Superexposição dos destinos on-line afeta a experiência do viajante? Especialistas opinam
No Origens, da Avant Garde, Sidney Alonso debate com Mari Campos e Alexandre Cymbalista

Abrindo a programação de painéis do Origens, o fundador da Avant Garde, Sidney Alonso, mediou um debate sobre as tendências e o comportamento do viajante contemporâneo. Mari Campos, jornalista especialista em Turismo de luxo, e Alexandre Cymbalista, diretor executivo da Latitudes, compartilharam suas opiniões acerca dos benefícios e malefícios do engajamento dos destinos nas redes sociais.
A indústria de Viagens e Turismo tem sofrido uma expansão contínua, influenciada, principalmente, pelo maior desejo de viajar. Apenas no segmento de luxo, já foram gerados mais de US$ 2 trilhões em 2025. E as redes sociais têm impacto direto nesses números.
“Se 40% dos viajantes usam as redes sociais como inspiração para viajar e 71% dos viajantes dos EUA já visitaram um destino influenciados por um criador de conteúdo, como saber se as experiências nos destinos estão sendo realmente vivenciadas ou apenas performadas?”, questionou Sidney Alonso aos painelistas.
Para Mari Campos, é inegável que as redes sociais estão influenciando as maneiras como as pessoas viajam, mas não podemos generalizar o perfil do viajante. “Não existe ‘o’ viajante, há vários perfis de viajantes, ao mesmo tempo que sim, infelizmente, há uma parcela que só viaja pelo engajamento, também há viajantes de ultraluxo, por exemplo, que buscam lugares a que ninguém está indo, que não bombam nas redes sociais”, explicou.

Alexandre Cymbalista deu o exemplo de destinos como Albânia e Lisboa que estão tomando medidas para conter o overtourism. “Na Albânia, temos visto os moradores indo embora por causa do fluxo intenso de turistas. O destino acaba perdendo seus traços regionais e virando apenas um parque de diversão para turistas. Cabe a nós, consultores de viagens, apresentar roteiros alternativos aos nossos viajantes. A Europa está insuportavelmente cheia no verão? Ofereça experiências no inverno. Mesmo em destinos extremamente populares é possível aproveitá-lo da melhor maneira”, compartilhou.
Potencial do Brasil e conceito de luxo
O mindfulness, tema central do Origens, também foi debatido pelos especialistas. O conceito tem relação com a busca por atividades que conectem corpo e mente, com a ideia de viajar devagar e valorizar o momento presente. Para o diretor executivo da Latitudes, o Brasil tem um forte potencial como destino para quem busca silêncio e reflexão, os brasileiros só ainda não perceberam isso.

"Por quê o Brasil ainda é tão pouco explorado? Nós temos um potencial turístico monstruoso. Nós somos um país tão violento quanto o México e mesmo assim perdemos no número de visitantes internacionais. Mas eu acredito que o Marcelo Freixo, com a Embratur, tem feito um ótimo trabalho na promoção do nosso país internacionalmente. Temos uma beleza colonial surpreendente, uma natureza exuberante, e mesmo assim há pessoas que já viajaram para os cinco continentes e não conhecem nada do próprio país"
Alexandre Cymbalista, diretor executivo da Latitudes.
Mari Campos completou reforçando que o silêncio tem sido cada vez mais valorizado pelos viajantes e faz parte de uma experiência exclusiva. "Todo viajante gosta de ser bem tratado, de ter uma experiência mais customizada. A maneira que eu absorvo uma experiência não é igual à maneira que outro viajante absorve. O uso das palavras Luxo e Exclusividade está bem mais complexo nos dias atuais. Afinal, o que é luxo?", refletiu.