Da Redação   |   29/02/2024 17:32

Empresas estão combatendo o etarismo? Leia artigo

Luana Nogueira, diretora executiva da Alagev, discute tema


PANROTAS / Emerson Souza
Luana Nogueira, diretora executiva da Alagev
Luana Nogueira, diretora executiva da Alagev

Um estudo da Maturi com 191 empresas de 13 setores apontou que cerca de 80% das companhias afirmam não possuir políticas específicas para a contratação de 50+ em seus empreendimentos. A pesquisa enfatiza um problema: o etarismo nas empresas.

É a partir disso que a diretora executiva da Alagev, Luana Nogueira, discute como combater esse preconceito e criar uma sociedade mais inclusiva.

Esse, inclusive, foi o tema do Lacte 19, que aconteceu no Golden Hall do WTC Events Center nos dias 26 e 27 de fevereiro (confira cobertura completa aqui).

Leia, abaixo, o artigo na íntegra:

Combate ao etarismo: Desafiando esteriótipos e construindo uma sociedade inclusiva

*Por Luana Nogueira

"O etarismo é uma forma de preconceito que afeta as pessoas em todas as fases da vida. Essa discriminação baseada na idade tem impactos prejudiciais tanto na esfera pessoal quanto na profissional.

As conotações desses estereótipos negativos muitas vezes resultam em tratamentos injustos, limitação de oportunidades e isolamento. Infelizmente, principalmente no Brasil, existe uma crença de que a idade determina habilidades, inteligência ou a relevância social da pessoa.

Observamos de forma recorrente casos viralizados nas redes sociais sobre jovens estudantes universitários que debocharam em vídeo da colega que tem mais de 40 anos por querer estudar em uma faculdade.

De acordo com pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2021, o Brasil registrou 14,7% da população com 60 anos ou mais, representando 31,23 milhões de pessoas. O aumento foi de 39% em relação aos nove anos anteriores, e as expectativas são de que o País passe por uma transição demográfica e que até 2030 deverá ter a quinta população mais idosa do mundo.

Segundo o estudo da Maturi, realizado em parceria com EY Building a Better Working World, com 191 empresas de 13 setores, cerca de 80% das companhias afirmam não possuir políticas específicas para a contratação de 50+ em seus empreendimentos, e 42% não consideram diversidade, equidade e inclusão (DEI) uma prioridade na estratégia do negócio. Os temas principais, entre aqueles que possuem práticas estruturadas de DEI, são: étnico e racial (75%), pessoas com deficiência - PcDs (75%), LGBTQIA+ (64%), gênero (75%) e etário/gerações (45%).

O levantamento também revela que 88% dos participantes concordam total ou parcialmente com a afirmação de que as marcas que se prepararem para o envelhecimento estarão em vantagem; 57% das organizações pensam em ações direcionadas ao envelhecimento, como investir no recrutamento de profissionais maduros e na preparação da cultura organizacional nos próximos três anos; e 33% não praticam nenhuma ação voltada para a população madura. Já os poucos que contam com ações, são pontuais e iniciais. Apesar dos claros benefícios, apenas 26% das empresas ouvidas pelo estudo têm o tema em sua agenda estratégica, com ações em andamento ou previstas para os próximos 12 meses.

Pensando neste cenário, percebemos que muitas empresas comprometidas com princípios de Environmental, Social, and Corporate Governance (ESG) têm o interesse na promoção da diversidade, incluindo a eliminação de práticas discriminatórias como o etarismo. Por isso, o Lacte - 19ª edição, organizado por nós da Associação Latino Americana de Eventos e Viagens Corporativas (Alagev) teve como causa principal a “luta contra o etarismo”.

Com base no pilar da governança e social do acrônimo ESG, discutirmos esse tema, pois respeitamos a experiência das pessoas com mais idade e lutamos para que continuem a participar na nossa indústria, compartilhando seus conhecimentos e habilidades. Queremos incentivar um envelhecimento saudável, fazendo com que as gerações prosperem juntas.

O nosso desafio será educar e conscientizar o setor de eventos e viagens corporativas, promovendo a inclusão no mercado de trabalho, a igualdade de oportunidades, bem como programas de treinamento que reconheçam a experiência e o conhecimento acumulado. Vale ressaltar que valorizamos também a juventude, pois existem muitos preconceitos com os mais novos que ainda não têm a bagagem da experiência em seus currículos. Pensando em enriquecer essa discussão, preparamos as mentorias reversas durante o Lacte em que um profissional menos experiente assume o papel de mentor de pessoas de nível sênior. Os dois lados oferecem uma perspectiva única para a vida de ambos.

A idade não deveria ser fator determinante na realização dos nossos sonhos, e nós valorizamos e respeitamos a sabedoria e a experiência dos mais velhos e lutamos para que continuem a participar plenamente do nosso mercado, compartilhando suas histórias, conhecimentos e habilidades.

Combater o etarismo é essencial para construir uma sociedade mais justa e inclusiva. Podemos criar ambientes em que todas as gerações possam interagir de maneira significativa, além de fomentar um futuro em que a idade não seja um fator determinante na valoração de indivíduos. Ao reconhecer e enfrentar esse estereótipo, estamos promovendo um setor compassivo, diversificado e resiliente".

*Luana Nogueira é diretora executiva da Alagev

Este conteúdo é parte integrante do Anuário PANROTAS de Eventos e Viagens Corporativas 2024. Confira abaixo o conteúdo na íntegra:



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