PANROTAS / Emerson Souza

A renegociação da dívida da companhia, anunciada ontem, em comunicado ao mercado, significa, segundo o CEO da CVC Corp, Fabio Godinho, o fim do processo de reestruturação da empresa, iniciada em junho do ano passado, quando ele e um novo time de gestores assumiu o maior grupo de Turismo brasileiro. A empresa passava por momentos críticos naquele momento pós-pandemia.

Uma análise do Itaú BBA sobre o anúncio dessa quarta-feira (11) classifica a amortização de R$ 160 milhões na dívida da CVC Corp como “extraordinária”. Em uma palavra, o banco diz que a notícia é positiva e que se refletirá nas negociações das ações da empresa.

“Os investidores estavam esperando por essa reestruturação, que é um pilar fundamental nesse caso. O grande highlight, além da amortização de R$ 160 milhões, foi a extensão do cronograma de pagamento, agora iniciando no segundo semestre de 2026”, diz trecho da análise do Itaú BBA.

A análise também diz que a CVC Corp apresentou melhorias em todas as frentes prometidas desde junho de 2023, como governança, management e índices de crescimento.

“A renegociação era a última peça que faltava nesse amplo processo que iniciamos ano passado, no que chamamos de volta ao básico”

Fabio Godinho, em entrevista à PANROTAS

Reestruturação da CVC incluiu, de acordo com Godinho:

PANROTAS / Filip Calixto

• Implantação de uma nova governança
• Resgate da cultura que fez o sucesso da CVC ao longo de décadas (da assistência ao passageiro à valorização das lojas, da multicanalidade à inovação em tecnologia)
• Novo management
• Desenho de uma estratégia alinhada com o novo Turismo
• Captação de recursos do mercado (R$ 800 milhões em uma operação de sucesso liderada por Godinho e a família Paulus).

Faltava a renegociação da dívida de R$ 705 milhões e em condições adequadas ao novo momento da empresa.

“Com a CVC que encontramos em junho passado, fazia sentido (ter a condição de) CDI mais 5,5%. Era uma CVC de altíssimo risco. Agora não. Voltamos a dar lucro, estamos batendo recorde de abertura de lojas (como no semestre passado), temos trimestres em que entregamos resultados sólidos, com geração de caixa e margens melhores, crescimento de vendas em mesmas lojas... Então precisávamos de um contrato novo que refletisse o atual momento”

Fabio Godinho, CEO da CVC Corp

No novo contrato, o custo da dívida foi reduzido para CDI + 4,85% e pode chegar a 4,5% se a empresa atingir o nível de crédito BBB-.

“Não tínhamos cláusula de pagamento antecipado, mas conseguimos pagar 25%, reduzindo a dúvida para R$ 545 milhões e colocando o pagamento para 2026, 2027 e 2028, agora com a possibilidade de antecipar. Se houver uma oportunidade de antecipação em 2025, agora está no contrato essa possibilidade", disse o executivo.

“Com aquela CVC do passado definitivamente salva, agora temos uma estrutura sólida, que gera crescimento, que investe em inovação e que só tem de pensar nos próximos 50 anos”

Fabio Godinho, CEO da CVC Corp

Ou seja, a CVC está pronta para olhar apenas para frente, potencializando projetos como a digitalização, o mundo figital que cruza os canais e está com o cliente em toda a sua jornada, a competitividade de volta com a força as negociações diretas e os produtos exclusivos, os novos formatos de loja e o B2B reestruturado, pensando em qualidade e margem, em atendimento e produtos, e não apenas em preço.

Planejamento de 2025 a 2027

Em outubro e novembro, em trabalho coordenado pela empresa de consultoria Integration, com quem Godinho já trabalhou, toda a diretoria executiva e os membros do conselho vão definir o planejamento de 2025 a 2027.

“Agora, com a reestruturação finalizada com sucesso, vamos analisar, para os próximos três anos, os negócios e nichos que possam fazer sentido para a estratégia CVC Corp e ver como podemos atuar nessas novas frentes, além de fortalecer os projetos de crescimento e inovação que já estão a todo vapor dentro de casa. Agora é olhar para os próximos 50 anos”

Fabio Godinho, CEO da CVC Corp, em entrevista ao Portal PANROTAS