Karina Cedeño   |   20/10/2025 17:02
Atualizada em 20/10/2025 17:37

Tráfego aéreo de passageiros no Chile está em declínio, revela estudo

Demanda diminui, mesmo com os esforços de companhias aéreas e agências de viagens para reverter o cenário


Reprodução/Facebook
Mesmo as rotas internacionais que vinham em alta mostram desaceleração
Mesmo as rotas internacionais que vinham em alta mostram desaceleração

O tráfego aéreo de passageiros no Chile está em declínio e o setor demonstra crescente preocupação. Apesar do otimismo do governo em relação às viagens domésticas e internacionais, os números mostram uma realidade bem diferente: a demanda diminui, mesmo com os esforços das companhias aéreas e agências de viagens para reverter o cenário. As informações são do site El Aéreo.

O país enfrenta baixo crescimento econômico e um clima de incerteza eleitoral que impacta diretamente o consumo. Em setembro deste ano, a Associação Chilena de Linhas Aéreas (Achila) alertou sobre a queda sistemática do tráfego aéreo em 2025 e pediu ações do governo para estimular a demanda e a concorrência.

As agências de viagens também sentem os efeitos: segundo o relatório Travel Insights da Cocha, 38% das passagens são pagas em parcelas e apenas 19% à vista. Durante eventos como Travel Sale, Cyber Day e Black Friday, mais de 80% das compras são parceladas — reflexo da busca por condições mais acessíveis em meio à crise econômica.

Cifras em queda

O mercado doméstico do Chile registra retração, sustentado apenas pelo tráfego ligado à mineração. Mesmo as rotas internacionais, que vinham em alta, mostram desaceleração.

Dados da Junta Aeronáutica Civil (JAC) indicam que do início de 2025 até agora o mercado interno cresceu apenas 0,1%, e o internacional 7,6%, resultando em um avanço geral de 3,2%, sustentado pelos primeiros meses do ano.

Mês
Doméstico
Internacional
Total
Variação YoY (%)




Doméstico
Internacional
Total
Ago-24
1.212.080
1.027.186
2.239.266
0,8
25,7
10,9
Set-24
1.311.821
988.025
2.299.846
6,3
23,3
13
Out-24
1.436.130
988.652
2.424.782
9,5
15,9
12
Nov-24
1.439.897
994.868
2.434.765
4,8
12,2
7,7
Dez-24
1.439.323
1.109.988
2.549.311
4,3
18,1
9,9
Jan-25
1.613.418
1.243.201
2.856.619
-2,5
17,1
5,2
Fev-25
1.532.789
1.143.105
2.675.894
-0,3
12,4
4,7
Mar-25
1.443.660
1.073.261
2.516.921
6,9
9,7
8
Abr-25
1.239.156
866.856
2.106.012
-1,3
6,6
1,8
Mai-25
1.212.220
872.991
2.085.211
-1
4,2
1,1
Jun-25
1.197.299
916.599
2.113.898
-4,2
2,5
3,5
Jul-25
1.306.446
1.158.894
2.465.340
-2,4
4,6
0,8
Ago-25
1.185.227
1.049.484
2.234.711
-2,2
2,2
-0,2
Acumulado 2025
10.730.215
8.324.391
19.054.606
0,1
7,6
3,2
A carga aérea também apresenta queda de 6,3%, enquanto o transporte de pacotes e correio despencou 18,1%. As únicas rotas com desempenho positivo são as ligadas ao setor minerador, como Santiago–Calama e Santiago–Antofagasta. Já trajetos importantes como Santiago–São Paulo, Santiago–Rio de Janeiro, Santiago–Cidade do Panamá e Santiago–Miami registram resultados negativos.
Rota
Agosto 2024
Agosto 2025
Var 25/24 (%)
Participação ago-25 (%)
Santiago - Calama
168.388
185.347
10,1
15,6
Santiago - Antofagasta
156.629
169.907
8,5
14,3
Santiago - Concepción
120.881
107.917
-10,7
9,1
Santiago - Iquique
109.041
106.050
-2,7
8,9
Santiago - Puerto Montt
97.704
94.422
-3,4
8,0
Santiago - Temuco
73.720
67.402
-8,6
5,7
Santiago - Copiapó
52.043
51.208
-1,6
4,3
Santiago - La Serena
68.449
50.397
-26,4
4,3
Santiago - Arica
46.070
45.437
-1,4
3,8
Santiago - Punta Arenas
39.030
37.098
-2,9
3,2
TOTAL
931.955
915.995
-1,7
77,3
Rota
Agosto 2024
Agosto 2025
Var 25/24 (%)
Participação ago-25 (%)
Santiago - São Paulo
172.119
166.537
-3,2
15,9
Santiago - Buenos Aires
121.966
136.691
12,1
13
Santiago - Lima
131.925
133.522
1,2
12,7
Santiago - Rio de Janeiro
76.253
73.270
-3,9
7
Santiago - Bogotá
59.246
61.251
3,4
5,8
Santiago - Madri
59.337
60.505
2
5,8
Santiago - Florianópolis
42.851
45.346
5,8
4,3
Santiago - Cidade do Panamá
45.567
43.265
-5,1
4,1
Santiago - Miami
37.138
35.591
-4,2
3,4
Santiago - Mendoza
26.700
29.036
8,7
2,8
TOTAL
773.102
785.014
1,5
74,8

Menos companhias aéreas e aviões

  • O número de companhias aéreas que operam no Chile caiu de 23 em 2020 para 21 em 2025. Embora ainda existam voos de empresas norte-americanas como Air Canada, Aeromexico, United e American Airlines, algumas operam apenas sazonalmente;
  • A redução está relacionada tanto a fatores da indústria global quanto a questões locais, como as restrições severas impostas durante a pandemia, que afastaram o Chile do Turismo internacional.;
  • Além disso, companhias chilenas estão transferindo aviões para outros mercados. A Latam deslocou aeronaves para o Brasil em busca de melhores oportunidades; a Sky enviou cinco Airbus A320neo à mexicana Viva; e a JetSmart tem direcionado suas novas aeronaves para Argentina e Colômbia, mercados prioritários na expansão do grupo.

Rotas menos rentáveis podem ser suspensas

Ainda de acordo com o site El Aéreo, fontes ligadas ao setor afirmam que o governo demonstra pouca preocupação com o cenário. Se a demanda continuar caindo, rotas menos rentáveis podem ser suspensas, afetando a conectividade de várias regiões — algo que já começa a acontecer no extremo sul do país.

A possível elevação da taxa de embarque internacional em US$ 5 e mudanças regulatórias propostas por parlamentares também preocupam o setor, que teme nova retração, perda de empregos e impacto na economia regional.

“Se essa desaceleração continuar, poderá afetar não apenas o desenvolvimento da aviação no Chile, mas também toda a cadeia de valor que depende dela.”, destacou a Associação Chilena de Linhas Aéreas (Achila) em setembro deste ano.

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Karina Cedeño

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Sobre o autor

Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero em 2011 e com mais de dez anos de experiência em reportagens no setor de Turismo.