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Karina Cedeño   |   03/02/2016 17:01

Conheça as cidades que melhor empreendem no Brasil

Diante de um cenário econômico em que menos de 1% das empresas do Brasil consegue crescer acima de 20% ao ano por três anos consecutivos (as chamadas scale-ups), saber empreender torna-se um valioso diferencial, ainda mais quando o assunto é emprego.

PANROTAS / Emerson Souza
São Paulo lidera o ranking como a cidade brasileira que melhor sabe empreender
São Paulo lidera o ranking como a cidade brasileira que melhor sabe empreender
Diante de um cenário econômico em que menos de 1% das empresas do Brasil consegue crescer acima de 20% ao ano por três anos consecutivos (as chamadas scale-ups), saber empreender torna-se um valioso diferencial, ainda mais quando o assunto é emprego.

Apesar de representarem uma pequena porcentagem, as scale-ups são responsáveis por gerar mais de 40% dos novos empregos na economia brasileira, e criam quase 100 vezes mais empregos do que a média das empresas no País, fator que se torna relevante diante do déficit de mais de um milhão de empregos registrado no ano passado.

Partindo dessas perspectivas, torna-se mais do que necessário destinar maior atenção a estas empresas, fazendo com que seu desenvolvimento seja estimulado, e este foi um dos motivos pelos quais a Endeavor Brasil promoveu o segundo Índice de Cidades Empreendedoras 2015 (ICE2015), visando identificar as principais forças e os desafios de cada cidade para que os gestores públicos e as organizações de apoio (universidades, empreendedores, mídia) possam agir de forma precisa.

O estudo foi realizado com 32 cidades brasileiras de 22 Estados e, com exceção da região Norte, onde são analisadas apenas Belém e Manaus, todos os Estados das demais regiões foram representados ao menos por suas capitais. Além da maior abrangência geográfica, juntas, essas cidades representam também mais de 41% das scale-ups do País, e cerca de 37% do PIB nacional.

Confira o ranking:



A MEGALÓPOLE NO TOPO
São Paulo lidera o ranking das melhores cidades empreendedoras do Brasil, com pontuação 8,4, beneficiando-se de sua potência econômica e destacando-se em itens como pilares de mercado, acesso a capital e infraestrutura, além de apresentar resultados consistentes também em inovação.

Por ser o centro financeiro do País e ter o maior mercado consumidor, a cidade torna-se atraente aos olhos dos empreendedores de alto impacto.

Já Florianópolis, que ficou com a segunda colocação e nota 8,3, repete os resultados estruturais positivos apresentados no estudo de 2014, como capital humano e inovação. A cidade é considerada um exemplo de planejamento por saber mensurar a importância dos formuladores de políticas públicas para o desenvolvimento econômico, institucional e social.

MAS AFINAL, O QUE FAZ UMA EMPRESA CRESCER?
O estudo lista sete fatores determinantes do crescimento das empresas em uma cidade brasileira, sendo eles:



Ambiente regulatório – envolve todas as regras e as obrigações a que todo empreendedor está sujeito. Destacaram-se neste quesito Goiânia, com nota oito, seguida por Campo Grande (7,5) e João Pessoa (7,2).

Goiânia, assim como em 2014, não tem um indicador sequer abaixo da média das 32 cidades analisadas, e isso se percebe, principalmente, no tempo de regularização de um imóvel: 96 dias, contra a média de 152.

Já no quesito Tempo de Abertura de Empresas, a capital goiana também continua mais rápida do que a média: são necessários 100 dias, contra os 129 da média.

A cidade de Campo Grande, segunda colocada, destaca-se por apresentar impostos não tão altos e mais simples de serem pagos, em relação às demais cidades. São 2,8 obrigações acessórias, em média, enquanto há cidades, como Brasília e Maceió, que ultrapassam seis documentos a serem preenchidos.

É interessante observar, porém, que as cidades onde é mais rápido abrir uma empresa - Uberlândia (4ª colocada no Índice de Ambiente Regulatório) e Belo Horizonte (22ª) - não estão entre as melhores, o que demonstra que facilitar a abertura de empresas é só o primeiro passo.

Infraestrutura: - A avaliação se deu por meio de indicadores divididos em dois grupos: o primeiro diz respeito ao transporte interurbano, que compreende a disposição das rodovias, aeroportos e a distância até os portos, enquanto o segundo está relacionado às condições urbanas, que incluem segurança e a conexão à internet rápida - além do custo dos serviços, representado pelas condições imobiliárias e pelo gasto com energia elétrica.

A cidade de São Paulo lidera a pontuação deste quesito, com 8,2, seguida por Sorocaba (7,3) e Joinville (7,2). Esta última, por exemplo, destaca-se por ter o terceiro melhor preço médio do metro quadrado (mais de R$ 2,7 mil), enquanto a média das 32 analisadas é de mais de R$ 4,3 mil)

Mercado - Assim como ocorreu em 2014, a metrópole paulista apresentou o melhor resultado final neste pilar, com nota 7,6. E não é para menos: o PIB paulistano é de aproximadamente R$ 500 bilhões, o que representa mais de 10% da produção nacional.

Já Manaus, que ficou com a vice-liderança e nota 7,54, destaca-se principalmente por conta da concentração de grandes empresas na Zona Franca (a proporção entre grandes e médias empresas é de um para três, enquanto a proporção nas demais cidades é de um para cinco), além do valor médio das compras feitas pelo governo municipal, 70% superior à média das demais cidades.

A terceira posição do ranking ficou com Brasilia, que obteve nota 7,53.

Acesso ao capital - Leva em conta fatores como Operações de Crédito por município (em relação ao PIB), e Capital poupado per capita.

São Paulo lidera este ranking, com nota 9,7, seguida por Porto Alegre (7,7) e Belo Horizonte (7,5).

A cidade paulista empresta mais de 22 vezes o valor do seu PIB todos os anos (são R$ 11 trilhões em empréstimos), quase 50% mais (proporcionalmente) do que a segunda colocada, Porto Alegre, que quase empatou com Belo Horizonte. As cidades apresentam bom equilíbrio de resultados em todos os indicadores coletados. No caso específico de Porto Alegre foi registrado o maior capital poupado per capita da pesquisa (R$ 35,3 mil).

Inovação - A medição da inovação pode ocorrer com a análise de dois conceitos: os inputs (insumos para a inovação acontecer) e os outputs (resultados da inovação).

Neste aspecto, Florianópolis ficou com a primeira posição, com nota 7,9, seguida pelo Rio de Janeiro (7,8) e São Paulo (7,6). A primeira colocada lidera a disponibilidade de mestres e doutores na área de Ciência e Tecnologia (C&T), com uma proporção de 18 pesquisadores na área para cada 100 empresas - isto é mais do que o dobro da média (8). A cidade também apresenta a segunda maior proporção de empresas de tecnologia em relação ao total, com 2,5% - a média das 32 cidades gira em torno de 1,7%.

Já o Rio de Janeiro, que registra ótimos indicadores de insumos à inovação, destaca- se pela infraestrutura tecnológica, com diversos parques tecnológicos, Institutos Senai de Inovação e Tecnologia, entre outros agentes. O volume de investimentos do BNDES e da Finep (com sede na cidade, assim como o INPI) realizados na capital fluminense também é destaque: com média de R$ 8,6 mil por empresa, o Rio ocupa a quinta colocação neste quesito.

A terceira colocada no pilar de Inovação, São Paulo, é a cidade que tem os melhores outputs. Ela concentra a terceira maior proporção de novas empresas de tecnologia e muitas empresas da economia criativa (sendo esta uma característica comum às líderes da inovação).

Capital Humano - Foram selecionados dois tipos de indicadores educacionais: de fluxo, que mostra a atual qualidade do ensino das cidades, e de estoque, que apresenta as características de formação da população adulta.

Neste ranking, destacaram-se Florianópolis, com nota 8,9, seguida por Vitória (7,8) e Belo Horizonte (7). Em quatro dos nove indicadores avaliados, a cidade catarinense possui os melhores resultados entre todas as 32 cidades analisadas: nota média dos estudantes no Enem (560,5 pontos, em comparação à média de 525,5 pontos), proporção de adultos com ao menos Ensino Médio Completo (68,8%, frente aos 56,1% da média), proporção de adultos com ao menos Ensino Superior Completo (36,4%, quase o dobro da média) e proporção de alunos em cursos superiores de alta qualidade (59,8%, muito acima da média de 22,7%).

Vitória e São José dos Campos também possuem uma boa combinação de mão de obra qualificada: quase um em cada quatro adultos capixabas têm Ensino Superior (30,4%), o segundo melhor resultado do estudo.

Cultura empreendedora - Diz respeito ao conjunto de comportamentos e atitudes de uma sociedade específica em relação ao empreendedorismo.

Lideram o ranking Natal, com nota 7,4, seguida por Maringá (7,3) e Teresina (7,3). Em Natal, por exemplo, 80,7% dos entrevistados concordam com a afirmação de que “empreendedores bem-sucedidos são respeitados na cidade” (a média do estudo é 71,3%).

Em Maringá, a ideia de que “empreendedores exploram seus funcionários” é negada pela maioria da população 56,7% discordam parcial ou
totalmente da afirmação, enquanto a média nas 32
cidades é 50,3% (cerca de 29%, em média, nem
discordam nem concordam).

CENÁRIO INTERNACIONAL
Ainda que neste estudo vários aspectos positivos das cidades brasileiras sejam destacados, em diversos rankings internacionais o Brasil é frequentemente colocado, não de maneira injusta, entre as últimas colocações.

Por exemplo, no Índice Global do Empreendedorismo, o País aparece na 92ª colocação, entre 132 países analisados, o que demonstra um fato inegável: há ainda muito o que melhorar.

Para acessar o Índice de Cidades Empreendedoras 2015 completo, acesse este link.

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