Nathalia Ribeiro   |   23/02/2022 10:52

Aéreas perdem R$ 110 milhões em colisões com aves em 2021

A redução de operações aéreas na pandemia favoreceu a proliferação de espécies aos arredores de aeroportos

Flickr/DennisJarvis
A redução de operações aéreas na pandemia favoreceu a proliferação de espécies aos arredores de aeroportos
A redução de operações aéreas na pandemia favoreceu a proliferação de espécies aos arredores de aeroportos
As empresas pertencentes à Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) registraram perdas de cerca de R$ 110 milhões em 2021 com a colisão de aeronaves com aves, ou bird strike no jargão do setor aéreo. Este fenômeno, um problema antigo para a aviação, se intensificou durante a pandemia. Isso ocorreu, entre outros motivos, porque a redução do movimento favoreceu a proliferação de muitas espécies dentro dos sítios aeroportuários em todo o País.

“A partir da primeira retomada da operação aérea, durante o segundo semestre de 2020, os bird strikes ganharam intensidade e severidade. Da metade de 2021 até agora, a situação piorou em quantidade, perdas materiais e severidade do dano às aeronaves”, diz o diretor de Segurança e Operações de Voo da entidade, Ruy Amparo.

De acordo com Amparo, a situação favoreceu a aproximação da fauna que costumava ficar no entorno dos aeroportos, pistas e taxiways. “Em Congonhas (SP), por exemplo, a população de quero-queros cresceu muito, quebrando um certo equilíbrio local com as aeronaves”, afirma. O diretor da Abear acrescenta que esse tipo de incidente sempre foi uma preocupação para o transporte aéreo, considerando-se aviação regular, geral e a militar.

No ano passado, as associadas registraram 692 colisões com fauna. Além de diversas aves, animais como antas também estão presentes nas áreas de segurança dos aeródromos, no entorno dos aeroportos, o que representa uma média de aproximadamente duas colisões por dia.

Desse total de ocorrências, 13% geraram danos aos aviões. A taxa média foi de 24,2 colisões a cada dez mil decolagens, o que significou um aumento de cerca de 12% em relação a 2019, antes da pandemia. Em torno de 94% dos eventos registrados concentraram-se no aeroporto ou na chamada Asa (Área se Segurança Aeroportuária, um raio de 20 quilômetros a partir do centro da pista). Como os aviões danificados tiveram de passar por manutenção e deixaram de voar, a estimativa é que esse tipo de evento impactou 40.793 passageiros em 2021.

MINUTA DE DECRETO
Está em elaboração uma minuta de um decreto para instituir um Comitê Nacional de Risco de Fauna, com a participação de todos os stakeholders envolvidos com o tema, com gerenciamento da Secretaria de Aviação Civil (SAC) como política de estado.

“As perdas das associadas Abear quando há colisão de aeronaves com aves de diversas espécies e outros animais são mais frequentes do que a população imagina. É preciso uma política pública para mitigar os riscos e a Abear, em parceria com demais stakeholders da aviação comercial, está empenhada nisso. São custos que se somam à disparada do preço do querosene de aviação e da alta do dólar diante do real”, afirma o presidente da associação, Eduardo Sanovicz.


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