Iata: US$ 1,2 bilhão de companhias aéreas seguem bloqueados por governos
No total, 26 países da África e do Oriente Médio respondem por US$ 1,12 bilhão bloqueados

A Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata) voltou a acender o alerta para um problema que há anos assombra as companhias aéreas: o bloqueio de recursos provenientes de vendas de passagens e carga em diversos países. Ao fim de outubro de 2025, um total de US$ 1,2 bilhão permanecia retido por governos ao redor do mundo (93% desse montante concentrado na África e no Oriente Médio).
O valor representa uma leve melhora de US$ 100 milhões desde o último relatório, em abril, mas continua afetando diretamente a saúde financeira e a operação das empresas aéreas. As restrições variam desde procedimentos burocráticos e inconsistentes para aprovar a repatriação até atrasos prolongados, limitações de acesso a moeda estrangeira e outras travas impostas por autoridades monetárias.
A associação reforça o apelo para que governos removam todas as barreiras e permitam que as companhias acessem suas receitas, conforme garantido em acordos bilaterais de serviços aéreos e tratados internacionais.
“As companhias precisam de acesso confiável às suas receitas em dólares para manter operações, pagar contas e sustentar a conectividade aérea. Com margens apertadas e custos majoritariamente dolarizados, dependemos do cumprimento dos acordos por parte dos governos. Facilitar a repatriação é do interesse dos próprios países, que se beneficiam do papel econômico que a aviação desempenha"
Willie Walsh, diretor-geral da Iata
10 países concentram 89% dos valores retidos
Dez países juntos (principalmente na África, Oriente Médio e Sul da Ásia) somam US$ 1,08 bilhão, quase 90% do total retido. Pela primeira vez, Argélia lidera o ranking, após adotar uma nova exigência de aprovação pelo Ministério do Comércio, agravando um processo já considerado burocrático.
Valores bloqueados por país (em milhões de dólares):
- Argélia – 307
- Zona XAF* – 179
- Líbano – 138
- Moçambique – 91
- Angola – 81
- Eritreia – 78
- Zimbábue – 67
- Etiópia – 54
- Paquistão – 54
- Bangladesh – 32
*Zona XAF inclui Camarões, República Centro-Africana, Chade, Congo, Guiné Equatorial e Gabão.
Instabilidade econômica agrava bloqueios
No total, 26 países da África e do Oriente Médio respondem por US$ 1,12 bilhão bloqueados. E a Iata informa que continuará negociando diretamente com governos e autoridades monetárias para destravar esses valores e garantir previsibilidade às operações das companhias aéreas globais.
Segundo Walsh, a instabilidade política e econômica é um dos principais motivos para o endurecimento das regras cambiais. “Sabemos que a alocação de divisas é uma decisão difícil, especialmente em economias sob pressão. Mas os benefícios no longo prazo - para empregos, Turismo e comércio - superam qualquer alívio financeiro de curto prazo”, reforçou o CEO da IAta.