Por Carla Lencastre, especial para a PANROTAS

A primavera carioca finalmente deu as caras do terceiro dia da Rio Innovation Week (RIW), uma das principais feiras de negócios de inovação e tecnologia da América Latina. Céu azul e sol forte receberam expositores e visitantes no evento que termina dia 11 no Píer Mauá, na zona portuária no Centro do Rio de Janeiro, às margens da Baía de Guanabara. A RIW ocupa uma área de 50 mil m² dividida por diferentes setores da economia.

O Turismo tem um espaço exclusivo no Armazém 1, com 4 mil m² e curadoria da Secretaria estadual de Turismo (Setur RJ). A TurisTech Zone abriga estandes como os da CNC, da Riotur e da própria Setur; de atrativos turísticos da cidade, entre eles o AquaRio, e de startups de diferentes áreas ligadas ao setor de Viagens e Turismo, como empresas de conectividade, gestão hoteleira e segurança.

Com em todas as mais de 30 áreas da feira, a TurisTech Zone oferece uma extensa programação de painéis sobre inovação com grandes players do mercado trazendo informações e reflexões, pontuando desafios e destacando novas oportunidades de negócios. Na manhã do dia 10, uma das apresentações mais concorridas foi a de Daniela Araujo, diretora de produtos aéreos da Decolar, uma das empresas líderes em viagens na América Latina, com nove diferentes marcas. No painel “O presente e o futuro das compras das viagens digitais”, Daniela trouxe números e análises de diferentes fontes para exemplificar a transformação pela qual o Turismo vem passando desde o início da pandemia.

“O Turismo no Brasil tem a capacidade de desenvolver regiões além das capitais”, disse Daniela. “Por isso, amo falar sobre inovação no Turismo porque acredito que é um ótimo jeito de fomentar o desenvolvimento econômico e social do país.”

Como em outros painéis da TurisTech Zone, a importância de o Turismo se dedicar cada vez à inteligência de dados foi um dos destaques da apresentação de Daniela:

“Quase metade das pessoas que entram no site da Decolar não sabem para onde querem ir. Analisando os dados de busca, conseguimos medir as tendências do Turismo. Dos 57% que sabem o destino, apenas 8% já decidiram o hotel. Há muito espaço para direcionar o cliente.”

A diretora da Decolar compartilhou também um case da empresa que ilustra de maneira prática como a tecnologia pode ser aliada dos negócios do setor de Turismo:

“Aproveitamos o time de tecnologia, que estava ocioso no início da pandemia, para resolver um problema operacional, a demanda de informações sobre as regras de entrada em cada país conforme as fronteiras foram reabrindo. Redesenhamos o atendimento ao cliente criando uma landing page com os requisitos para viajar pelo mundo. E, depois, rentabilizamos, impactando o visitante com informações de venda o país que ele estava procurando. Fizemos parcerias com startups, empresas disruptivas, para enxergar e desenvolver soluções rápidas”.

Na Decolar, segundo Daniela, as reservas brutas aumentaram 129% no segundo trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2021, refletindo uma demanda no mesmo nível do segundo trimestre de 2019: “O volume de transações cresceu 65% em relação ao segundo trimestre de 2021 e atingiu 90% do registro do segundo trimestre de 2019.

O viajante em 2022

E neste final de 2022, o que busca o viajante? Daniela destacou três grandes tendências gerais: digitalização, personalização e experiência de consumo.

“Dados do Adobe Digital Economy Index mostram que comércio digital cresce 76% ao ano em todo o mundo. De 2019 a 2021, as compras online na América Latina dobraram, passando de US$ 3,9 bilhões para US$ 8 bilhões. Já um estudo da OpenText mostra que a pandemia mudou significativamente os valores e expectativas dos clientes em relação às marcas. Os consumidores entenderam que a personalização da experiência digital é fundamental, a pandemia elevou as expectativas. E os dados da Shoppers Consulting revelam que 49% dos consumidores estão dispostos a oferecer informações pessoais em troca de experiências de compra inovadoras e inesquecíveis. As soluções para atender a todas estas demandas são inteligência artificial e tecnologia em geral. Temos que inovar oferecendo inovação.”

Quanto aos desafios e oportunidades, Daniela ressaltou também três pontos principais: omnicanalidade, conexão e sustentabilidade:

“É fundamental estar presente em todos os canais possíveis, o site e o aplicativo têm que conversar. É importante aproveitar o momento. Promoções, desconto e financiamentos são incentivos essenciais porque oportunidade é o que motiva os viajantes. E já passou muito do tempo de achar que conservar o planeta era questão de bondade. Promover sustentabilidade e responsabilidade social, e comunicar o que a empresa está fazendo, beneficia a marca e hoje é um dos principais focos de escolha do cliente”.