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Rodrigo Vieira   |   18/06/2020 15:30   |   Atualizada em 19/06/2020 11:38

Cronograma interno de contenção de crise tranquiliza a Gol

Antecipação à chegada da pandemia deu vantagem temporária a aérea, acredita o presidente Paulo Kakinoff


Filip Calixto
Paulo Kakinoff, presidente da Gol
Paulo Kakinoff, presidente da Gol
Antes do início da crise, a Gol vinha com uma receita mensal média na casa de R$ 1,2 bilhão. As despesas principais somavam-se em folha de pagamento de R$ 180 milhões por mês, leasing em torno de R$ 150 milhões a R$ 180 milhões e outras despesas, resultando em um custo fixo por mês de R$ 500 milhões. De maneira resumida, esse era o cenário da companhia aérea pré-pandemia. Desde que a covid-19 impactou a aviação nacional, a receita bilionária caiu para algo em torno de R$ 50 milhões.

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"Logo que tivemos eclosão da crise na Europa, principalmente Itália e Espanha, reunimos 37 tomadores de decisão da companhia, entre diretores e VPs. Faltavam duas semanas para o carnaval, e naquele momento, em plena fase de negociação, já estávamos cientes da chegada da crise no País", afirmou o presidente da Gol, Paulo Kakinoff, na Check Point, live da PANROTAS em parceria com a Imaginadora e a R1 Audiovisual. "Assim, acabamos fazendo a gestão de crise com uma vantagem temporal que a companhia vem mantendo e está fazendo toda diferença."

Desde então, segundo Kakinoff, a companhia adiou ou cancelou todas as negociações que não seriam "extremamente essenciais" para 2020, o que hoje se traduz em R$ 1,2 bilhão de economia até o fim do ano. Com destaque para lessores e colaboradores, a companhia se dedicou a tratar com os principais parceiros todas as medidas cabíveis para reduzir as despesas.



"Destaco aqui os colaboradores. Na semana passada, firmamos acordo com os pilotos, que representam 60% da nossa folha de pagamento, mas menos de um terço em número de pessoas. Concordamos em reduzir significativamente o salário dos pilotos e em troca asseguramos seus empregos até o final de 2021. Isso representa uma ajuda imensurável para enfrentarmos essa crise ao mesmo tempo em que ficamos contentes em manter esses postos de trabalho em um momento tão seguro", justifica o presidente da Gol.

Kakinoff reitera ainda que, se as companhias estão com dificuldade de fazer previsões de curto prazo a respeito da retomada, quanto mais sobre 2021. "Para 2020, garantimos a liquidez da companhia e evidentemente estamos além desse período, mas não dá agora para fazer especificação de duração de caixa em termos de receita e demanda para o ano que vem. É ainda muito incerto."

Sobre as negociações com o BNDES para uma linha de crédito para o setor aéreo, Kakinoff disse que essa alternativa (de crédito) é importante, mas que a Gol não condiciona sua situação financeira a isso. Seria mais uma das alternativas caso a empresa venha precisar de crédito no futuro. Ele falou ainda da parceria com a American Airlines, que já trouxe bons resultados nos poucos meses em que conseguir estar na prática, e que vai retornar com a mesma força assim que os voos para os Estados Unidos voltarem.

A Gol espera fechar o ano com uma frota de 100 aeronaves, e Kakinoff disse que não vê a hora de o 737 MAX ser liberado para voar a voltar a essa frota.

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