Nathalia Ribeiro   |   13/12/2021 14:50
Atualizada em 13/12/2021 14:51

Vendas de Natal devem apresentar redução pelo 2º ano consecutivo

Mesmo com faturamento maior do que o de 2020, impacto da inflação deve frustrar lucro do varejo

Pixabay
Mesmo com faturamento maior do que o de 2020, impacto da inflação deve frustrar lucro do varejo
Mesmo com faturamento maior do que o de 2020, impacto da inflação deve frustrar lucro do varejo
Apesar da normalização do fluxo de consumidores, o volume de vendas no Natal deverá sofrer o segundo recuo consecutivo. De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a expectativa é que a principal data comemorativa do varejo brasileiro, que tem representado 22% do total das vendas de dezembro nos últimos dez anos, movimente R$ 57,48 bilhões em faturamento, apresentando um crescimento de 9,8% em relação a 2020. No entanto, o desconto da inflação leva a um ajuste na comparação que indica queda de 2,6%.

O estudo aponta a situação econômica do País como o empecilho para a construção de um cenário mais otimista mesmo com o aumento de pessoas nas ruas. De acordo com monitoramento realizado pelo Google, ao fim da primeira semana de dezembro, a circulação de consumidores em estabelecimentos comerciais superou a quantidade registrada no fim de fevereiro de 2020 (+1,9%), algo inédito desde o início da pandemia. No mesmo período do ano passado, o fluxo de pessoas se encontrava 13,4% abaixo do observado antes da crise sanitária.

Diante do contexto, a entidade projeta que o ramo de hiper e supermercados será o destaque em movimentação financeira no período, representando 38,5% (R$22,11 bilhões) do volume total de vendas. Em seguida, devem aparecer estabelecimentos especializados na comercialização de roupas, calçados e acessórios (35,3% do total ou R$ 20,28 bilhões) e as lojas de artigos de uso pessoal e doméstico (13,2% ou R$ 7,60 bilhões).

O presidente da CNC, José Roberto Tadros, avalia que a expectativa se justifica pela relevância do comércio de alimentos no faturamento anual do varejo brasileiro. “Historicamente, é o principal responsável pela geração de receitas do segmento. O ramo do vestuário aparece em seguida por ser o mais impactado pela data, apresentando, em média, crescimento de 89% nas vendas, na passagem de novembro para dezembro”, pontua.

CEIA IMPORTADA
O cenário econômico também está influenciando a origem e os valores da ceia. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior, entre setembro e novembro de 2021, as importações de produtos típicos natalinos cresceram 19% (US$ 436,1 milhões) em relação ao mesmo período de 2020 (US$ 367,2 milhões), alcançando patamar ligeiramente inferior (-1%) ao verificado durante os mesmos três meses em 2019 (US$ 439,6 milhões). A taxa média de câmbio (R$ 5,57) foi praticamente idêntica na comparação com o ano passado (R$ 5,58).

Segundo o economista da CNC responsável pela pesquisa, Fabio Bentes, a movimentação é resultado do descasamento entre os preços praticados no atacado e no varejo, nos últimos meses. “Os valores no mercado interno vêm sendo reajustados significativamente acima da capacidade de retenção de repasses pelo varejo ao consumidor final. Mas, mesmo tendo recorrido à importação para amenizar esse choque, os preços dos produtos tipicamente natalinos apontam tendência de alta”, avalia.

A cesta composta por esses itens mostra que os valores medidos por meio do Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) tendem a apresentar avanço médio de 13,8% nos 12 meses encerrados em dezembro. A única exceção é o bacalhau, que deve contar com queda de 2,6%. No ano passado, puxado pela forte alta dos preços dos alimentos para consumo em domicílio (+18,7%), o reajuste médio da cesta ultrapassou os 15%.

Presentear também deve ficar mais caro. Artigos de maquiagem (+16,4%); aparelhos de TV, som e informática (+14,1%) e artigos de cama, mesa e banho (+13,7%) pressionam o preço médio do conjunto de produtos. Apenas os aparelhos telefônicos (-1,4%) estarão mais baratos do que no ano passado.

QUEDA DA EXPECTATIVA DE CONTRATAÇÕES
As perspectivas para contratações também não estão muito animadoras, segundo a pesquisa. Apesar da expectativa da criação de 89,4 mil vagas temporárias para o Natal deste ano, contingente 31% maior do que as contratações para o atípico fim de ano de 2020, o número é inferior às 91,6 mil vagas criadas para a data em 2019.

A incerteza quanto à sustentabilidade do volume de vendas no varejo e seus impactos sobre o nível de atividade no início de 2022 levaram a CNC a rever a projeção feita há três meses, que estimava a abertura de 94,2 mil postos de trabalho temporário. A taxa de efetivação também foi revisada de 12,2% para 4,9%.

A previsão é que maior oferta de vagas (63% do total ou 56,27 mil) ocorra nas lojas de vestuário, calçados e acessórios. Em seguida, tendem a se destacar os segmentos de hiper e supermercados (16,63 ou 19% do total) e lojas de artigos de uso pessoal e doméstico (11,08 mil ou 12% do total). Regionalmente, São Paulo (25,61 mil), Minas Gerais (9,63 mil), Paraná (7,09 mil) e Rio de Janeiro (6,63 mil) oferecerão a maior parte das vagas.

Quer receber notícias como essa, além das mais lidas da semana e a Revista PANROTAS gratuitamente?
Entre em nosso grupo de WhatsApp.

Tópicos relacionados

Avatar padrão PANROTAS Quadrado azul com silhueta de pessoa em branco ao centro, para uso como imagem de perfil temporária.

Conteúdos por

Nathalia Ribeiro

Nathalia Ribeiro tem 1032 conteúdos publicados no Portal PANROTAS. Confira!

Sobre o autor

Colaboração para o Portal PANROTAS