Rodrigo Vieira   |   10/12/2021 17:07
Atualizada em 13/12/2021 11:10

Magda pede respeito ao agente; leia entrevista com a presidente reeleita

Veja o que a presidente reeleita da entidade pensa para o próximo biênio


PANROTAS / Emerson Souza
Magda Nassar, presidente da Abav Nacional
Magda Nassar, presidente da Abav Nacional

Magda Nassar é um dos principais nomes da política associativa do Turismo nos últimos anos. Dá a cara para bater em vários assuntos. Se diz respeito ao mundo da distribuição de viagens ela está lá, dialogando, trabalhando, colocando dedo em feridas e até esbravejando quando preciso.

Reeleita presidente da Abav Nacional até 2023, a ex-presidente da Braztoa e diretora da Trade Tours diz que esta liderança agrega a ela muito mais em âmbito pessoal do que profissional; que está surpresa com a aclamação e do carinho dos agentes e do trade por essa reeleição; que se sente indignada com quem reclama de passividade da entidade; e, por fim que, novamente, ninguém espere uma presidente figurativa neste próximo biênio, perfil este nunca pertencente à imagem de Magda Nassar.

PORTAL PANROTAS - No começo deste ano a senhora disse que não estava interessada em reassumir a presidência da Abav Nacional. O que a fez mudar de ideia?
MAGDA NASSAR - Temos uma diretoria muito unida, uma chapa confortável. Dois anos atrás eu não conhecia a Abav Nacional como conheço hoje. De qualquer maneira, mudei de ideia porque ainda sinto que eu e toda a diretoria tem coisas para resolver aqui. Acabei cedendo.

PANROTAS - O que essa vida na política associativa lhe agrega pessoalmente e profissionalmente?
MAGDA - Me agrega muito mais em âmbito pessoal. Esses dois anos de Abav Nacional me ensinaram muita coisa. O cenário político do País se transformou no tempo que em que estive à frente da Abav, principalmente em comparação com a Braztoa, onde trabalhei em um período de um partido específico no Brasil. Foi uma transição política muito intensa nesses últimos anos e isso nos afetou, às vezes positivamente e outras vezes nem tanto.

Mas profissionalmente estou em uma empresa muito estabelecida. A Trade Tours é uma empresa de primeira linha, com boa gestão, sólida. Minha vida profissional sempre estará em primeiro lugar, porém sinto que tenho coisas a fazer em termos de contribuição para o Turismo. As pessoas acham que tenho de continuar e eu também sinto isso.

Resumindo: não consigo ver benefícios profissionais que a presidência da Abav Nacional pode me trazer, mas, no âmbito pessoal, me sinto muito grata pela forma como fui tratada pelos agentes nesses dois anos. Foi muito surpreendente a reação das pessoas à minha gestão. Isso me faz continuar.

PANROTAS - E a senhora nunca consegue fazer um papel figurativo, né?
MAGDA - Se minha missão fosse por puro ego, eu já teria cumprido. Nosso mercado tem exposição. Mídias como a PANROTAS dão uma visibilidade, uma audiência muito grande. Se fosse por isso, eu já teria conseguido. O que me proponho a fazer é trabalhar. Não quero sair em fotos, quero resolver problemas. Sinto que os problemas dos agentes são problemas meus, pois eu trabalho nisso também. Sou uma agente de viagens, faço por mim e pelos outros.

PANROTAS - O que o Turismo pode esperar da Abav Nacional dos próximos anos? No que vocês pretendem dar continuidade?
MAGDA - A Abav está em uma estabilidade muito importante. Em quase dois anos de pandemia, nos estabilizamos. Nosso papel cresceu em importância como entidade tomadora de decisão, como uma entidade que trouxe soluções ao mercado. Não só falamos, mas deixamos legado. Nosso e-book tem cerca de 80 semanas de trabalho, de ações publicadas. Isso tem que continuar.

A Abav nada mais é do que um grupo organizado, unido, que apresenta resultado e o mercado inteiro usufrui. Partindo de mim, passando pela diretoria e todos os presidentes estaduais, entregamos resultados claros nesses últimos dois anos.

PANROTAS - Fale mais sobre esses legados.
MAGDA - Conseguimos muita coisa nos últimos dois anos, mas menos do que queríamos. Entretanto, há conquistas históricas, como a lei dos reembolsos, a negociação na redução salarial para não haver demissão em massa na pandemia, trabalhando com sindicatos, federação e com o apoio de outas entidades. Também fizemos um movimento inédito do agenciamento com Abav, Clia, Abracorp, Airtkt e outras, nos esforçamos para formar o G20 e muito mais.

Quem me pergunta ironicamente "o que a Abav faz?" está mal informado. Basta ler um pouco do nosso E-Book, basta procurar entender um pouco melhor nosso papel.

PANROTAS - E quais são os maiores focos hoje?
MAGDA - É o Projeto de Lei 908, da responsabilidade solidária. Estamos trabalhando ao lado da deputada federal Joice Hasselman, muito fortemente, para corrigir essa injustiça histórica. Era para o PL ter entrado em votação essa semana e foi brecado, mas garanto que vai acontecer. O texto está redondo, muito justo, e a deputada está fazendo muito bem o seu papel.

Além disso, vamos continuar trabalhando para regularizar a profissão do agente, não só as agências. Há ainda a decisão sobre o IRRF e tantas outas coisas.

PANROTAS - Qual a diferença em presidir a Abav Nacional e a Braztoa?
MAGDA - A Braztoa é muito forte, tão forte quanto nós. Porém a Abav é bem mais complexa, pelo seu tamanho, sua representatividade, pulverização no território nacional. A Braztoa também cobre o Brasil inteiro, mas não fisicamente como nós. Na Abav, cada Estado tem seu presidente, sua diretoria. Isso não é simples.
E, vale dizer, quando assumi a Braztoa foi "no susto", com a saída do Marco Ferraz. Aliás, pensando bem, na Abav também foi no susto (risos). Essa é minha vida na política associativa.
Mas voltando à pergunta: o tamanho da Abav Nacional e as diretorias estaduais a tornam complexa. Na Braztoa, por ter menos profissionais, ficávamos mais próximos e resolvíamos as coisas com um pouco mais de agilidade.

PANROTAS - Qual é o recado da Abav Nacional ao agente de viagens e ao trade, de maneira geral?
MAGDA - Agentes, seguimos tendo injustiças, problemas, comercializações atribuladas e isso não é fácil de mudar. Temos de trabalhar juntos, como um movimento, pensando na Abav, pensando na nossa atividade. Somos todos iguais, estamos trabalhando duro. Toda minha diretoria e muita gente no Brasil afora para conseguirmos os resultados que merecemos. Precisamos de união.

Aos fornecedores, que respeitem seu canal de distribuição, que é um canal tão poderoso que no menor segmento distribui 60% de seu produto e, no maior, que é no setor de cruzeiros, 90%. Se você não nos quer como canal de distribuição, essa é uma escolha sua, mas você tem de nos respeitar, respeitar o agenciamento. Temos um canal de distribuição de altíssimo nível e baixíssima remuneração. A remuneração ao agente tem de ser maior, pois ele merece. Essa é uma das discussões que precisamos ter. O agente tem de ter seu papel de importância nesse mercado que foi super testado durante a pandemia.

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