Luiz Felipe Simões   |   14/04/2025 15:02

Samba e tecnologia são destaque em talk show na WTM Latin America

Milton Cunha, Angelina Basílio e Solange Cruz destacam o papel das escolas de samba na cultura

PANROTAS / Emerson Souza
O carnavalesco Milton Cunha, Solange Cruz, da Mocidade Alegre,  a professora e pesquisadora Claudia Alexandre, e Angelina Basílio  Rosas de Ouro
O carnavalesco Milton Cunha, Solange Cruz, da Mocidade Alegre, a professora e pesquisadora Claudia Alexandre, e Angelina Basílio Rosas de Ouro

Corredores lotados, expositores em ação e o trade turístico unido: foi assim que começou a WTM Latin America 2025, em São Paulo. A feira, que vai até quarta-feira (16), promete ser ainda maior do que a edição de 2024, que reuniu mais de 29 mil profissionais do Turismo, 797 marcas expositoras e representantes de 41 países.

Após a abertura, aconteceu um talk show com o carnavalesco Milton Cunha; a professora e pesquisadora Claudia Alexandre; Solange Cruz, presidente da Mocidade Alegre; e Angelina Basílio, presidente da Rosas de Ouro. O grupo participou de um bate-papo sobre tecnologia, inovação e cultura.

Cunha abriu o encontro fazendo um paralelo sobre a importância cultural do samba. “O samba é um valor cultural do povo brasileiro, e, em uma feira que trabalha o Turismo, o samba é perfeito para sua abertura”, afirmou.

Carnaval e tecnologia

O carnavalesco destacou o papel das escolas de samba como centros de conhecimento e transformação. “É importante sair da caixinha e entender que samba é cultura. Escola de samba é mais que Carnaval, é também tecnologia. São territórios negros que ainda persistem, que representam processos históricos e de ressignificação da vida”, explicou.

A presidente da Rosas de Ouro, Angelina Basílio, trouxe a perspectiva da tecnologia no processo criativo e na organização das escolas. “A tecnologia faz parte de todo o processo, inclusive nos carros alegóricos. Podemos ver nossas alegorias digitalmente em 360 graus”, contou.

Segundo ela, a Rosas de Ouro já explorou bastante esse recurso em desfiles anteriores. Angelina também destacou o papel das redes sociais na conexão com o público. “Mesmo sem conquistar títulos nos últimos 15 anos, eu era muito procurada. As redes movimentam tudo dentro da escola de samba”, observou.

Milton reforçou que a conexão das escolas com as redes sociais também é parte dessa transformação. “A tecnologia digital aproximou ainda mais os componentes das escolas e o público. As redes são hoje palco de diálogo, memória e mobilização.”

Solange Cruz, presidente da Mocidade Alegre, também destacou o uso da tecnologia nas alegorias e nas operações da escola. “Temos luzes que criam o efeito de carros flutuando. Mas ainda falta verba para investir mais em tecnologia”, afirmou. Ela comentou ainda sobre a estrutura da bateria da escola, com mais de 200 integrantes, e relembrou o momento em que os ritmistas fizeram um “terço” na avenida — uma alusão à força espiritual presente na performance. Como exemplo de inovação, Solange citou o uso de um aplicativo exclusivo da escola para se comunicar diretamente com os integrantes, facilitando a logística e a troca de informações.

Turismo

Ao final do talk show. Cunha destacou que os turistas não só contemplar o samba, eles querem viver e esperiênciar. " Ele quer comer a feijoada no barracão, olhar o desfile por dentro.

Durante sua participação no painel, a jornalista e pesquisadora Cláudia destacou como as escolas de samba podem se tornar polos permanentes de cultura, memória e experiências para o Turismo — especialmente fora da temporada do Carnaval.

“Esse é o lado bom do Carnaval, como nos ensinou o senhor Eduardo Basílio, presidente da Camisa Verde e Branco. Ele foi um dos primeiros a mostrar para nós e para outros sambistas como as escolas de samba poderiam ser também centros de informação e experiências para turistas — não apenas estrangeiros, mas também aqueles que visitam São Paulo durante o ano, quando a cidade costuma ficar mais vazia”

Professora e pesquisadora Claudia Alexandre

Segundo Cláudia, a ideia surgiu a partir de conversas e vivências em outras regiões. “Eu sou jornalista e cobria o Carnaval fora de São Paulo. Percebi que havia ali um espaço para pensar o Carnaval como algo que pode ser vivido durante o ano inteiro. As escolas de samba são grandes produtos culturais e podem estar presentes em diversas rotas turísticas”, afirmou.

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Sobre o autor

Formado em Jornalismo pela ESPM-SP, Luiz Felipe Simões já atuou em diversas áreas da comunicação, da assessoria de imprensa às agências de publicidade. Com passagem pelo Estadão Investidor, o jornalista tem experiência na cobertura de temas como finanças e investimentos. Atualmente, é responsável pela produção de branded contents, pelas redes sociais e por algumas funções de repórter