Conheça o Andean Explorer, trem que percorre uma das ferrovias mais altas do mundo; fotos
Linha de luxo da Belmond vai de Arequipa a Cusco e chega a mais de 4 mil metros de altitude

AREQUIPA (PERU) - É uma jornada nas nuvens. O trem leito de luxo Belmond Andean Explorer parte de Arequipa para Cusco, ou vice-versa, passando por Puno, às margens do Lago Titicaca, em uma viagem memorável de três dias e duas noites pelos Andes peruanos.
O Titicaca é quase inseparável do aposto “o lago navegável mais alto do mundo”. Entre Peru e Bolívia, tem a superfície de águas azuis a pouco mais de 3.800 metros acima do nível do mar. A ferrovia peruana vai além e, em alguns momentos do percurso, chega a mais de 4 mil metros.
A bordo do Andean Explorer, lançado em 2017, tudo é feito para que a experiência de respirar o ar rarefeito da Cordilheira dos Andes, extrema para alguns, seja serena e encantadora para todos. Há oxigênio a bordo, assim como médico 24h, sem custo extra.
Saiba mais sobre o trem leito de luxo no Peru
Cabines
Pintado em azul escuro pelo lado de fora, dentro o Belmond Andean Explorer abriga 35 cabines distribuídas em três categorias: nove com 5,5 m² e beliche; 17 com 7,5 m² e duas camas de solteiro, e outras nove (as mais concorridas, reservar com antecedência é essencial) com 13 m² e cama de casal.
De dia, as camas individuais viram sofá ou poltrona, que dão à cabine dupla um jeito de sala de estar. Todas são climatizadas, têm banheiros compactos e funcionais com chuveiro de boa pressão, e janela com vista panorâmica para as belas paisagens que desfilam sem pressa. De intermináveis campos de milho a vulcões, passando por rios serpenteando pelas montanhas, algumas com picos nevados.
Duas cabines em um concorrido vagão-spa oferecem tratamentos à base de botânicos andinos, pagos à parte. Não há televisão nem Wi-Fi a bordo para os passageiros, mas sinais de celular, de diferentes operadoras, funcionam em boa parte dos três dias de jornada.
Gastronomia

A premiada cozinha peruana é um dos pontos altos do Andean Explorer. Comidas e bebidas conduzem a uma viagem, também, pelas cores e os sabores locais. Tudo está incluído. As refeições são servidas em dois vagões-restaurantes, que ficam entre dois bares, todos com amplas janelas.
As áreas comuns têm decoração clássica e elegante, com madeira e couro, e detalhes de inspiração peruana. O piano-bar oferece música ao vivo antes do jantar. O bar do Observatório, no último vagão, dispõe de uma área aberta, e é o melhor lugar para contemplar os cenários deslumbrantes da jornada.
Nos restaurantes, no café da manhã, há serviço de mesa à la carte com frutas e sucos frescos, iogurte com grãos andinos, queijos peruanos, embutidos artesanais, ovos e uma especialidade do chef.
No almoço e no jantar, a ênfase é na cozinha contemporânea dos Andes, sempre priorizando ingredientes locais. Há pães frescos típicos das regiões no itinerário; manteiga e azeite peruano temperado com ervas andinas; entrada, duas opções de prato principal e sobremesa. O impecável pessoal de bordo faz o possível para atender a restrições alimentares e paladares infantis.
Para acompanhar as refeições, há uma enxuta seleção de bons vinhos peruanos, chilenos e argentinos, e digestivos locais. A carta de drinques é variada, com clássicos perfeitos, como o negroni feito com gim peruano, e coquetéis autorais. Champagne Veuve Clicquot também é sempre uma boa opção a bordo.
Os bares descontraídos convidam a puxar papo, um dos pontos altos de uma slow travel, com os companheiros de viagem de diferentes países, inclusive do Brasil, e a tripulação, peruana em sua maioria.
Passeio

Ao longo dos três dias de viagem, há experiências guiadas ao ar livre, como a visita ao bem-preservado sítio arqueológico inca de Raqch’i, a 120 quilômetros de Cusco, e a navegação ao longo de um dia pelo majestoso Lago Titicaca, de Puno até Uros e Taquille.
No arquipélago flutuante de Uros, é possível aprender sobre a construção e manutenção das ilhas artificiais, feitas com junco trançado; ver como vivem os moradores (há cerca de cinco famílias em cada ilhota), admirar e comprar o colorido artesanato têxtil e até passear de totora, a embarcação tradicional das ilhas Uros, também feita em junco.
Em Taquille, a Belmond tem um confortável lounge ao livre e o almoço é servido em um restaurante em Playa Kolatta, voltada para a margem boliviana do lago. Em um dia claro, dá para ver Copacabana emoldurada pelos Andes. Antes do almoço, o programa é aproveitar a praia molhando os pés, mergulhando e nadando nas águas calmas e geladas do lago.
O Andean Explorer faz ainda uma breve parada em uma das noites, em Saracocha, para que os passageiros possam admirar o incrível céu estrelado, com direito a Via Láctea. Um médico, sempre abastecido de oxigênio, acompanha todos os passeios.
Veja fotos abaixo:
Carla Lencastre, especial para o Portal PANROTAS, viaja a convite da Belmond, com proteção Intermac.