Karina Cedeño   |   05/05/2025 14:24
Atualizada em 05/05/2025 14:34

Tarifas dos Estados Unidos podem disparar custo de aeronaves, mostra relatório

Companhia aéreas norte-americanas registraram queda média de 10% na receita do primeiro trimestre


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Estudo revela que que a atual guerra comercial deve agravar as interrupções nas cadeias de suprimentos globais
Estudo revela que que a atual guerra comercial deve agravar as interrupções nas cadeias de suprimentos globais

Na última semana, o time de economistas da Allianz Research, divisão de pesquisa da Allianz Trade, publicou o relatório "The cost of a weaker dollar, tariff turbulence ahead for the travel industry and chip war reloaded", que analisou o impacto das tarifas aplicadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, na economia e também no setor aéreo.

Segundo os autores, o setor enfrenta um período turbulento, provocado pelas tarifas impostas, o que pode inflacionar os custos das aeronaves (agravando os desafios já existentes na produção) e possivelmente enfraquecer o Turismo receptivo nos EUA.

A atual guerra comercial interrompeu a recuperação financeira que as companhias aéreas desfrutaram em 2023 e 2024 (quando as receitas saltaram +23% e +7% ao ano, respectivamente, e os lucros voltaram ao positivo).

Entre todos os ventos contrários atuais, o mais preocupante é a capacidade limitada. O estudo aponta que, embora a capacidade do setor tenha crescido cerca de +21% ao ano em 2022 e 2023, em 2024 o ATK global aumentou apenas +8% e deve permanecer limitado a cerca de +5% este ano.

Interrupções nas cadeias de suprimentos

Divulgação/ONU Turismo
A rota do Turismo nos EUA também está mudando e deve pesar sobre as companhias aéreas mais expostas a esse mercado
A rota do Turismo nos EUA também está mudando e deve pesar sobre as companhias aéreas mais expostas a esse mercado

Outro fator analisado no relatório é a dificuldade dos fabricantes de aeronaves e componentes-chave para retornar aos níveis de produção pré-pandemia, dificultando as entregas. Os autores do estudo acreditam que a atual guerra comercial deve agravar as interrupções nas cadeias de suprimentos globais, bem como problemas específicos nos fabricantes, tornando os aviões mais caros. As aeronaves ficaram +16% mais caras nos últimos cinco anos e os preços devem continuar subindo cerca de +20% até 2030, preveem.

A rota do Turismo nos EUA também está mudando e deve pesar sobre as companhias aéreas mais expostas a esse mercado. Os EUA ocupam o terceiro lugar no Turismo internacional global, atrás da França e da Espanha. No ano passado, o país recebeu mais de 72 milhões de visitantes internacionais (+9% ao ano). Esse aumento contribuiu para um recorde de US$ 215 bilhões (+14% ao ano) em receitas com Turismo, tornando este setor (e todos os subsegmentos ligados ao lazer) importante para a economia dos EUA.

Portanto, os economistas avaliam que os temores inflacionários e as incertezas relacionadas ao desgaste nas relações diplomáticas com países vizinhos podem prejudicar o Turismo. Canadá e México representam 52% (37 milhões) dos turistas que visitam os EUA anualmente, e segundo o Departamento de Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA, o número de visitantes cruzando as fronteiras norte e sul já caiu -6% em fevereiro e -8% em março (variação anual).

Queda na demanda por viagens aos EUA

Divulgação
Chegada mensais aos Estados Unidos
Chegada mensais aos Estados Unidos

Os resultados preliminares analisados pelos economistas da Allianz Trade no primeiro trimestre de 2025 destacam a queda na demanda por viagens aos EUA, com as companhias aéreas norte-americanas caminhando para o menor crescimento de receita em 2025.

As taxas de ocupação das companhias que operam dentro dos EUA e para o país estão atualmente em torno de 78%, enquanto antes dos anúncios tarifários de Trump estavam em torno de 84%.

  • Para as grandes companhias aéreas americanas, isso representou uma queda média de receita de -10% no primeiro trimestre (comparação trimestral);
  • As companhias aéreas norte-americanas devem apresentar o menor crescimento de receita entre seus pares globais em 2025, com aumento de apenas 1% ao ano;
  • Em comparação, as companhias europeias devem registrar um crescimento médio de 10%, enquanto as chinesas devem crescer +3%;
  • Além disso, os economistas lembram que os preços do querosene são um fator crucial nos lucros das companhias aéreas, já que o combustível representa seu maior custo operacional (29% do total), de modo que o combustível mais barato é um fator positivo que compensa a queda nas receitas.

Para acessar o relatório completo em inglês, clique aqui.

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