Artur Luiz Andrade   |   23/03/2023 10:33
Atualizada em 03/04/2023 22:27

Quantos são e quanto faturam os parques temáticos e atrações no Brasil

Adibra e Sindepat encomendaram estudo setorial que mostra o tamanho desse segmento no Brasil

SETOR DE PARQUES E ATRAÇÕES NO BRASIL
89 milhões de visitantes/ano
18% de expectativa de aumento de visitantes em 2023
R$ 7,1 bilhões de faturamento
R$ 9,6 bilhões em investimentos em 63 novos projetos
R$ 3,7 bilhões em reinvestimentos nos próximos 3 anos
Mais de R$ 13 bilhões em investimentos somando os dois itens anteriores
+ de 35 mil empregos diretos e projeção de 11 mil novos postos de trabalho
+ de 130 mil empregos indiretos

+ de 500 empreendimentos identificados (veja abaixo no quadro o perfil)
Público-alvo nas classes B e C e em famílias com crianças de até 10 anos

Fonte: Panorama Setorial Sindepat, Adibra Noctua


PANROTAS / Artur Luiz Andrade
Vanessa Costa, da Adibra, Carol Negri e Murilo Pascoal, do Sindepat, e Pedro Cypriano, da Noctua, lançam o Panorama Setorial de Parques e Atrações
Vanessa Costa, da Adibra, Carol Negri e Murilo Pascoal, do Sindepat, e Pedro Cypriano, da Noctua, lançam o Panorama Setorial de Parques e Atrações

O mercado de parques temáticos e aquáticos e de atrações turísticas no Brasil ganha seu primeiro estudo setorial, com dados que vão do número de visitantes ao faturamento e os investimentos desse segmento.

Com o título de “Parques, atrações turísticas e entretenimento no Brasil – Panorama Setorial e novos investimentos”, o estudo quantifica e analisa os dados dos parques pela primeira vez no Brasil, mostrando seu potencial de crescimento e os investimentos que já estão comprometidos. O estudo foi idealizado pelo Sistema Integrado de Parques e Atrações Turísticas (Sindepat) e pela Associação Brasileira de Parques e Atrações (Adibra), e produzido pela empresa Noctua, de Pedro Cypriano, especializada em inteligência de mercado em hospitalidade e entretenimento.



NOVOS PROJETOS

O panorama identificou pelo menos 63 novos projetos de parques e atrações em estruturação no Brasil, somando investimentos de R$ 9,6 bilhões. Entre os 63 projetos, ao menos 31 têm abertura programada para este ano (alguns deles foram apresentados pelo Sindepat em seu vídeo de novos empreendimentos e atrações). Além desse montante, os parques e atrações já instalados têm reinvestimentos da ordem de R$ 3,7 bilhões para os próximos anos.

“Ao longo do ano passado, como mostra o estudo, parques e atrações recuperaram o número de visitantes, com muitos superando os índices pré-pandemia”, comenta o presidente do Conselho do Sindepat, Murilo Pascoal. “A recuperação da visitação é fundamental para a retomada dos investimentos, assim como os incentivos governamentais que ajudaram o setor a sobreviver e manter empregos no período mais duro da pandemia. O estudo nos mostra que estamos falando de um mercado anual de 89 milhões de visitantes no Brasil, com expectativa de crescimento de 18% ainda neste ano”, completa.

A presidente da Adibra, Vanessa Costa, destaca que os incentivos fiscais concedidos (pelos governos) possibilitaram a manutenção das operações das empresas do setor, a realização de investimentos e motivam, inclusive, o aumento dos volumes investidos. Os investimentos previstos acontecem em ao menos 16 Estados e devem criar 11 mil empregos diretos.

FATURAMENTO

Com faturamento de R$ 7,1 bilhões no ano passado, as empresas do setor foram divididas em seis grupos para criação do primeiro Panorama Setorial: parques temáticos; parques aquáticos; parques naturais; parques itinerantes; atrações turísticas; e FECs (centros de entretenimento familiar). “Não se trata de um censo da oferta. Mais do que dizer, neste primeiro estudo, qual é a totalidade de empreendimentos no Brasil, identificamos os 500 principais e os grandes números a eles relacionados. Nosso estudo considerou essas seis categorias, com grande diversidade entre si”, conta o fundador e managing partner da Noctua, Pedro Cypriano.

ONDE ESTÃO

As mais de 500 empresas identificadas no estudo espalham-se por 24 Estados, com predominância na região Sudeste (44%); e também no Nordeste (23%) e Sul (17%).

Responsável por 35 mil empregos diretos, o setor é fortemente impactado pela sazonalidade, chegando a contratar outros 13 mil funcionários temporários nas altas estações.

Segundo estimativas do Sindepat e da Adibra, o setor responde por mais de 130 mil empregos indiretos. “Também temos uma importância significativa na entrada de jovens no mercado de trabalho, o que nos traz a responsabilidade da capacitação de mão-de-obra”, acrescenta a presidente da Adibra, Vanessa Costa.

NEGÓCIOS COMPLEMENTARES

Um dos dados apontados pelo estudo é a confluência de entretenimento com outros negócios, uma vez que 25% da oferta analisada (com exceção das FECs e dos parques itinerantes) está atrelada a algum negócio complementar, como hotelaria, timeshare ou multipropriedade. “A sinergia entre os diferentes modelos de negócio é notória e tem propulsado inúmeros investimentos no Brasil, como mostra o perfil dos futuros investimentos”, analisa Cypriano.

DEMANDA

Em relação ao perfil da demanda (dos 89 milhões de visitantes), as famílias com crianças ou jovens de até 17 anos representam 41% das respostas dos parques fixos e atrações turísticas e 52% das FECs e dos parques itinerantes. Nesses, até 58% têm renda familiar de até R$ 7 mil, enquanto nos parques fixos e atrações esse índice é de 51%. Enquanto os parques fixos têm 58% das respostas de visitantes regionais e nacionais (distância superior a 100 quilômetros do projeto), 58% das respostas das FECs e parques itinerantes é local.

Como comparação, os dez maiores grupos de parques e entretenimento do mundo receberam mais de 520 milhões de visitantes em 2019.

ATÉ R$ 13 BILHÕES

Entre novos projetos e novas atrações nos empreendimentos já instalados, o montante de investimentos apontado pelo estudo ultrapassa os R$ 13 bilhões. “Nossa indústria vive de inovação. São as novidades que garantem o retorno dos visitantes, por isso muitos dos parques e atrações já têm investimentos programados no médio e longo prazo”, explica Murilo Pascoal. Segundo o estudo, a média de reinvestimento nos parques e atrações instalados corresponde a aproximadamente 7% do faturamento anual das empresas para os próximos três anos.

A pesquisa aponta ainda que a confiança no setor é alta, mas o cenário macroeconômico pode ser um risco. “É alta a crença no potencial do setor de parques, atrações turísticas e entretenimento no Brasil. No entanto, alguns fatores também preocupam os empresários, com destaque à disponibilidade de mão de obra qualificada e às incertezas macroeconômicas”, avalia o managing partner da Noctua. “Volume de visitantes, poder de consumo e infraestrutura do País tiveram notas moderadas, com potencial de melhoria”, completa.

PERSPECTIVAS

Do total de projetos em desenvolvimento, aproximadamente a metade terá abertura até 2023. Dentre eles: 13 parques, entre aquáticos e de diversão/temáticos; 7 atrações turísticas, como rodas gigantes, tirolesa e teleféricos; 8 parques naturais; e 3 FECs. Em razão do funding não totalmente equacionado para todos os projetos, parte das aberturas pode ser reagendada.

“Com a pandemia controlada, 2023 será o primeiro ano após 2019 sem restrições sanitárias de viagens e possível distanciamento social. Logo, o número de visitantes tende a ser o principal driver de crescimento do setor. Com o dólar ainda alto, as viagens domésticas também estimularão um maior volume de consumo de entretenimento pelo País. Novos investimentos em atrações e o crescimento de visitantes em parques recém-abertos também estimularão demanda adicional ao setor”, conclui o estudo.

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Sobre o autor

Artur Luiz Andrade é editor-chefe da PANROTAS, jornalista formado pela UFRJ e especializado em Turismo há mais de 30 anos.