Beatrice Teizen   |   05/06/2025 18:45
Atualizada em 06/06/2025 11:31

Agências de viagens são alvo de golpe e sofrem prejuízo de mais de R$ 70 mil; entenda

Falsos agentes se passam por clientes para revender passagens compradas com cartões de crédito clonados

Getty Images
L7 e Aqui Viagens sofrem golpe; veja como funciona
L7 e Aqui Viagens sofrem golpe; veja como funciona

Pelo menos três agências de viagens de diferentes Estados do Brasil – São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo – sofreram um golpe do que aparenta ser uma quadrilha com criminosos que se passam por agentes que revendem passagens aéreas.

A fraude acontece da seguinte maneira: um suposto “cliente” entra em contato com a agência, solicitando uma passagem aérea para daqui 15 dias, um mês ou mais, para a mãe, pai, esposa ou algum parente próximo. (Uma evolução do golpe antigo da clonagem, que era para o próprio dia).

No entanto, o pagamento por essas passagens compradas em uma agência idônea é feito por meio de um cartão de crédito clonado de uma pessoa que viu o anúncio de uma agência falsa na internet (e o atendente dessa falsa agência é o que está comprando na agência real).

“O consumidor vê passagens por um preço muito inferior, aciona o criminoso [sem saber que se trata de um golpe, achando que é um agente], que, por sua vez, compra a passagem conosco. Depois que fazemos o retrocesso, você percebe que é alguém que entende de viagens e bilhetes, pois pede por voos específicos, sabe quanto está o preço no site. Faz pedidos mais direcionados”

Luciana Contti, diretora da L7 Viagens

A agência de Luciana, situada em Vitória, foi uma das afetadas, com um rombo que chegou a R$ 47 mil. Quando ela percebeu que se tratava de uma fraude, metade dos passageiros tinha voado e metade não.

“Então cancelamos as passagens não voadas. E, no dia, ninguém ligou pra gente. Isso significa que os golpistas não têm controle, não passam o bilhete com o contato da minha agência. Ele envia o localizador direto da aérea, sem qualquer possibilidade de o viajante rastrear a minha agência”, complementa Luciana.

Albert Gaudin, proprietário da Aqui Viagens, de São Paulo, também passou pelo mesmo golpe, feito pela mesma quadrilha, segundo ele. Em sua agência, o prejuízo foi de R$ 27 mil.

Precisamos alertar todo o trade sobre este golpe. Alguns bilhetes conseguimos cancelar, alguns não voaram, outros estamos tentando pedir reembolso. Não é só o dinheiro, mas o abalo na confiança, de outros golpes que podem ocorrer e te deixar com três pés atrás”

Albert Gaudin, proprietário da Aqui Viagens

Dicas para se proteger

Os golpes – em todos os âmbitos e não somente no Turismo – acontecem todos os dias e estão cada vez mais sofisticados. Não há uma forma 100% segura de se proteger, mas existem algumas dicas que podem ser seguidas, segundo Luciana Contti e Albert Gaudin.

São elas:

Para agências

  • Aceitar clientes novos somente por indicação;
  • Sempre pesquisar os dados pessoais do passageiro;
  • Buscar também se eles têm redes sociais, checar se correspondem aos passageiros de fato;
  • Se o passageiro pressionar muito para fazer algo (via WhatsApp, e-mail ou outros meios digitais), desconfie.


Para clientes

  • Pesquise sobre a agência de viagens nas redes sociais;
  • Verifique seu perfil no Reclame Aqui;
  • Cheque se a agência tem Cadastur (registro OBRIGATÓRIO no Ministério do Turismo), é filiada à Abav ou outra entidade de classe, como Braztoa, Belta, entre outras (embora esses e outros registros não garantam a idoneidade da empresa, funcionam como bons indicadores);
  • Desconfie de preços de passagens aéreas e outros serviços de viagens muito baratos e abaixo do mercado.
  • Confira contatos e ligue de volta para fazer perguntas mais técnicas.

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