Brasileiros nos EUA podem começar a pagar imposto para enviar dinheiro
Proposta já foi aprovada na Câmara dos Deputados americana e agora está em discussão no Senado

Um novo projeto de lei proposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode afetar diretamente brasileiros que vivem no país. Chamado de "One, Big, Beautiful Bill", o texto prevê a cobrança de um imposto de 3,5% sobre o dinheiro que imigrantes enviam para seus países de origem — estando nos EUA de forma legal ou ilegal.
A proposta já foi aprovada na Câmara dos Deputados americana e agora está em discussão no Senado. Se for aprovada, o valor a ser enviado para o Brasil pode diminuir bastante afetando, principalmente, cidades onde o fluxo de remessas enviadas tem grande representatividade na economia local.
Em 2023, os brasileiros que vivem nos Estados Unidos mandaram cerca de US$ 2 bilhões para o Brasil, segundo dados do Banco Central. Isso representa metade do total enviado por brasileiros que moram no exterior.
Segundo informações do jornalista Jamil Chade, do UOL, que apurou a existência da nova regra proposta por Trump, a situação pode ser ainda mais grave em países da América Central, onde o dinheiro enviado por imigrantes representa uma parte muito maior da economia. Em El Salvador, por exemplo, essas remessas chegam a 24% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto no Brasil esse número é de apenas 0,2%.
Além da possível nova taxa, muitos imigrantes — especialmente os que estão em situação irregular — estão evitando ir a casas de câmbio com medo de serem abordados por agentes da imigração dos EUA. Há rumores de que o ICE (o serviço de imigração americano) estaria fazendo operações nesses locais. Com isso, muitas famílias estão preferindo usar o dinheiro para pagar despesas nos Estados Unidos, em vez de mandar para o Brasil.
O presidente Trump deu um prazo até o dia 4 de julho para que os senadores cheguem a um acordo sobre o projeto. Apesar de o principal foco da proposta não ser a imigração, o possível imposto já está causando preocupação entre comunidades latinas e brasileiras, que temem mais dificuldades para ajudar suas famílias que ficaram no país de origem.
Se a nova lei for aprovada, a vida de muitos imigrantes pode ficar ainda mais complicada, em meio a um cenário de maior fiscalização, risco de deportação e dificuldades financeiras.