Artur Luiz Andrade   |   07/10/2024 14:37
Atualizada em 07/10/2024 16:45

ViagensPromo fecha parceria com fundo de R$ 1,5 bilhão; Kido conta como usará o dinheiro

Objetivo é ter mais competitividade, custo menor de capital e estrutura mais moderna

PANROTAS / Filip Calixto
Alan Barros, da FaturePag, e Renato Kido, da ViagensPromo
Alan Barros, da FaturePag, e Renato Kido, da ViagensPromo

“O Kido com dinheiro ninguém segura.” A frase foi ouvida pela PANROTAS por uma liderança do Turismo, que acompanhava movimentação da ViagensPromo em busca de recursos para triplicar de tamanho nos próximos anos. Segundo Renato Kido, CEO e dono da VP, em entrevista à PANROTAS, todos os movimentos recentes da empresa – do lançamento da VPpay ao lançamento do cartão VPCard, para as agências – foram pensando no anúncio feito hoje, em que a ViagensPromo se associa a um fundo, criado em conjunto com Alan Barros, da FaturePag, já parceira da operadora.

O fundo criado por Barros, com a assessoria de Kido, já captou R$ 1,5 bilhão no mercado financeiro, hoje à disposição da ViagensPromo, mas a ideia, de acordo com Kido, é trazer mais empresas de Turismo para esse fundo. Por quê? Porque, segundo Kido, o modelo das operadoras precisa mudar. Se continuar como é hoje, não vai durar muito tempo, por falta de competitividade, margens pequenas e custos altos.

Para mudar a forma de trabalhar, usando o exemplo de empresas fora do Turismo, a ViagensPromo precisa de um banco “próprio”, com taxas menores (um terço do que se fosse pedir empréstimo a bancos para investir em novos projetos), parceiros que entendem de Turismo, dinheiro mais barato e disponível.

O FIDC – Fundo de Investimento de Direitos Creditórios criado e viabilizado por Barros e com contrato já assinado com a VP deve entrar em operação em 60 dias, e Kido espera que já em dezembro o agente de viagens e o mercado sintam a diferença: preços mais competitivos, soluções dentro de casa e uma nova ViagensPromo, de olho no futuro das operadoras.

Renato Kido esclarece que a FaturePag ou Alan Barros não se tornaram sócios da VP e vice-versa. São estruturas independentes, e que se encontram no novo fundo criado, com recursos que serão usados pela ViagensPromo e outras empresas do Turismo, com custo menor se fossem aos bancos tradicionais.

“A meta da ViagensPromo é ir além da intermediação de tarifas para ser reconhecida como o melhor e mais confiável hub de viagens B2B do Brasil.”

Renato Kido

Confira abaixo as dúvidas que tiramos com Renato Kido sobre o fundo criado e como a VP utilizará esses recursos de até R$ 1,5 bilhão.

PANROTAS / Filip Calixto
Renato Kido
Renato Kido

O FUNDO

PANROTAS: Por que um fundo? Vender ou achar um sócio era uma das soluções?

KIDO: Todos os movimentos que fizemos até aqui, passo a passo, foi em direção à criação desse fundo. Sim, recebi propostas para vender a ViagensPromo, mas não é o momento. Ainda temos muito o que crescer. Claro que uma hora eu vou precisar conseguir tirar férias e para isso estamos montando um time muito forte, mas vender não estava e não está nos planos nesse momento. O que a ViagensPromo precisava, e o fundo veio para solucionar isso, é de um novo modelo de negócios, e para viabilizar esse modelo eu e o Alan Barros explicamos a diversos bancos e investidores como funciona e como funcionará nosso negócio a partir da disponibilidade desses recursos.

NOVO MODELO

PANROTAS: Que novo modelo é esse? Por que a VP e as operadoras em geral precisam mudar seus modelos e processos?

KIDO: Hoje o modelo não se sustenta por muito tempo, pois a competição com o B2C, que tem margens melhores e é mais agressivo, nos deixa pouco competitivos. A gente precisa passar a pré-comprar nosso aéreo, hotel, locação, seguro, receptivo... Precisamos de margens melhores, negociações melhores. E para isso é preciso de capital para essa pré-compra. Também precisamos de dinheiro mais barato e de uma estrutura financeira em que não precisemos pagar a bancos de terceiros e sim ao nosso banco. Em vez de pagar 2,5% para as empresas de maquininha, lançamos a VPpay. Em vez de empréstimos caríssimos com bancos para pré-comprar produtos com nossos fornecedores, e assim também ajudar a cadeia, temos os recursos do fundo, um terço do valor que seria no mercado normal. O fundo representa uma nova modalidade de investimento, que já existe fora do Turismo e que a VP está trazendo para nosso setor.

ONDE O DINHEIRO SERÁ USADO?

PANROTAS: Os R$ 1,5 bilhão já estão disponíveis? Como a VP utilizará esses recursos?

KIDO: Sim, esse dinheiro já foi captado e a ideia é aumentar em 50% ao ano esse valor. E que poderá ser usado por qualquer empresa de Turismo. Hoje, começa com a ViagensPromo, mas a ideia é chamar outras empresas. Chamar operadoras e hotéis. Chamar agências parceiras para novos tipos de parceria, que o fundo agora permite. Hoje vendemos cerca de R$ 60 milhões a R$ 65 milhões ao mês, com vendas anuais de R$ 720 milhões (em um ano atrapalhado pelo fechamento do Rio Grande do Sul). Se dividirmos os R$ 1,5 bilhão em 12, teremos o dobro do que faturamos por mês. O que vai nos permitir triplicar o tamanho da ViagensPromo nos próximos anos. A gente mostrou aos investidores que somos hoje uma boa força de vendas no Turismo, mas que se mudarmos como eu planejei, se formos mais competitivos, seremos ainda mais fortes. E para isso precisamos dos recursos, e daí nasceu o fundo, em parceria com o Alan.

PANROTAS: Pode listar alguns dos itens que a VP vai conseguir fortalecer com o dinheiro do fundo?

KIDO:

  • Obter condições comerciais mais favoráveis através de pré-compra de reservas, com taxas de financiamento mais competitivas e maior prazo, revertendo em tarifas mais atrativas às agências de viagens e maior fluxo de clientes aos fornecedores do turismo através de nossa operadora;
  • Ampliação do nosso poder de pré-compra de passagens junto às companhias aéreas, também garantindo à operadora menor custo de financiamento de produtos;
  • Ter mais eficiência fiscal, ajudando a melhorar o nosso fluxo de caixa;
  • Gerar mais oportunidades para fortalecer parcerias comerciais com agências de viagens mais estratégicas do Turismo;
  • Segurança financeira a todas as operações da ViagensPromo hoje e no futuro, para continuar em crescimento sustentável;
  • Acesso a processos robustos de pagamento a fornecedores, ainda a serem implementados, e cujas adequações já estão sendo feitas em processos internos da operadora para essa transição.
PANROTAS / Filip Calixto
Renato Kido
Renato Kido

PANROTAS: Você colocou dinheiro no fundo?

KIDO: Não. Apenas assessorei o Alan para mostrar aos investidores como funciona o Turismo e como vai funcionar com o novo modelo da VP.

PANROTAS: Hoje então a VP não consegue fazer essa pré-compra que lhe garantiria melhores condições com os fornecedores?

KIDO: Não, porque nosso giro é muito alto. Mas já mapeamos fornecedores e os novos processos, o que diminuirá consideravelmente nossos custos e, na ponta, os preços dos pacotes. Os agentes de viagens vão sentir a diferença, esperamos que já em dezembro. Os produtos de 2025 já sairão nesse novo modelo.

MARGENS MAIORES

PANROTAS: A folga para baratear os pacotes, os preços em geral, vem então dessa pré-compra?

KIDO: Não só isso. A gente não ganha dinheiro na operação atualmente e sim no que tem ao redor. Por exemplo, os 2,5% da nossa maquininha. Ou quando o parcelamento for viabilizado pelo fundo, com custo muito menor. Esse dinheiro que vai sobrar para a ViagensPromo vai trazer mais rentabilidade competitividade, vai possibilitar as pré-compras...e o agente de viagens vai conseguir sentir na ponta.

VAI PARA O B2C?

PANROTAS: Você mencionou a agressividade do B2C e suas margens. O fundo pode tentar a ViagensPromo a passar a atuar no B2C?

KIDO: Somos B2B sem intenção de atuar no B2C. Mas se não mudarmos o jeito de trabalhar o B2B será difícil competir. Se a gente não oferecer preços competitivos pro agente de viagens, ele vai comprar direto. Essa mudança visa ao longo prazo do nosso negócio.

PANROTAS: A previsão então é já acessar esses recursos em dezembro?

KIDO: Sim. De 45 a 60 dias as operações do fundo já terão início e acredito que já em dezembro os produtos estejam sendo lançados já sob o novo modelo. Fizemos já mudanças internas importantes, que foram difíceis e doloridas, estamos migrando de uma empresa tradicional para uma operadora no novo modelo, e já estamos desenhando os novos processos.

Voltando à frase que abriu essa reportagem... quem vai segurar o Kido com dinheiro?

PANROTAS / Filip Calixto
Renato Kido
Renato Kido

Comunicado oficial da ViagensPromo sobre a parceria com o fundo criado por Alan Barros, da FaturePag

Renato Kido anuncia acordo estratégico com Alan Barros (Faturepag) na criação de fundo de investimentos para o Turismo

O setor de turismo está passando por mudanças no Brasil e no mundo, que abrem espaço para novas estratégias e modelos de negócios diferenciados, buscando eficiência econômica e melhores resultados às empresas do setor.

Atentos às tendências de mercado e norteados pela busca de inovação permanente, os empresários Renato Kido (fundador da ViagensPromo) e Alan Barros (fundador da fintech Faturepag) unem forças para criar ferramentas financeiras que fortaleçam o setor de Turismo, que é uma das principais economias do Brasil.

Os empresários assinaram acordo para estruturar um fundo de investimento exclusivo para o Turismo, com o objetivo de financiar reservas e melhorar as negociações da operadora VP junto a hotéis, companhias aéreas e outros fornecedores, garantindo melhores margens e rentabilidade.

Esse fundo permitirá que a ViagensPromo:

• obtenha condições comerciais mais favoráveis através de pré-compra de reservas, com taxas de financiamento mais competitiva e maior prazo, revertendo em tarifas mais atrativas às agências de viagens e maior fluxo de clientes aos fornecedores do Turismo através de nossa operadora;

• amplie seu poder de pré-compra de passagens junto às companhias aéreas, também garantindo à operadora menor custo de financiamento de produtos;

• tenha eficiência fiscal, ajudando a melhorar o seu fluxo de caixa;

• tenha mais oportunidades para fortalecer parcerias comerciais com agências de viagens mais estratégicas do turismo;

• segurança financeira a todas as operações da ViagensPromo hoje e no futuro, para continuar em crescimento sustentável;

• tenha acesso a processos robustos de pagamento a fornecedores, ainda a serem implementados, e cujas adequações já estão sendo feitas em processos internos da operadora para essa transição.

DESTAQUES:

• O acordo não altera o controle acionário das empresas, que continuam a atuar de forma independente em suas estruturas.

• A previsão é que as operações do fundo tenham início em até 60 dias.

• Para garantir o sucesso dessa iniciativa, os empresários contrataram a assessoria da Apoena Securitizadora e da Cesar Capital, especializadas em soluções financeiras estruturadas, com foco no Turismo.

• O fundo terá como cotistas bancos tradicionais de grande reputação e investidores profissionais.

• A expectativa é esse fundo movimente cerca de R$ 1,5 bilhão por ano, decorrente de transações de reservas, quando for implementado, confirmando a solidez e a confiabilidade das operações.

Para Renato Kido, fundador e sócio totalitário da ViagensPromo, essa contribuição é para o setor e não apenas à ViagensPromo, à medida em que o setor de operadoras precisa se reinventar, ir além da intermediação de tarifas e da venda de commodities, quebrar paradigmas e ser disruptivo para atingir um novo patamar de crescimento, mais sustentável e colocando o setor de Turismo em posição de destaque que merece na economia brasileira. “Esse é o objetivo deste fundo de investimentos para o Turismo”, diz Kido.

“A construção de um fundo de investimento, o FIDC – Fundo de Investimento de Direitos Creditórios, sempre foi o maior objetivo desde o início das operações da VP. Trata-se de um marco histórico, para trazer tarifas mais competitivas, ajudando cada vez mais os agentes de viagens e toda a nossa cadeia produtiva do Turismo”, diz.

Divulgação/VP
Kido e Alan Barros, no VP Experience
Kido e Alan Barros, no VP Experience

Já Alan Barros (Faturepag) menciona que “o negócio vai gerar um ciclo positivo, beneficiando a ViagensPromo, suas agências parceiras e todo o seu ecossistema de fornecedores do Turismo, com melhores resultados em longo prazo”.

O empresário cita que desde que iniciou sua parceria com a ViagensPromo, a Faturepag já processou cerca de R$ 2 bilhões em negócios com fornecedores ligados ao setor de Turismo, e que com a ativação do fundo, esse volume tende a dobrar de tamanho.

A novidade é inédita no mercado de Turismo no Brasil e segue todas as regulamentações e normas de instituições bancárias e robustez em aplicações em títulos de crédito.

É a ViagensPromo inovando mais uma vez, indo além da intermediação de tarifas para ser reconhecido como o melhor e mais confiável hub de viagens B2B do Brasil.

Renato Kido

Fundador e diretor geral da ViagensPromo

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Sobre o autor

Artur Luiz Andrade é editor-chefe da PANROTAS, jornalista formado pela UFRJ e especializado em Turismo há mais de 30 anos.