Artur Luiz Andrade   |   27/03/2015 13:33

EXCLUSIVO: co-fundador da Airbnb fala sobre diferenciais

O co-fundador da Airbnb e diretor executivo de Produto, Joe Gebbia, que veio ao Brasil pela primeira vez para a assinatura de contrato para ser o fornecedor oficial de serviços de hospedagem alternativa dos Jogos Olímpicos Rio 2016, falou ao Portal PANROTAS

Em conversa com o Portal PANROTAS, o co-fundador da Airbnb e diretor executivo de Produto, Joe Gebbia, que veio ao Brasil pela primeira vez para a assinatura de contrato para ser o fornecedor oficial de serviços de hospedagem alternativa dos Jogos Olímpicos Rio 2016, falou sobre o desenvolvimento da plataforma, que hoje já conta com um milhão de anúncios de hospedagem por mês.

Christian Gessner, diretor geral da Airbnb no Brasil, também participou da conversa e disse que o Brasil é um mercado muito importante na América Latina. Para eles, os brasileiros, sobretudo os cariocas, estão entre os melhores anfitriões do mundo, um dado importante no modelo de negócios da Airbnb. No Brasil, hoje há cerca de 45 mil anúncios de hospedagem na plataforma, sendo 20 mil só no Rio de Janeiro.

Fora do eixo Rio-São Paulo, outra cidade que vem ganhando destaque na plataforma é Salvador. Como o número de ofertas depende da iniciativa dos moradores de uma região, não é possível prever a quantidade que haverá na época dos Jogos Olímpicos Rio 2016. Os organizadores da olimpíada também não divulgam o valor pago pelo Airbnb para fazer parte do time de parceiros.

PORTAL PANROTAS — A Airbnb veio para acabar com a hotelaria tradicional?

JOE GEBBIA — Não, de forma alguma. Em todo o mundo, há nichos de mercado no segmento de turismo. A rede hoteleira oferece outros tipos de serviços, que diferem da nossa proposta. O mais importante para nós é oferecer ao cliente a experiência de viver como um habitante da cidade que ele escolheu como destino. Somos um serviço novo, e o mercado acomoda bem as novidades. Há espaço para todos.

PP — De qualquer forma, o AirBnb, assim como outros sites similares, é uma novidade disruptiva em relação à hospedagem de viajantes. Que mudanças a AirBnb vai forçar ou já forçou na indústria hoteleira?

CHRISTIAN GESSNER — Não diria mudanças, mas de uma certa forma, quando crescem os anúncios na nossa plataforma em uma determinada região, isso mostra que há uma demanda por hospedagem ali e que pode ser mais bem aproveitada também pela indústria hoteleira. Um bom exemplo foi o que aconteceu em Cuiabá (MS), uma das cidades-sede da Copa do Mundo. Antes dos jogos havia uma oferta de 15 residências, com a Copa do Mundo, passamos para 1,5 mil anúncios.

PP — Airbnb pede que seus clientes confiem em estranhos. Como isso é possível em tempos de terrorismo, violência urbana e muito estresse na sociedade?

JG — Não temos muitos problemas entre nossos clientes. Fazemos uma verificação das informações e os clientes também podem checar isso. A questão da violência, infelizmente, pode afetar qualquer visitante em uma cidade, esteja ele hospedado em hotel ou por um serviço como o nosso.

PP — Qual o perfil do público-alvo do Airbnb? Jovens com orçamento limitado?

JG — Hoje é muito variado. Temos pessoas de todas as idades. E diversos perfis.

CG — Há dois anos, tivemos uma determinada noite em que havia 600 mil clientes hospedados em residências anunciadas na nossa plataforma em todo mundo. E resolvemos fazer uma enquete. Mais de 50% tinha mais de 30 anos. Então não é possível dizer que somos um serviço destinado somente a jovens. Somos um serviço para quem busca experiências diferentes e únicas em uma cidade.

PP — O preço é o principal apelo ou há outros?

JG — Preço não é o apelo principal para nossos clientes. Eles buscam serviços como o nosso para poder viver uma experiência única na cidade que escolheram. É isso que eles buscam. É como se recebêssemos amigos ou pessoas da família. Esse é o nosso espírito. Mas é claro que os preços são um atrativo. No Rio, por exemplo, onde os valores cobrados pela rede hoteleira são altos.

CG — Acho que um contraponto interessante é o que aconteceu em Londres, quando sediou os Jogos Olímpicos, em 2012. As pessoas queriam ir para assistir aos jogos, mas os preços da rede hoteleira subiram muito. Com a parceria, estamos oferecendo uma oportunidade de hospedagem a um custo viável.

PP — Como o Airbnb está na América Latina e no Brasil? Qual a estratégia para a Rio 2016?

JG – Estamos muito felizes em ter conseguido fechar essa parceria. Será um bom momento para divulgar os serviços. Todo mundo quer estar no Rio de Janeiro, sobretudo, durante os jogos.

PP — A Airbnb teve problemas em cidades americanas por causa da falta de pagamento de impostos. Isso está resolvido?

JG — Estamos resolvendo essas questões pontualmente, cada região tem um legislação específica. Tivemos algumas questões mais pontuais nos EUA, e nossos clientes que anunciam em São Francisco e Portland, por exemplo, já estão regularizados com relação a isso. Mas depende muito de cada região.

PP — O que vem por aí?

JG — Queremos expandir, com certeza, e a parceria com o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 será muito benéfica. Mas estamos fazendo ajustes para melhorar o serviço, oferecendo cada vez mais comodidade aos nossos clientes. (No caso da parceria para os jogos, o interessado em comprar o ingresso já terá um link para Airbnb e verificar as ofertas).

CG — Há também um movimento para ajustarmos nossas ofertas às leis locais. Nosso serviço é muito novo, em muitos países não há regulamentação, em outros, há uma adaptação da lei para acomodar esses serviços da melhor forma para todo o mercado, é o que vem sendo feito recentemente em Portugal e na França.

(Suzana Liskauskas, especial para o Portal PANROTAS)

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