Luiz Felipe Simões   |   17/01/2025 08:36

Educadora financeira dá seis dicas de como viajar sem estourar o orçamento

Thaísa Durso, educadora financeira da Rico, compartilha suas dicas para viajar mesmo com o dólar alto

Historicamente, o dólar tem demonstrado uma trajetória de alta em relação ao real
Historicamente, o dólar tem demonstrado uma trajetória de alta em relação ao real

Viajar para o exterior é o desejo de muitos brasileiros, mas a alta do dólar nos últimos anos tem tornado essa realidade cada vez mais desafiadora. Para aqueles que já estão com a viagem marcada, as preocupações aumentam, pois os custos previstos — como hospedagem, alimentação e passeios — podem acabar pesando ainda mais no bolso.

Historicamente, o dólar tem demonstrado uma trajetória de alta em relação ao real. A taxa de câmbio nominal, que representa o valor de uma moeda em relação a outra sem considerar os efeitos da inflação, é um dado que pode ilustrar essa dinâmica. Por exemplo, de acordo com dados do Banco Central, a taxa de câmbio nominal era de R$ 1,86 em dezembro de 2011 e alcançou R$ 6,18 em dezembro de 2024. Essa elevação evidencia a valorização do dólar frente ao real ao longo dos anos.

Mas saiba que é possível amenizar a variação cambial com algumas estratégias e um planejamento financeiro robusto, e assim, contornar o problema. Confira a seguir as 6 dicas práticas da Thaísa Durso, educadora financeira da Rico, para driblar a alta do dólar.

Estratégias para mitigar o impacto da alta do dólar

1) Organize o orçamento da viagem

Dreamstime
Estime os custos diários no destino, incluindo transporte, alimentação, passeios e compras
Estime os custos diários no destino, incluindo transporte, alimentação, passeios e compras

O primeiro passo para organizar sua viagem internacional, especialmente em tempos de alta do dólar, é revisar cuidadosamente o orçamento.

Separe suas despesas em categorias, como transporte, hospedagem, alimentação, passeios e compras. Identifique as prioridades e elimine ou substitua gastos que não são essenciais. Por exemplo, você pode optar por passeios gratuitos ou com descontos e explorar restaurantes menos turísticos, que oferecem boa comida a preços mais acessíveis.

Além disso, avalie o quanto você pode gastar na viagem. Estime os custos diários no destino, incluindo transporte, alimentação, passeios e compras. Esse cuidado ajuda a evitar surpresas e mantém o controle financeiro.

2) Antecipe despesas sempre que possível

Antecipar gastos pode ser outra estratégia inteligente. Comprar ingressos para atrações e reservar serviços com antecedência protege contra futuras oscilações cambiais e facilita o planejamento financeiro.

3) Use ferramenta de controle

Utilizar ferramentas como planilhas é essencial para manter o controle sobre suas despesas e garantir que o planejamento esteja alinhado com seus objetivos.

4) Diversifique os meios de pagamento

Divulgação
A conta global tem se destacado como uma alternativa prática e econômica para lidar com a alta do dólar
A conta global tem se destacado como uma alternativa prática e econômica para lidar com a alta do dólar

A escolha da melhor forma de pagamento depende de diversos fatores, incluindo o destino, o perfil do viajante e o orçamento disponível. Abaixo, a educadora analisou os prós e contras das 4 principais opções disponíveis:

Dinheiro em espécie: É uma das opções mais acessíveis e práticas para pequenos gastos diários, como transporte, alimentação e lembranças. Ele possui a vantagem de um IOF reduzido (1,1% atualmente), sendo a modalidade com a menor tributação na conversão de moeda. Porém, é necessário cautela devido ao risco de perda ou roubo. Para evitar problemas, leve apenas o necessário para despesas menores e distribua o valor em diferentes locais na bagagem e na carteira, respeitando as regras de transporte de valores do país.

Cartão pré-pago: É uma excelente ferramenta para quem deseja maior previsibilidade nos gastos, pois permite travar a cotação do dólar no momento da recarga. Além disso, é mais seguro que o dinheiro em espécie, já que pode ser bloqueado em caso de perda ou roubo. Contudo, é fundamental estar atento às taxas de recarga e saques, que podem variar conforme a instituição emissora, além do IOF de 4,38% vigente atualmente o que significa que uma compra de R$ 100 geraria uma taxa de R$ 4,38.

Cartão de crédito: Oferece praticidade e segurança, sendo indispensável para emergências ou compras pontuais durante a viagem. Entretanto, apresenta um IOF de 4,38% e o câmbio aplicado é o da data de processamento da compra, o que pode gerar valores inesperados devido às oscilações da moeda. Por isso, seu uso deve ser moderado. Alguns cartões oferecem benefícios como seguro-viagem e programas de recompensas, que podem agregar valor ao planejamento.

Conta global: Essa modalidade tem se destacado como uma alternativa prática e econômica para lidar com a alta do dólar. Trata-se de contas correntes que podem ser abertas ainda no Brasil. Geralmente, o processo é simples, pode ser realizado pelo celular e, dependendo da instituição escolhida, é gratuito.

Com um IOF reduzido (1,1%) nas transferências, as contas globais permitem converter reais para dólares ou outras moedas com taxas mais competitivas. Além disso, possibilitam realizar conversões de forma gradual, o que ajuda a suavizar os impactos das flutuações cambiais. O saldo em moeda estrangeira pode ser acessado por meio de um cartão vinculado à conta, sendo ideal para compras e saques no exterior. Entretanto, antes de optar por esse meio de pagamento é importante verificar as tarifas de manutenção ou transferência cobradas pela instituição.

Qual meio de pagamento escolher?

Adam Gault/Getty Images
A melhor abordagem é diversificar: leve uma pequena quantia em espécie para gastos menores, utilize o cartão pré-pago para despesas principais e mantenha o cartão de crédito como opção para imprevistos
A melhor abordagem é diversificar: leve uma pequena quantia em espécie para gastos menores, utilize o cartão pré-pago para despesas principais e mantenha o cartão de crédito como opção para imprevistos

Entre os 4 meios de pagamento, o cartão pré-pago oferece maior controle financeiro ao travar a cotação no momento da recarga, enquanto o cartão de crédito é mais adequado para emergências ou compras pontuais, devido à sua praticidade, apesar da incerteza cambial. O dinheiro em espécie e contas globais têm a vantagem de garantir o câmbio no momento da compra, ao contrário do cartão de crédito, que depende da cotação no dia do processamento, adicionando incertezas.

Além disso, a troca em casas de câmbio reduz o IOF para 1,1%, representando uma economia em relação à alíquota de 4,38% aplicada aos cartões. Com o dólar em patamar elevado, adotar essa estratégia ajuda a equilibrar o orçamento durante a viagem.

A melhor abordagem é diversificar: leve uma pequena quantia em espécie para gastos menores, utilize o cartão pré-pago para despesas principais e mantenha o cartão de crédito como opção para imprevistos.

5) Compre dólar aos poucos

Agora vamos a uma dúvida comum entre os viajantes: é uma boa ideia comprar dólar mesmo em tempos de alta? Sim, a compra de moeda deve ser feita de forma gradual, aproveitando dias de cotações mais favoráveis. Essa estratégia ajuda a diluir o impacto das flutuações cambiais, construindo um preço médio mais vantajoso e reduzindo a exposição a picos de alta.

Aqui está uma simulação que ilustra a compra mensal de 200 dólares entre dezembro de 2023 e dezembro de 2024. A simulação também calcula o preço médio ao longo do período, demonstrando os benefícios da disciplina nas compras mensais.

Para a simulação, a educadora considerou os seguintes pontos:

  • Compra mensal fixa de 200 dólares.
  • Cotações simuladas baseadas na cotação do dólar em cada um dos períodos.
  • Cálculo do preço médio acumulado ao longo do tempo.
Mês
Cotação do Dólar
Valor Pago (R$)
Acumulado US$
Acumulado R$
Preço Médio (R$/ US$)
Dez/2023
5,30
1.060,00
200
1.060,00
5,30
Jan/2024
5,35
1.070,00
400
2.130,00
5,33
Fev/2024
5,40
1.080,00
600
3.210,00
5,35
Mar/2024
5,50
1.100,00
800
4.310,00
5,39
Abr/2024
5,60
1.120,00
1.000
5.430,00
5,43
Mai/2024
5,55
1.110,00
1.200
6.540,00
5,45
Jun/2024
5,70
1.140,00
1.400
7.680,00
5,49
Jul/2024
5,65
1.130,00
1.600
8.810,00
5,51
Ago/2024
5,80
1.160,00
1.800
9.970,00
5,54
Set/2024
5,75
1.150,00
2.000
11.120,00
5,56
Out/2024
6,00
1.200,00
2.200
12.320,00
5,60
Nov/2024
6,10
1.220,00
2.400
13.540,00
5,65
Dez/2024
6,20
1.240,00
2.600
14.780,00
5,68

Resultado da simulação:

  • Total em dólares acumulado: 2.600 dólares.
  • Total pago em reais: R$ 14.780,00.
  • Preço médio final: R$ 5,68 por dólar.

Nessa simulação, a conclusão é que o preço médio do dólar foi menor do que as cotações mais altas registradas no final do período. Isso ocorre porque o investidor aproveitou os meses iniciais, quando as cotações estavam mais baixas, diluindo o impacto das altas posteriores.

Dessa forma, a compra gradual de moeda estrangeira ao longo do tempo é uma estratégia eficaz para suavizar as oscilações do câmbio e evitar picos desfavoráveis, proporcionando maior controle sobre os custos. Além disso, essa abordagem protege o investidor de que sua viagem se torne inviável em caso de uma alta do dólar nas vésperas da viagem.

6) Invista até o grande dia

Ao investir R$ 10.000,00 a uma taxa de 12,25% ao ano, equivalente a atual taxa Selic, o montante acumulado ao final de 12 meses seria de aproximadamente R$ 11.000,00 líquidos
Ao investir R$ 10.000,00 a uma taxa de 12,25% ao ano, equivalente a atual taxa Selic, o montante acumulado ao final de 12 meses seria de aproximadamente R$ 11.000,00 líquidos

Investir o valor destinado à viagem em aplicações seguras e rentáveis é uma estratégia eficiente para proteger seu orçamento e maximizar seus recursos. O rendimento obtido pode ser usado para cobrir gastos imprevistos, como uma alta inesperada no dólar, despesas médicas ou até mesmo para complementar despesas com passeios, compras ou melhorias na hospedagem.

O Tesouro Selic, por exemplo, é uma opção de investimento em renda fixa considerada de baixo risco, ideal para objetivos de curto prazo. Ele oferece liquidez diária e acompanha a taxa básica de juros da economia (a Selic). De acordo com a projeção dos nossos especialistas, a Taxa Selic, atualmente em 12,25%, deve continuar oferecendo uma rentabilidade atrativa para quem investe em produtos atrelados a ela, com expectativa de alcançar 15,5% em 2025.

Para ilustrar, ao investir R$ 10.000,00 a uma taxa de 12,25% ao ano, equivalente a atual taxa Selic, o montante acumulado ao final de 12 meses seria de aproximadamente R$ 11.000,00 líquidos, ou seja, já considerando o desconto de impostos.

Essa rentabilidade representa quase 1% ao mês, um percentual muito atrativo quando pensamos em taxas de retorno de investimentos, ainda mais se levarmos em consideração que, investimentos da categoria renda fixa tem, por característica, menor risco, o que pode equilibrar os impactos da alta do dólar, proporcionando maior tranquilidade financeira e flexibilidade para sua viagem.







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Sobre o autor

Formado em Jornalismo pela ESPM-SP, Luiz Felipe Simões já atuou em diversas áreas da comunicação, da assessoria de imprensa às agências de publicidade. Com passagem pelo Estadão Investidor, o jornalista tem experiência na cobertura de temas como finanças e investimentos. Atualmente, é responsável pela produção de branded contents, pelas redes sociais e por algumas funções de repórter