Laura Enchioglo   |   06/06/2023 12:57

Iata divulga roteiros para atingir zero emissão líquida até 2050

Documento aborda tecnologias das aeronaves, infraestrutura de energia, operações, finanças e políticas


Pixabay
Governos e o setor estão alinhados para atingir o mesmo objetivo de zero emissão líquida de CO2 até 2050
Governos e o setor estão alinhados para atingir o mesmo objetivo de zero emissão líquida de CO2 até 2050
A Iata divulgou uma série de roteiros com o objetivo de fornecer as etapas detalhadas das ações e implicações fundamentais para que a aviação atinja zero emissão líquida de carbono até 2050. Esses roteiros abordam tecnologias das aeronaves, infraestrutura de energia, operações, finanças e políticas que colaboram para atingir zero emissão.

Com a adoção de um Objetivo Aspiracional de Longo Prazo (LTAG - Long Term Aspirational Goal) na 41ª Assembleia da OACI, os governos e o setor estão alinhados para atingir o mesmo objetivo de zero emissão líquida de CO2 até 2050. Como as iniciativas políticas estabelecem a base para muitas das inovações e ações necessárias, esses roteiros serão um ponto de referência fundamental para os formuladores de políticas.

“Os roteiros são a primeira avaliação detalhada das principais etapas que vão acelerar a transição para zero emissão líquida até 2050. Juntos, eles mostram uma direção clara e evoluem à medida que nos aprofundamos e definimos marcos intermediários na jornada para atingir zero emissão líquida. Devo enfatizar que os roteiros não são apenas para companhias aéreas. Governos, fornecedores e financiadores não são apenas espectadores na jornada de descarbonização da aviação, pois eles têm participação no processo. Os roteiros são um convite para que todos os grupos que fazem parte da aviação forneçam ferramentas para o sucesso desta transformação fundamental do setor, com políticas e produtos adequados para um mundo com zero emissão líquida”, disse o diretor geral da entidade, Willie Walsh.

Os roteiros não foram desenvolvidos isoladamente. Uma revisão ponto a ponto, complementada por uma ferramenta de modelagem fornecida pelo Laboratório de Sistemas de Transporte Aéreo da University College London (UCL), foi realizada para calcular a redução de emissão proporcionada por cada tecnologia.

Os destaques de cada roteiro incluem:

  • Tecnologias das aeronaves: desenvolvimento de aeronaves e motores mais eficientes. Particularmente importantes, são as etapas que vão permitir aeronaves operando 100% com combustível de aviação sustentável (SAF), hidrogênio ou baterias. Todos os marcos de desenvolvimento são apoiados por investimentos anunciados e programas de demonstração. Também estão incluídos novos motores, aerodinâmica, estruturas de aeronaves e sistemas de voo;
  • Infraestrutura de energia e novos combustíveis: o foco está nas infraestruturas de transporte de combustíveis e novas energias em aeroportos para facilitar o uso de SAF ou hidrogênio nas aeronaves. A energia renovável desempenha um papel fundamental no atendimento da demanda de energia do setor de aviação, e o roteiro descreve marcos para permitir os desenvolvimentos da infraestrutura necessários;
  • Operações: oportunidades de redução de emissões e melhoria da eficiência energética, melhorando a forma como as aeronaves atuais são operadas. A automação, o gerenciamento de big data e a integração de novas tecnologias são os principais facilitadores para otimizar o gerenciamento do tráfego aéreo e aumentar a eficiência geral do sistema de transporte aéreo;
  • Políticas: são necessárias políticas estratégicas alinhadas globalmente para fornecer incentivos e suporte na transição do setor da aviação para um futuro com zero emissão líquida. Como em todas as outras transições energéticas bem-sucedidas, a colaboração entre governos e grupos do setor é fundamental para criar a estrutura necessária que vai ajudar a atingir as metas de descarbonização;
  • Finanças: como financiar os US$ 5 trilhões cumulativos necessários para que a aviação alcance zero emissão líquida até 2050. Isso inclui avanços tecnológicos, desenvolvimentos de infraestrutura e melhorias operacionais.

Os desafios para aumentar a produção de SAF são um bom exemplo da importância desses roteiros. Como uma solução de aplicação imediata, o SAF pode garantir cerca de 62% da mitigação de carbono necessária para atingir zero emissão líquida até 2050. Mas, embora o SAF possa ser totalmente implementado na futura frota de aeronaves, ainda existem grandes pendências em política, tecnologia de aeronaves, infraestrutura de energia, financiamento e operações para as quais esses roteiros são essenciais.

“Os roteiros mostram onde todos os grupos do setor devem concentrar seus esforços. Temos duas certezas. Até 2050, precisamos atingir zero emissão líquida de carbono. E as etapas para chegar lá descritas nesses roteiros vão evoluir à medida que aumentar o conhecimento do setor. A política é particularmente importante desde o início, pois, em grande medida, define o cenário para a movimentação dos investidores do setor privado. Com isso, o setor privado pode descarbonizar em grande escala e com rapidez”, disse a vice-presidente sênior de sustentabilidade e economista-chefe da Iata, Marie Owens Thomsen.

Acesse os roteiros aqui.

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