Para Abear, aumento do IOF vai na contramão de outros esforços do governo pelo setor aéreo
Entidade aponta que novo imposto deve subir preço de passagens ou diminuir oferta de voos das companhias

O presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Juliano Noman, afirmou em entrevista à CNN Brasil que o recente aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) representa um “impacto muito significativo em toda a cadeia da aviação”.
Segundo Noman, a elevação da alíquota — que sobe nove vezes — afeta diretamente os principais custos das companhias, que são altamente dolarizados. Com isso, aéreas brasileiras devem aumentar preços das passagens ou diminuir sua oferta.
“Grande parte dos custos das companhias aéreas são pagos em dólar, com remessas para o Exterior o tempo inteiro. Esse aumento nos impacta no arrendamento de aeronaves, nas taxas de voo, nos serviços de manutenção. É um impacto direto e pesado”
Juliano Noman, presidente da Abear
Medida vai na contramão do diálogo do setor com governo
A medida pegou o setor aéreo de surpresa, que vinha trabalhando em conjunto com o governo federal para ampliar a malha aérea regional e democratizar o acesso. O programa Voa Brasil e os esforços do Ministério de Portos e Aeroportos, que está investindo R$ 5 bilhões em infraestrutura regional, são exemplos dessas conversas.
“Estávamos num movimento de expansão, com investimentos programados para atender mais cidades e passageiros. Com o investimento, as empresas estavam preparadas para colocar novos voos no ar. O aumento do IOF vai na direção contrária dessas iniciativas”
Juliano Noman, presidente da Abear
Apesar do cenário desafiador, Noman acredita que o setor está mantendo diálogo aberto com o governo e demonstrando os impactos concretos da nova alíquota. “Encaminhamos ofício, mostramos os números. O ministro Silvio Costa Filho (do MPor) está bastante preocupado com o assunto e temos sido bem ouvidos. Esperamos que haja uma solução positiva”, afirmou.
Para além do IOF
Além do IOF, a aviação enfrenta outras pressões, como a reforma tributária, que pode praticamente triplicar a carga de impostos sobre as empresas aéreas. “Quando somamos tudo, o cenário se torna extremamente desafiador”, avaliou Noman.
Com este cenário posto, o presidente da Abear alertou que as companhias não terão muitas alternativas. “Se os custos aumentam, as opções são reduzir a oferta de voos ou aumentar o preço das passagens. O IOF acerta no coração do setor", finalizou.
Impacto de R$ 600 milhões
Com a nova regra, o IOF chega a 3,5% para uma série de transações. Gol, Azul e Latam já enviaram um ofício ao governo federal por meio da Abear justamente para alertar sobre o impacto direto da alíquota em transações como o leasing de aeronaves e a compra de peças no Exterior, além do financiamento bancário. Segundo o estudo, o impacto da nova regra deve ser de R$ 600 milhões para o setor.
Veja a entrevista na íntegra abaixo: