Felippe Constancio   |   11/07/2016 09:26

RJ prevê hotelaria em alta nos próximos 5 anos

Setor hoteleiro vê pós-Olimpíada com otimismo com base em esforços permanentes na atração de turistas, dólar favorável a estrangeiros e perspectivas de melhora no cenário político do País


Do DW

Localizada em um Estado em situação de calamidade pública, com alertas de potencial ameaça terrorista e aparições diárias nos noticiários policiais (até com cartazes de "bem-vindo ao inferno"), a hotelaria carioca está confiante sobre o futuro. Ainda que a cidade do Rio de Janeiro esteja prestes a oferecer os Jogos Olímpicos em um período conturbado, as expectativas do setor público e privado são otimistas. O Comitê Olímpico Internacional (COI), por exemplo, prevê que a quantidade de turistas na cidade pode chegar a um milhão com o evento.

Mas e depois que o evento acabar? Pode-se esperar um déjà vu do pós-Copa apocalíptico vivido por cidades como Manaus, Belo Horizonte e Cuiabá? Na última semana, Salvador anunciou sua pior ocupação hoteleira em 30 anos, com 12 hotéis fechados e 16 mil pessoas demitidas no setor nos últimos dois anos.

Pelo menos ao setor hoteleiro, no caso do Rio de Janeiro, as respostas para estas perguntas são animadoras. Ao contrário do legado da Copa, os Jogos Olímpicos têm tudo para colocar a Cidade Maravilhosa no radar de muito mais turistas internacionais. Para o setor, a perspectiva positiva se apoia no comportamento do dólar, no histórico pós-olímpico de cidades-sede, na melhora da crise política em Brasília e na marca "Rio", consolidada por meio de um marketing permanente voltado à atração de estrangeiros.

"Todas as cidades que sediaram os Jogos Olímpicos tiveram crescimento médio de 25% depois do evento nos cinco anos posteriores", observa o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio de Janeiro (ABIH-RJ), Alfredo Lopes. Para ele, o Rio tem uma capacidade de atração e planejamento estratégico que outras cidades-sede da Copa do Mundo não tinham. "Elas aumentaram a oferta, mas não a captação de eventos. O Rio ficou muito tempo com o número de hotéis congelado, com um novo a cada cinco anos. Agora temos uma marca internacional forte, que é a 'Rio', junto com oferta qualificada e o segundo maior calendário de grandes eventos que uma cidade já teve, Pan Americano, Copa das Confederações, Copa, Rio+20...".

Paralelamente a uma capacidade em torno dos 58 mil leitos, a cidade tem à frente uma grande exposição nacional e internacional nos próximos dias. "Nossa grande oportunidade é o mercado internacional porque o dólar está favorável (à vinda deles) e porque estamos muito aquém do nível do Brasil", aponta o executivo. "Há 30 anos recebemos menos de seis milhões de estrangeiros no Brasil e 34% passam pelo Rio. Historicamente, Buenos Aires já recebeu mais turistas que todo o País".

CRISE E OPORTUNIDADES
Para os próximos anos, o setor hoteleiro da cidade espera absorver um contingente maior de turistas por meio de parcerias com o empresas do setor privado em diversos nichos. Lopes lembra que a associação tem mostrado sucesso na facilitação da vinda de visitantes com eventos e ações com linhas aéreas.

Segundo ele, estes trabalhos ganharão mais força com a melhora do contexto político nacional. "O mercado nacional está sentido a crise. Achamos que na hora que a crise política se resolver, a economia vai melhorar e haverá entrada de um capital estrangeiro que no momento espera segurança. O cenário, dentro da crise, no caso do nosso segmento, é de grandes oportunidades", acredita Lopes, que pontua a absorção de mão de obra ainda no período de preparação para a Olimpíada.

"Foi uma oportunidade de assimilar a mão de obra que veio da construção civil, arrumadeiras e serviços gerais, além de renovar o parque hoteleiro com empreendimentos de grandes marcas que deram seus cursos e treinamento interno".

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