Alex Souza   |   13/02/2015 13:15

Abav-DF: compra direta pelo governo atropela legislação

O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão publicou ontem (12) a instrução normativa com as regras para a compra direta de passagens aéreas por parte do governo

O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão publicou ontem (12) a instrução normativa com as regras para a compra direta de passagens aéreas por parte do governo. O setor de agenciamento é contra a norma sob o argumento de que a Central de Compras criada pela Administração Federal, responsável pela aquisição dos bilhetes, estaria “atropelando” diversos itens da legislação brasileira.

O presidente da Abav-DF, Carlos Vieira, explica que, até então, das agências que trabalhavam com o governo eram exigidos itens como balanços positivos, certidões negativas de débito com o fisco e 5% de garantia sobre o valor do contrato, além de funcionários disponíveis para atendimento 24 horas em todos os dias do ano. “Mas aí, em alguns editais do ano passado, saiu que o governo não aceitará ser penalizado em casos de cancelamento ou alterações de passagens, uma norma que o próprio governo autorizou via Anac”, exemplifica Vieira.

O dirigente lembra também que as agências vinham solicitando do governo o atendimento por meio eletrônico e autorização de pagamentos por intermédio de cartão de crédito corporativo, o que, segundo ele, vinha sendo sempre negado. “E em junho do ano passado, quando do credenciamento das companhias aéreas, foram feitas diversas reuniões entre o Ministério do Planejamento e as empresas apenas e tão somente para adequar o estatuto às condições das aéreas. Que eram quais? O atendimento por meio eletrônico e o pagamento com cartão de crédito, além da isenção da retenção da Lei Kandir”, afirma Vieira, acrescentando que questionou também o fato de as agências não terem sido convidadas a participar das reuniões com as companhias aéreas. “A Central de Compras alegou que não houve o convite porque, como se tratava de assuntos sobre o credenciamento de companhias aéreas, não interessava discutir com as agências. Mas a legislação diz que, quando houver um procedimento que prejudica diversos segmentos, todos estes devem ser chamados a conversar. ”

Ainda segundo o presidente da Abav-DF, o governo gasta R$ 1,5 bilhão por ano com passagens e os contratos com as aéreas é de 60 meses. “Ou R$ 6,5 bilhões sendo feito sem licitação, atropelando leis vigentes. A quem interessa isso?” Às agências de viagens restará a venda de passagens internacionais e serviços que a Central de Compras não conseguir executar, o equivalente a 5% do R$ 1,5 bilhão, ou R$ 75 milhões. “E numa portaria publicada hoje saiu que o governo vai licitar apenas para uma agência. Mas que agência tem o calção de 5% de um contrato [de R$ 75 milhões]? Uma ou duas. É um ato para favorecer alguém que suspeitamos, mas não sabemos ainda quem é.”

Quer receber notícias como essa, além das mais lidas da semana e a Revista PANROTAS gratuitamente?
Entre em nosso grupo de WhatsApp.

Tópicos relacionados

Avatar padrão PANROTAS Quadrado azul com silhueta de pessoa em branco ao centro, para uso como imagem de perfil temporária.

Conteúdos por

Alex Souza

Alex Souza tem 4664 conteúdos publicados no Portal PANROTAS. Confira!

Sobre o autor

Colaboração para o Portal PANROTAS