PANROTAS Brasília   |   03/09/2007 19:20

Gerente conta como foi expulsão de hóspedes no DF

Gerente conta como foi expulsao de hospedes no DF BRASILIA — O diretor geral do Hotel Nacional, Mauro Juca, concedeu nesta segunda-feira ent

BRASÍLIA — O diretor geral do Hotel Nacional, Mauro Jucá, concedeu nesta segunda-feira entrevista ao Site PANROTAS sobre os acontecimentos do último sábado, quando 310 hóspedes tiveram de deixar o local, por conta de uma liminar obtida pela empresa Security Holding Investiments, ligada ao Banco Rural – derrubada horas depois. O Hotel Nacional é um dos mais tradicionais de Brasília. “Sitiaram o hotel com um aparato de seguranças, foi uma atitude violenta”, resume.

Crianças de até cinco anos – em possível desrespeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente, fora o Código de Defesa do Consumidor - e senhoras de idade foram intimadas logo às 6h a deixar o estabelecimento, em uma cena onde, segundo ele, estavam “mais de 60 seguranças”. “É claro que cumpriríamos o mandado judicial. Fizeram isso para intimidar os hóspedes.”

A liminar obtida contra o grupo Canhedo, que administra o hotel, foi obtida por conta de uma dívida mensal de R$ 1,2 milhão. Segundo os promotores da 16ª Vara Civil do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, há três anos os atuais administradores não pagam esse valor.

Com bilhetes colocados embaixo da porta, desde as 5h50 do sábado, os hóspedes foram sendo intimados a deixar o local. Há 13 anos no hotel, Jucá conta que recebeu o comunicado do oficial de Justiça às 5h55. “Não deixaram ninguém tomar café-da-manhã. O aparato intimidava, deixava todo mundo perplexo, atônito.”

Segundo o gerente, eram várias as empresas de segurança contratadas para a interdição do hotel. Ele diz que alguns dos agentes não estavam uniformizados. “Queriam lacrar o hotel até o meio-dia. Extrapolaram o que o juiz havia determinado, que o procedimento deveria ser realizado com o mínimo de constrangimento aos hóspedes”.

Os hóspedes estão instruídos a procurar o Procon, por conta de uma quebra de contrato entre eles e o estabelecimento. A direção poderá ser vítima de uma ação penal por conta do ocorrido. “Agora cabe à área jurídica decidir o que vai fazer”, diz Jucá. “Só o futuro dirá o que vai acontecer”.

Ele alega que os bens do hotel ficam indisponíveis por conta da prioridade dada à Justiça do Trabalho. O hotel pertence ao acervo patrimonial da Vasp, em regime de recuperação judicial.

O hotel, segundo o gerente, voltou a funcionar normalmente ainda no próprio sábado. “Os funcionários (são 340) voltaram espontaneamente, após a liminar ser suspensa, e uma hora e meia depois todo o hotel estava funcionando como se nada tivesse ocorrido”, diz. “Hoje (segunda-feira) ele está com 96% de ocupação, e previsão de lotação completa até o fim de semana, inclusive do espaço para eventos”.

Jucá acredita que, para a situação chegar onde chegou, haja “interesse de grupos em negociação com o Banco Rural”. “Fico tentado a imaginar isso”, afirma. Sobre o Banco Rural, ele apenas diz que costuma obter informações do banco “pelos jornais”.

Egresso da aviação comercial (Cruzeiro do Sul, Vasp), ele comparou a situação no sábado a um clima de aeroporto em dias de overbooking. “Não fiquei nervoso porque já enfrentei acidentes aéreos, portanto vamos engrossando a pele. Não se perde a sensibilidade, mas se aprende a lidar com o stress.”

O gerente ainda não recebeu manifestações de solidariedade de parceiros, mas muitas, diz, dos próprios hóspedes. “Eles gostam do hotel, dos funcionários, do atendimento, não vão deixá-lo”, acredita.

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