Henrique Santiago   |   14/12/2015 17:12

ESPECIAL MARIANA: patrimônio histórico tomado por lama

o secretário adjunto de Cultura, Turismo e Desportes da cidade, José Luiz Papa destacou a importância de Mariana movida pela mineração e pelo turismo. Mas ele centralizou a relevância ao deixar de lado Bento Rodrigues, o distrito atingido pelos rejeitos da Samarco.


A Igreja de São Bento antes da tragédia (Reprodução: Google)

O secretário adjunto de Cultura, Turismo e Desportes da cidade, José Luiz Papa destacou a importância de Mariana movida pela mineração e pelo Turismo. Mas ele centralizou a relevância ao deixar de lado Bento Rodrigues, o distrito atingido pelos rejeitos da Samarco.

Os pouco mais de 600 moradores do vilarejo tinham uma infinidade de material histórico. Datada de 1718, a Capela de São Bento não foi perdoada pelos efeitos do desastre. Sua pequena estrutura abrigava centenas de peças sacras.

Para minimizar a perda, o Ministério Público de Minas Gerais promoveu a operação S.O.S. Patrimônio para vasculhar e resgatar objetos soterrados na pequena igreja e também nas capelas de Mercês, Santo Antônio e Nossa Senhora da Conceição.

Em meio ao caos que se instalou em Mariana, após o rompimento da barragem do Fundão, uma surpresa: mais de 300 artigos históricos estão em recuperação. A Samarco, protagonista do ocorrido, terá de arcar com a preservação do suspiro de arte em Bento Rodrigues. O Centro de Conservação e Restauração da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (Cecor-UFMG) avaliou o estado dos artefatos.


O que restou da Igreja de São Bento (Foto: Cecor-UFMG)

Segundo a diretora da instituição, Bethania Veloso, ainda há uma infinidade de peças perdidas debaixo da lama tóxica entre as que jamais serão vistas novamente. “Essas igrejas perderam obras do século 18. O pior é a perda da identidade e da cultura de uma comunidade que está debaixo da lama”, lamentou ela.

Desde o crime ambiental, porém, a secretaria municipal de Cultura, Turismo e Desportos de Mariana não se movimentou para realizar qualquer ação específica para reavivar o Turismo na região ou se preocupou em resguardar o restante da história de Bento Rodrigues.

“Não vamos nos preocupar com o patrimônio de Mariana agora. Já temos trabalhado há anos e não há por que criar nenhuma ação específica. Nossa preocupação é com o turista”, enfatizou o secretário adjunto do órgão, José Luiz Papa.

Ao ser questionado sobre o que, de fato, a secretaria tem feito em prol do desenvolvimento do turismo em Mariana, Papa se esquivou. Em vez de elencar ponto a ponto das ações, o político afirmou que seria melhor visitar a sede e apresentar pessoalmente as melhorias feitas ao longo dos últimos anos.


(Foto: Cecor-UFMG)


(Foto: Cecor-UFMG)


(Foto: Cecor-UFMG)

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