Pedro Menezes   |   31/07/2025 09:29

Agentes de viagens ainda resistem ao NDC, mesmo com crescimento nas vendas, diz pesquisa

Incentivos financeiros oferecidos pelos GDSs e falta de padronização nas APIs são os principais desafios

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Aceleração do novo padrão reforça o movimento de transformação digital na distribuição aérea, ainda que a adoção por agentes tradicionais siga em ritmo lento
Aceleração do novo padrão reforça o movimento de transformação digital na distribuição aérea, ainda que a adoção por agentes tradicionais siga em ritmo lento

O NDC (New Distribution Capability) foi responsável por 20% das vendas globais de passagens aéreas em 2024, o dobro do registrado em 2023, segundo dados da ARC (Airlines Reporting Corporation), organização com sede nos Estados Unidos que atua como intermediária entre as companhias aéreas e as agências de viagens.

A aceleração do novo padrão reforça o movimento de transformação digital na distribuição aérea, ainda que a adoção por agentes tradicionais siga em ritmo lento. No entanto, entre os principais entraves à implementação estão a dependência de sistemas legados como o EDIFACT, os incentivos financeiros oferecidos pelos GDSs e a falta de padronização nas APIs das companhias aéreas.

Cada empresa aérea implementa o NDC de forma diferente, o que torna as integrações mais complexas, especialmente para agências com infraestrutura tecnológica limitada.

A automação dos processos pós-venda também continua sendo um desafio. Enquanto o NDC já se mostra eficiente na oferta de ancillaries como assentos, bagagens e Wi-Fi, procedimentos como reembolsos e remarcações ainda exigem intervenção manual, o que desestimula parte dos agentes a migrar de modelo.

Outro ponto crítico é a fragmentação do conteúdo. Para oferecer as tarifas disponíveis via NDC, muitos agentes de viagens precisam conectar-se a múltiplos sistemas e APIs, o que eleva os custos operacionais e reduz a transparência na comparação de preços.

A resistência dos agentes também está ligada a questões estratégicas. O NDC transfere o controle de dados e ofertas para as companhias aéreas, além de eliminar ou reduzir comissões tradicionais pagas pelos GDSs. Na prática, isso pode comprimir as margens das agências e dificultar a monetização do serviço.

Especialistas avaliam que a distribuição aérea passará por uma grande transformação nos próximos anos, com o avanço da inteligência artificial, hubs de varejo inteligente e um ecossistema onde os limites entre canais diretos, GDSs e agregadores ficarão cada vez menos definidos. A previsão é que os players que investirem primeiro em tecnologia e novos modelos operacionais colham os principais benefícios no médio prazo.

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