Danilo Teixeira Alves   |   20/08/2020 15:47   |   Atualizada em 20/08/2020 17:30

Os planos da Azul para tecnologia, GDS, trade e Azul Conecta

Em mais de uma hora, John Rodgerson falou dos próximos passados da companhia


Artur Luiz Andrade, da PANROTAS, Marco Aurelio Di Ruzze, do Grupo BRT, e Jacqueline Conrado, da United Airlines, entrevistaram John Rodgerson, da Azul
Artur Luiz Andrade, da PANROTAS, Marco Aurelio Di Ruzze, do Grupo BRT, e Jacqueline Conrado, da United Airlines, entrevistaram John Rodgerson, da Azul
Em cerca de uma hora, o presidente da Azul Linhas Aéreas, John Rodgerson, falou no programa Check Point, no Portal PANROTAS, sobre as oportunidades geradas pela pandemia do covid-19, retomada da demanda e de codeshare com sua concorrente local, a Latam Brasil.

Um dos assuntos tratados foi a relação da Azul com seus canais direto e indireto, e como a companhia vem trabalhando e priorizando cada um deles. Há um ano, em entrevista ao Portal PANROTAS, John revelou que estava buscando uma relação maior com o mercado, com o trade. Será que essa relação mudou um ano depois?
“Eu prefiro o indireto, com tarifa mais alta, onde eu recebo caixa em 18 dias e não em seis meses. Eu não quero ter o direto só para pagar menos. Para mim, é muito melhor e mais importanet ter a parceira dos agentes, dos consolidadores e de toda a indústria”, disse o presidente da Azul.

Representando o mercado, Marco Aurélio Di Ruzze, do Grupo BRT, aprovou a visão da companhia. “Parabéns à Azul, parabéns John. Fiquei feliz em ouvir tudo isso. Essa relação de vendas diretas e indiretas sempre é uma preocupação para os agentes de viagens. Eu, aqui nessa live, represento o mercado de consolidação e posso garantir que o Grupo BRT e todos os milhares de agentes parceiros estão ansiosos em ver vocês colocando aviões para a gente vender”, pontou.

Veja outros assuntos abordados por John Rodgerson em sua participação no Check Point.

AZUL CONECTA
Lançada na semana passada, a empresa aérea regional da Azul Linhas Aéreas nasce com a missão de ligar as grandes e médias cidades com regiões ainda menores. Segundo John Rodgerson, o pontapé inicial na aquisição da Two Flex (que mais tarde viria a ser rebatizada como Azul Conecta) foi o desejo de ter mais slots no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Com a compra realizada, a ideia era a de utilizar os porões dos Cessna Grand Caravan para o transporte de carga. Mas a pandemia mudou todos os planos e a Azul Conecta passou a ser uma saída para atender os mercados com pouca demanda. “Se não tem demanda para um A320, um ATR ou Embraer, teremos demanda para um avião de nove passageiros”, disse John. Os resultados, segundo ele, estão muito bem, melhores até que os da Azul.


Divulgação
Azul Conecta foi lançada na semana passada
Azul Conecta foi lançada na semana passada

MELHOR COMPANHIA AÉREA DO MUNDO
Ser reconhecida como a melhor companhia aérea do mundo pelo TripAdvisor foi um feito bastante comemorado pela Azul nos últimos dias. Segundo seu presidente, a eleição é fruto de um trabalho de mais de 13 mil colaboradores de terra e ar, que diariamente trabalham para tornar a experiência do cliente bastante positiva.

Mas, o desafio foi lançado: como continuar sendo a melhor do mundo nesse momento de pandemia? "Todos estão passando pelo mesmo problema, inclusive na Ásia, onde estão as nossas principais concorrentes. Somos uma empresa de pessoas e não apenas uma empresa aérea. É cada uma delas que faz a diferença do nosso produto. Ter que voar com máscara no rosto mudou a experiência do cliente, mas isso não nos impede de ser bom ou de prestar um excelente serviço de bordo”, afirmou.

NOVAS TECNOLOGIAS
A Azul iniciou o uso de uma tecnologia de realidade aumentada que proporciona o distanciamento social entre clientes que aguardam o embarque em um dos voos operados no Aeroporto Afonso Pena, em Curitiba. Batizado de Tapete Azul, a funcionalidade indica para cada passageiro qual o seu momento de embarcar no avião, além de organizar de uma forma rápida e prática a fila de acesso à aeronave.

Outro produto que está em vias de ser lançado é a Bancada Azul, que reduz a zero o contato e o toque do cliente com outra pessoa ou superfície. “Você chega ao aeroporto e com um QR code você visualizar o seu boarding pass e etiqueta de bagagem. Neste momento estamos implantando a Bancada Azul no Aeroporto de Florianópolis”, revelou John.

EMPRÉSTIMO DO BNDES
“Vale destacar que estamos nos referindo a um empréstimo, e não a um socorro. Não podemos chamar de socorro quando concedemos dinheiro a troco de juros altos e de parte de sua empresa”, ponderou. Ciente do caixa da Azul, John Rodgerson afirmou que a empresa tem o suficiente “para chegar ao outro lado da ponte”, mas que vê com bons olhos o empréstimo do BNDES. “Vai dar mais oxigênio e deve ser usado para investir no futuro”, disse.

GDS
Apesar de não ter nada concreto sobre o tema, John Rodgerson disse que a entrada da Azul no GDS é sempre muito bem pensada. Para ele, a relação tem que ser de “ganha ganha”, onde as duas partes ficam satisfeitas com os resultados. Mesmo diante de um momento não muito propicio para investimentos, o executivo disse que este tema sempre “está na mesa”. Assim como os custos que envolvem essa relação.


FLEXIBILIDADE VEIO PARA FICAR?
Segundo John, não. Essa foi uma saída para encorajar as pessoas a viajarem nesse momento onde a dúvida e o medo pairam sob o ar. A flexibilização foi para estimular as viagens de lazer, já que o corporativo ainda não deu sinais claros de retomada. No entanto, ele pondera que flexibilização tem custos, e muitos são altíssimos. “Se alguém comprou um assento meu e cancelou três dias depois, eu posso perder aquela receita para sempre. Afinal o voo vai sair, independente de eu ter vendido novamente ou não.”


QUAIS SÃO OS HUBS DA AZUL?
Os aeroportos com maior número de voos e conectividade na malha da Azul sempre foram Viracopos (Campinas-SP), Confins (MG) e Recife. Neste momento, passados quase cinco meses do início da pandemia, Campinas tem voltado à normalidade um pouco mais rápido, enquanto Confins segue em um momento mais difícil e Recife, por sua vez, em recuperação lenta. Além destes três terminais, a Azul também é forte em outros destinos. “Com o codeshare com a Latam, teremos novas oportunidades e voltaremos ainda mais fortes em Belém, Manaus, Cuiabá e Curitiba”.

BRASILEIRO VOA POUCO
Se comparado com chilenos, argentinos e até colombianos, o brasileiro voa muito menos. Para John, o setor deveria se sentir envergonhado com o tamanho atual do nosso mercado. “É custo, é dólar e mais um monte de coisa que impacta diretamente nisso”, disse. De acordo com ele, Gol e Latam são concorrentes a altura e, junto com a Azul, entregam uma aviação de qualidade. “Você não vai achar outro país do mundo onde a aviação é mais pontual do que a brasileira. O nível de serviço aqui é muito bom, mas precisamos ter a visão de que podemos crescer muito mais”.

O Check Point é uma parceria da PANROTAS com a Imaginadora, e com apoio da R1.


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