aproximar o País do continente africano. No final de semana passado, me reuni no Rio de Janeiro com compositores de samba e conversamos sobre a presença da África na história da cidade. Rio e Salvador podem nos conectar com países africanos. Acredito muito neste projeto de afroturismo, mas claro que isso passa também pelas companhias aéreas”.

PARCERIA COM O MTUR
“Estamos muito próximos da ministra Daniela Carneiro. Há uma grande diferença entre o que ofertamos e a qualidade do produto em si. Quando Embratur e Ministério do Turismo trabalham juntos, a oferta e o produto se aproximam”.

EQUIPE TÉCNICA
“Nossa equipe técnica, com nomes reconhecidos no mercado, como Jaqueline Gil, nova diretora de Negócios, Inteligência e Marketing Internacional, foi elogiada por todos os segmentos do Turismo e isso está abrindo portas. Fizemos um novo pacto entre o mundo público e o privado. Vamos tornar a Embratur uma empresa sustentável”.