Artur Luiz Andrade   |   24/11/2025 18:00
Atualizada em 24/11/2025 18:32

Inspirado no Luxo, Carlos Ferreirinha apresenta suas apostas para 2026; veja aqui

Para ele, Brasil pode ser a estrela como estética e inspiração global

PANROTAS / Filip Calixto
Carlos Ferreirinha aponta que o sensorial, o natural e o afetivo do Brasil podem virar símbolo de sofisticação
Carlos Ferreirinha aponta que o sensorial, o natural e o afetivo do Brasil podem virar símbolo de sofisticação

Sinestesia é a mistura ou cruzamento de sentidos, estimulados uns pelos outros, em uma cadeia de experiências diferentes no nosso corpo. É um fenômeno neurológico e humano. E Sinestes.IA foi o tema escolhido pelo empresário e consultor Carlos Ferreirinha, da MCF, para 2026, ano em que a empresa comemora 25 anos.

Como faz todos os anos, Ferreirinha reuniu, desta vez no Renaissance São Paulo, clientes, parceiros e parte do seu time, para apresentar suas apostas para 2026, tendo o tema “Sinestes.IA. É preciso ser. Ser humano” como principal inspiração.

E não é difícil entender onde ele quer chegar com a provocação, já que vivemos em um mundo repleto de ruídos, barulhos, desafios, coaches com verdades absolutas e um excesso de decisões e escolhas a serem tomadas, onde a tentação de entregar tudo na mão da tecnologia é grande.

Veja o álbum de fotos abaixo

Mas, como mostrou em um vídeo estrelado por Marisa Orth, produzido pela MCF para apresentar o tema, o que vai fazer diferença no final, somado a todas as inovações tecnológicas, é o sentimento, a imperfeição, tudo aquilo que somos capazes de entender (e sentir) e a IA não.

Para entender melhor como ele chegou nesse tema e contextualizar o que ele prevê para o próximo ano, vamos a algumas ideias apresentadas por ele, que ressalvou em diversos momentos que não são verdades ou tendências (palavra essa que ele abomina), mas sim a sua leitura, de acordo com sua expertise, sua história, suas análises... Esse é seu diferencial, a sua assinatura, o que as pessoas valorizam nela.

Essa sua visão (lúcida e muito clara, vale dizer) do mundo, do futuro do consumo, e do luxo, pois ele usa a gestão das marcas de luxo como inspiração.

Desafios

Começando pelos desafios à frente, tendo esse cenário tecnológico e humano como pano de fundo, Ferreirinha destacou com o que todos temos de nos atentar no próximo ano.

Confira os maiores desafios à frente:

1 - Paradoxo da produtividade

Em um cenário de custos ainda elevados em todo o mundo e com o ritmo de produção aumentando vertiginosamente graças à Inteligência Artificial e outras tecnologias, tendemos a nos acomodar e pensar menos. E pensar de forma diferenciada é ainda um diferencial de pessoas e empresas. Abrir mão do pensar diferenciado é um erro, segundo ele. “Qual o limite entre a produtividade acelerada pela tecnologia e a capacidade de refletir?

2 - Paradoxo da escolha

Há muitas opções atualmente em nossa frente. Para tudo. Do streaming ao marketing. Isso torna nosso dia a dia cada vez mais exaustivo e disperso.

“Para manter a relevância, é preciso ir além”, disse Ferreirinha que acrescentou que atualmente o saber fazer perde relevância em relação ao saber em geral, ao conhecer, interpretar... Ou seja, manter-se atualizado.

Em seguida ele enumerou oportunidades, que nem todos irão aproveitar (dependendo de sua estratégia e direção), mas que é preciso saber que existem.

Qual dessas oportunidades falam com seu negócio e como você pode aproveitá-las?

PANROTAS / Filip Calixto
 Carlos Ferreirinha
Carlos Ferreirinha
  1. A Casa Protagonista
    Algo que vem acontecendo desde a pandemia, agora é realidade. E não é uma bolha brasileira, segundo ele. Nunca se construiu tanto no mundo, nunca se investiu tanto nas nossas casas. E as de alto padrão lideram os índices de crescimento.
  2. Turismo e Hospitalidade
    De acordo com ele, viajar é cada vez mais necessário e presente em nossas vidas e isso não vai retroceder. Em um mundo tão agressivo e estressante, viajar oferece inúmeras soluções.
  3. Os homens
    O implante capilar está para os homens como o implante de silicone para as mulheres décadas atrás. O homem despertou e está investindo cada vez mais em si – da beleza ao bem-estar, da moda aos hobbies. As mulheres continuam dominando a cadeia de consumo, mas isso é falar o óbvio. E Ferreirinha está de olho no que não está tão à mostra – se bem que quem hoje não conhece pelo menos dez amigos e conhecidos que investiram em novo visual – do cabelo à harmonização?
  4. Petmania
    Nem precisamos explicar muito, não é? O pet, que já viveu fora da casa (que absurdo), não só entrou, como já subiu na cama. Como isso impacta o seu negócio?
  5. Etarismo flexível
    Não há mais uma definição de que aos 49 você é novo, aos 50, velho, e aos 60 está inútil. Onde começa e termina a velhice ou qualquer outra etapa da vida agora é algo flexível e que depende de cada um e do que estiver em debate. “Isso nos força a mudar posturas, processos e narrativas”, afirma Carlos Ferreirinha.
  6. O mercado wellness
    E ele não está falando de spas, e sim de tudo o que colabora e é decisivo para nosso bem-estar – do físico ao mental.
  7. Personalização e segmentação
    Com a hiperpersonalização e a hipersegmentação se sobressaindo em alguns casos. A descentralização da riqueza nos faz olhar para além de Rio e São Paulo, por exemplo; além dos estereótipos geracionais; e criar uma nova relação com os clientes, criando novos produtos (como os novos cartões de crédito ou lounges de aeroportos), baseados nessa segmentação.

São oportunidades que estão gritando à nossa frente, mas que podem ou não fazer parte do nosso negócio ou estratégias.

Ferreirinha, porém, também listou seus inegociáveis. Atributos que as empresas precisam ter em sua lista de obrigatoriedades em 2026.

Inegociáveis para 2026

  1. Consciência empresarial
  2. Inteligência de gestão
  3. Brand voice
  4. Dados que libertam (o novo viés da competitividade)
  5. Marca forte
  6. Ecossistema de influência
  7. Diferenciação com verdade
  8. Empresa que pensa diferente
  9. Gentileza como assinatura
  10. Obstinação por relacionamentos (e isso a indústria do luxo tem de sobra, e é uma das inspirações citadas por Ferreirinha)
  11. Marcas regenerativas
  12. Experiências que devolvem tempo
  13. Hospitalidade como linguagem
  14. Liderança emocional (com lente de empatia e não de controle. O líder como guardião)
  15. Liderança contemporânea (liderar para que todos sintam e não apenas operem)
  16. Criar experiências exige VULNERABILIDADE (abrir mão do controle e criar espaço para o humano)
  17. HUMANISMO TECNOLÓGICO (que leva ao tema da MCF para 2026).

Hospitalidade que cura

Carlos Ferreirinha dedicou um bom pedaço de sua apresentação para mostrar como Viagens e Hospitalidade vão continuar crescendo mais que as demais indústrias e como o Brasil pode ser protagonista desse momento.

"A hospitalidade brasileira cura”, disse ele. “Achei até que a Dua Lipa e o Shawn Mendes viriam aqui hoje, pois não querem deixar o Brasil. Brincadeiras à parte, ver a Dua Lipa jogando cartas e comendo costelinha em um boteco do Rio, feliz da vida, é muito sintomático do que é o Brasil. Não importa o caos de infraestrutura que exista ou os ruídos em volta, as pessoas, a hospitalidade brasileira conquista.”

O Brasil pode ser a estrela como estética e inspiração global. O sensorial, o natural e o afetivo do Brasil podem virar símbolo de sofisticação. Temos a hospitalidade que cura.

Baseado nisso e em insights que apresentou da gestão do luxo, além de muitos outros pensamentos baseados nos projetos que tocou este ano em 10 Estados brasileiros e quatro países, e ainda eventos no Brasil e no mundo, Ferreirinha chegou ao tema Sinestes.IA, que fez a plateia presente pensar, refletir e se inspirar.

Veja fotos do evento abaixo:


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Sobre o autor

Artur Luiz Andrade é editor-chefe da PANROTAS, jornalista formado pela UFRJ e especializado em Turismo há mais de 30 anos.