Antonio R. Rocha   |   06/08/2018 16:00

Por dentro da Noruega - parte 1: A surpreendente capital Oslo

O especial reúne os diferenciais das cidades de Oslo, Bergen e Trondheim

O Portal PANROTAS inicia hoje uma série especial sobre a Noruega, um dos países mais desenvolvidos e atraentes do mundo. Os seus fiordes e a irreconhecível aurora boreal são um destaque à parte, mas você, leitor, se surpreenderá com o destino além do óbvio.

É cara para a realidade brasileira. Mas compensa. Entrega o prometido. A natureza dá o tom. Pincela e reluz. A aquarela de matizes encanta. Às vezes até mesmo com conotação boreal, cadenciando cores numa aurora sem pressa. O azul, solitário mas em vários tons, emoldura os fiordes, que desafiam - de forma glacial - o curso das águas e a silhueta das pedras. Mas há pedras no meio do caminho.

No meio dos caminhos da Noruega há sempre pedras. Emblemáticas, pontiagudas, de morfologias diversas. Pedra sobre pedra. Assim se pavimenta o trekking dos vikings. Nas pedras (sempre elas e nelas) também se abrem janelas para braços de mar. Quase sempre cristalinos. E sempre cercados por pedras.

Antonio R. Rocha
A Noruega é reconhecida como um dos países mais seguros para se viver no mundo
A Noruega é reconhecida como um dos países mais seguros para se viver no mundo
A Noruega tem atrações diferenciadas. E densas. De harmoniosas aldeias de pescadores no Sul ao reverenciado Sol da meia-noite no Círculo Polar Ártico (no verão). Do invejável Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) a constatações socioeconômicas que nos fazem repensar conceitos. O país que não permite reprovação no sistema de ensino nos reserva uma aula. De desenvolvimento. De natureza. Lições. Reflexões.

LEIA AS DEMAIS EDIÇÕES ABAIXO:
Por dentro da Noruega - parte 2: O casarão e os fiordes de Bergen
Por dentro da Noruega - parte 3: a badalada Trondheim

Dez dias pelas três maiores cidades da Noruega - Oslo, Bergen e Trondheim - podem ser suficientes para um excelente aperitivo. A Noruega vai muito além dessa trilogia, vale lembrar. Mas já dá para se envolver. Namoro na certa. Rola um clima, sobretudo se não for no inverno.

Por mais exuberante que seja o espetáculo da neve entre novembro e março (sim, praticamente a metade do ano), o período mais indicado para usufruir melhor do icônico país nórdico é justamente de abril a outubro. O final da primavera e o início do outono são belíssimos, com friozinho.

O verão tem dias quentes, que podem passar dos 30ºC. Mas nunca se esqueça de um reforçado casaco, pois subitamente a temperatura - sobretudo à noite, que aliás não escurece nesta época - pode virar negativa. Incrível, né? Mas é fato.

Antonio R. Rocha
O Museu Marítimo da Noruega, apenas uma das inúmeras atrações da capital
O Museu Marítimo da Noruega, apenas uma das inúmeras atrações da capital

A capital da Noruega tem charme. Elegância. Não espere um badalado point turístico. Ela é meio sisuda. "Na dela", diria. É fácil visitar suas principais atrações em dois ou três dias. O calçadão à beira-mar, o Arke Brygge, é o local mais animado. Point mesmo. Com restaurantes e bares sempre floridos.

Nos finais de semana, quando a temperatura permite, há shows bem inusitados. Os palcos se improvisam. Fazem parte do show. Os barcos ancorados recebem espetáculos musicais, às vezes eruditos. A calçada, idem. Ao deparar com um piano no caminho, não se surpreenda. Nem desvie. Pare e curta. Se ouvir Tom Jobim, sorria para a pianista. Sensível, ela responderá a gentileza. Descobriu sua origem tupiniquim.

Entre as atrações imperdíveis da capital norueguesa estão a Oslo Opera Ballet House, em estilo arquitetônico futurista e polêmico. A ampla agenda de concertos, porém, é ponto convergente. Os espetáculos são caros, obviamente, mas compensam qualquer "esforço".

Lembre-se mais uma vez: você está na Noruega, um dos países com o custo de vida mais alto do mundo. Quer curtir? Tem que investir. Para quem é ligado em arte, outra dica, desta vez mais em conta: na Galeria Nacional está exposta a obra O Grito, de Edvard Munch.

Antonio R. Rocha
O Sorenge Seawater Pool, onde turistas aproveitam para se banhar no quente verão europeu
O Sorenge Seawater Pool, onde turistas aproveitam para se banhar no quente verão europeu
No circuito de museus, dois deles ficam coladinhos e permitem verdadeiras e didáticas viagens pelos mares, aliás um orgulho norueguês. O Kontik e o Viking reúnem embarcações e fatos que explicam, através dos tempos, uma história de lutas e conquistas desses exploradores e guerreiros.

Outro museu badalado e - este sim - bem cult, com exposições itinerantes e temporárias, é o Astrup Fearnley. Onde fica? Em frente à praia. Acredite.

No canto do Arke Brygge, em meio ao gramado, à ampla marina e a prédios residenciais, rola um pedacinho meio pretensioso de praia. Num final de semana de verão, com 30ºC, sol e céu azul, o museu vira mero vizinho. A melhor arte passa a ser o banho de mar no Sorenge Seawater Pool. Seria o "piscinão de Oslo"?...

De forma sempre estratégica - e Oslo é uma cidade muito fácil para achar e "se achar" -, dá para reunir até três monumentos em um percurso. Exemplo real (sem analogia) reúne, por exemplo, o Palácio Real, o Parlamento e o Museu Histórico. Já bem perto do Arke Brygge está o Nobel Peace Center, bastante visitado e reverenciado pelos turistas. Imaginem que se trata do único local, fora de Estocolmo, onde se recebe um Prêmio Nobel. E é logo o da Paz! Selfie garantida.

E como caminhar e pedalar (muitos hotéis oferecem bicicleta) por parques e praças é algo bem típico de Oslo, reserve um tempinho para visitar duas áreas verdes repletas de esculturas: o Vigeland e o Ekeberg. Você certamente não entenderá a simbologia de algumas peças (na verdade, da maioria delas), mas dá para captar algo. Sairá mais culto, quem sabe?

Antonio R. Rocha
As cores também marcam presença nos murais de Oslo
As cores também marcam presença nos murais de Oslo
Vai embora de Oslo? Já? Rumo a Bergen? De avião, é apenas uma hora de voo. A SAS, a Norwegian e a Finnair, as três principais empresas aéreas que operam na Escandinávia, têm até tarifas atraentes. Esqueça algo semelhante a low cost. São preços em conta apenas se comparados aos cobrados pelo trens. Mas neste trecho específico, de Oslo a Bergen (ou vice-versa), não hesite em gastar e vá por via férrea.

Encare de boa as sete horas de trem. Seus olhos agradecerão. Trata-se, de acordo com a propaganda que rola entre os nórdicos, de um dos roteiros ferroviários cênicos mais exuberantes da Europa. É uma sucessão de vilarejos, montanhas ainda cobertas de neve mesmo no verão, rebanho saudável, casinhas e casarões de madeira.

A janela do trem descortina o fascínio. Olha... a "briga" com algumas rotas sobre trilhos suíços é das melhores, hein? Vá e vote. Particularmente, ainda sou Suíça neste item. Mas ser vice é honroso, né?

Amanhã, a parte dois do especial sobre a Noruega apresentará os diferenciais de Bergen. Fique ligado!

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