Da Redação   |   30/05/2025 20:02

BLTA: membros da associação de luxo têm até 2029 para estarem certificados; veja fotos

3º Encontro de ESG da Brazilian Luxury Travel Association reuniu participantes em Paraty (RJ)


PANROTAS/Carla Lencastre
Pedro Traecher, vice-presidente de Sustentabilidade da BLTA, e Camilla Barretto, CEO da BLTA<br/>
Pedro Traecher, vice-presidente de Sustentabilidade da BLTA, e Camilla Barretto, CEO da BLTA

PARATY (RJ) - O 3º Encontro de ESG da Brazilian Luxury Travel Association (BLTA), realizado na Pousada Literária, em Paraty, terminou nessa quinta-feira (30). Durante quatro dias, a associação de Turismo de luxo reuniu mais de 30 participantes no Centro Histórico da cidade com o objetivo de discutir e definir parâmetros para certificações de ESG que serão aceitas pelo grupo, desenhar plano de ação, estimular troca de experiências e inspirar.

“Foi um encontro muito produtivo. A associação sempre teve sustentabilidade como um dos pilares fundamentais. Viemos num crescente trazendo cada vez mais conhecimento para os nossos associados, a partir do momento em que percebemos que turismo de luxo é indissociável de sustentabilidade”

Camilla Barretto, CEO da BLTA

No primeiro encontro de ESG, realizado no Ibiti, na Serra do Ibitipoca (MG), em 2023, o foco foi em conscientização. Em 2024, no Barracuda, em Itacaré (BA), a ênfase foi em conversas. Este ano a associação reuniu um maior número de associados em busca de soluções práticas.

“Chegou a vez de traçar um plano e cobrar resultados a partir de tudo o que temos aprendido e debatido nestes dois últimos anos”, disse Camilla. “Não queremos excluir associados, mas, para manter um alto padrão de qualidade, é preciso estabelecer parâmetros claros”.

Até 2029, todos os membros da BLTA devem ser certificados. No encontro, foram definidos cinco critérios para nortear a escolha dos selos que serão aceitos:

  1. A empresa certificadora precisa contemplar os três pontos do conceito de ESG (há selos de qualidade que avaliam apenas questões ambientais ou sociais)
  2. A certificação tem que ser internacional
  3. O selo precisa ser auditado por um órgão externo (parece óbvio, mas ainda há quem acredite em autocertificação)
  4. É necessária validação periódica (os prazos, geralmente entre um e três anos, são estabelecidos pelas certificadoras)
  5. Selos reconhecidos pelo GSTC (Global Sustainable Tourism Council) estão automaticamente dentro de todos os parâmetros acima, pois seguem os ODSs (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) da Organização das Nações Unidas

“O GSTC é um selo muito importante, a grande referência, porque reúne cerca 170 critérios baseados nos ODSs da ONU. Como o ecossistema de ESG é muito vivo, tudo flui melhor quando se elege uma boa base. Resolvemos elevar o sarrafo e buscar a certificação mais difícil para tornar a BLTA referência global em sustentabilidade, diversidade e autenticidade”

Pedro Traecher, diretor do grupo OCanto, do qual a Pousada Literária faz parte, e vice-presidente de Sustentabilidade da BLTA
PANROTAS/Carla Lencastre
Participantes do 3º Encontro de ESG da BLTA em visita técnica à fazenda
Participantes do 3º Encontro de ESG da BLTA em visita técnica à fazenda

Pedro ressaltou que a Pousada Literária foi a primeira da BLTA a conquistar o GSTC. Os outros dois hotéis d’OCanto, Tutabel, na Bahia, e Trijunção, na divisa de Bahia, Goiás e Minas Gerais, também estão em busca da certificação, este ano e em 2026, respectivamente. O GSTC é uma referência forte, mas não será a única aceita pela BLTA, como disse Pedro.

“Aceitaremos outras, até porque há muitas nuances. Alguns associados, como o Anavilhanas Jungle Lounge, no Amazonas, e o Ibiti Projeto, em Minas Gerais, por exemplo, são certificados pelo Sistema B, também muito sério. Barracuda, na Bahia; Pedras do Patacho e Casa Brasileira, em Alagoas, e Rancho do Peixe, no Ceará, estão passando pelo processo este ano. Se a certificação atender aos quatro primeiros critérios está valendo”, revelou

Pedro pontuou que o objetivo é inspirar, e não competir. “Se conseguimos determinada certificação, inspiramos os membros da associação e, também, outros empreendimentos do nosso território de atuação. Selo de qualidade não é diferencial competitivo. Quanto mais gente tiver, melhor para todos. Queremos mostrar para o mundo que turismo de luxo no Brasil é sustentável, que o consumidor pode escolher conscientemente um produto que faz bem para os biomas, as gentes, as culturas. Sustentabilidade não é premissa exclusiva do luxo, mas estamos na vanguarda e ditamos tendência”.

“A beleza desse processo é que você impacta todo um ecossistema. Para atingir meu objetivo, por exemplo, preciso influenciar o pequeno produtor, que depende de mim. Aí vira uma retroalimentação de boas práticas. Nosso trabalho com os 69 membros da BLTA impacta todos que estão em volta. E queremos ser fonte inspiradora para outros países, porque isso eleva a qualidade de vida das pessoas e o bem-estar de todos”

Camilla Barretto, CEO da BLTA

Há desafios no percurso, e Camilla citou alguns:

“Um hotel urbano pode ter questões sociais, mas estar muito bem do ponto de vista ambiental porque já foi construído pensando no meio ambiente. Já um hotel remoto não necessariamente tem todas as questões ambientais resolvidas. Sustentabilidade tem que fazer parte da cultura, tem que vir de cima. Não adianta ter o melhor gerente de sustentabilidade, se a empresa não quiser mudar. Mas todo mundo reconhece os benefícios. Você organiza o conteúdo que já tem e as prioridades. Há ganho de produtividade e de regeneração. É uma jornada muito positiva.”

Para Camilla, o encontro de ESG deste ano, o maior dos três, demostrou o interesse crescente pelo tema entre os associados da BLTA. “Quem está maduro, trouxe conhecimento e impactou quem ainda não sabe muito. E estes viram que têm uma rede de apoio na associação. O networking e as trocas entre os associados foram incríveis. Temos um grupo generoso no qual um inspira o outro a fazer melhor”.

“Ninguém quer guardar segredinhos”, acrescentou Pedro. “Sustentabilidade é um exercício de humildade, porque você se acha ótimo no que faz e vê que ainda tem um longo caminho”, complementou.

PANROTAS/Carla Lencastre
Neila Faria Lopes, gerente de ESG do Barracuda
Neila Faria Lopes, gerente de ESG do Barracuda

O que dizem os associados da BLTA

  • “Este encontro me deixou muito esperançosa”, disse Vitoria da Riva Carvalho, presidente do Cristalino. “Turismo é uma indústria limpa, sem chaminés, mas que também polui se não for bem-feita, se não obedecer a critérios ambientais, sociais e de governança. Este grupo simboliza a esperança de mostrar para o Brasil e o mundo o luxo de estarmos juntos das comunidades, da importância de diminuir o impacto dos nossos empreendimentos, de trabalhar com nossos colaboradores para elevar o nível e sermos referência.”
  • “O Encontro de ESG da BLTA é um dos mais proveitosos entre todos os que participo”, destacou Cláudia Baumgratz, do Ibiti. “Estamos na mesma página, conversamos sobre os problemas operacionais, temos espaço para expor vulnerabilidades”, complementou.
  • “Estamos amadurecendo como grupo”, constatou Juliana Ghiotto, CEO do Barracuda.
  • “É muito bom ver que estamos todos unidos pelos mesmos objetivos”, disse Neila Faria Lopes, gerente de ESG do Barracuda. “Aproveito para chamar a atenção para uma questão técnica, que é o inventário de gases de efeito estufa. Minha sugestão é todos façam isso o quanto antes, inclusive em relação aos hóspedes. É essencial para as certificações”, completou.

Tanto Neila quanto Marina Barki, coordenadora de ESG da Embratur, também participante do evento, sugeriram algumas empresas especializadas em compensação de carbono. Ao final, Camilla pediu para que cada associado resumisse em uma palavra o que o encontro representou. Foram citados termos como aprendizado, compromisso, conexão, determinação, generosidade, inspiração, realização, troca.

O Portal PANROTAS ainda pediu então que Camilla para resumir em uma palavra como ela se sentia em relação aos resultados: “Feliz”.

Rumo ao 4º Encontro de ESG da BLTA

“Foi um privilégio sediar o 3º Encontro de ESG da BLTA, ter olhos tão bem treinados de hoteleiros e operadores na nossa propriedade”, comentou Pedro Traecher.

As inscrições para se candidatar a sede da quarta edição do encontro, em 2026, ainda não foram abertas. Mas quatro associados já declararam interesse: Botanique Hotel, em Campos do Jordão; Fazenda Santa Vitória, em Queluz, e Unique Garden, em Mairiporã, os três no estado de São Paulo, e Rancho do Peixe, na Praia do Preá, perto de Jericoacoara, no Ceará.

O 3º Encontro de ESG da BLTA foi realizado de 26 a 29 de maio em uma Paraty ainda mais bonita vestida de vermelho para a Festa do Divino, a principal manifestação religiosa da cidade (este ano, o Divino Espírito Santo é celebrado em 8 de junho). O workshop que definiu os critérios para as certificações que serão aceitas foi mediado pela Mandarina, consultoria especializada em facilitar decisões em grupo na área de excelência de serviço.

Durante o evento, os participantes fizeram ainda uma visita técnica aos projetos sustentáveis da Fazenda Bananal, a cerca de 20 minutos do Centro Histórico de Paraty e membro do grupo OCanto, e assistiram a palestras de Marina Barki, da Embratur; da jornalista Eliane Trindade, da Folha de S. Paulo, e de Pedro Rivas, coordenador e professor do curso de pós-graduação em ESG da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) no Rio de Janeiro.


Carla Lencastre, especial para o Portal PANROTAS, viaja a convite da Brazilian Luxury Travel Association (BLTA).

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