Tenho cada vez mais me surpreendido com a quantidade de pessoas ou agências que apresentam o planejamento estratégico de seus clientes com uma longa lista de ações, dentre as quais, surge em destaque a “criação de embaixadores da marca”. E não estou aqui falando de George Clooney tomando Nespresso. Querem vender a ideia de que consumidores podem se tornar defensores de uma marca, assim como a Apple criou seus fanboys, da noite para o dia.

Para mim, fica a impressão de que a criação de embaixadores da marca virou o novo “vídeo viral”, onde o planejador lista ações que já inferem o resultado, como se fosse mesmo possível saber se um vídeo irá ou não viralizar nas redes. Posso apostar que a maioria das pessoas que viram seus vídeos se espalhando como uma tsunami pela internet, jamais imaginaram que isso aconteceria da forma como aconteceu.

Da mesma forma, a construção de embaixadores ou advogados de uma marca não acontece em um toque de mágica. Imagine o gerente de comunicação anunciando para toda a equipe: “– Ok, amanhã criaremos os embaixadores para defender nossa marca nas redes sociais...” Tá, senta lá Cláudia. Essa construção, como o próprio nome diz, não acontece da noite para o dia, ela é o resultado de um processo muito mais longo e complexo, que precisa começar pela base.

E sabe qual é a base? Ela é um bom produto, um bom serviço, um competente atendimento do consumidor etc. Não há como inventar essa balela de “embaixador da marca” enquanto o seu produto é ruim, enquanto os consumidores procuram por atendimento e são empurrados de um lado para o outro sem ter o seu problema resolvido.

O que eu quero dizer é que não dá para agências de comunicação, sejam elas digitais ou off-line, prometerem resultado como parte da ação. Conquistar advogados espontâneos para uma marca é apenas a ponta do iceberg e precisa de muito mais que uma “promessa” dentro de um planejamento estratégico.

Por isso, da próxima vez que alguém lhe disser que uma das ações de seu planejamento estratégico é criar embaixadores para sua marca, deixe a vaidade de lado e pergunte-se primeiro se o seu produto merece embaixadores.

Agora, se você já tem um bom produto, mas ainda acha lamentável que poucas pessoas falem sobre sua marca, pense em estabelecer conversas nas redes: fale sobre o seu produto, saiba ouvir o que o seu cliente tem a dizer, estimule a interação, ofereça conteúdo de qualidade e faça com que ele se sinta parte da construção da sua marca. Não é tudo, mas pode ser um bom primeiro passo até que as pessoas comecem a vestir a sua camisa.

Gavroche Fukuma, Especialista em Comunicação Corporativa e Mídias Sociais


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