Como o racismo no Turismo motivou a criação da Diaspora.Black? Leia o artigo
CEO compartilha sua trajetória no terreiro de umbanda em que cresceu até a criação da empresa

Em novo artigo, em homenagem ao Dia da Consciência Negra, que é celebrado nesta quinta-feira, dia 20 de novembro em todo o País, Carlos Humberto, CEO da Diaspora.Black, conta como o racismo no Turismo motivou a criação da empresa, hoje referência mundial em Turismo afrocentrado.
Confira o artigo na íntegra:
Como o racismo no turismo motivou a criação da Diaspora.Black, referência mundial em turismo afrocentrado
"Mais do que uma data no calendário, o Dia da Consciência Negra é um convite à reflexão sobre o legado e o protagonismo da população negra no País. Para o empreendedor e ativista Carlos Humberto, fundador da Diaspora.Black, essa consciência nasce do cotidiano, das memórias do terreiro de umbanda em que cresceu no Rio de Janeiro às experiências de racismo que o impulsionaram a criar uma das maiores plataformas de Turismo afrocentrado do mundo.
A história de Carlos e da Diaspora.Black se cruzam desde a infância. Criado num terreiro de umbanda em Nova Iguaçu, Carlos aprendeu cedo valores como acolhimento, ancestralidade e coletividade. Ainda menino, foi o “mobilizador das farofadas”: organizava excursões às praias cariocas para vizinhos e amigos, sem imaginar que ali estavam os primeiros passos de um futuro empreendedor do Turismo.
Anos depois, fruto das ações afirmativas que abriram as portas da universidade, Carlos ampliou seus horizontes acadêmicos e profissionais, chegando a realizar um Summit School em Harvard. Trabalhou em instituições como o IBGE e a Fundação Roberto Marinho, onde liderou equipes e projetos. Mas foi no setor de Turismo que começou a vivenciar o racismo de forma mais direta. “Quando eu voltava para o hotel à noite, sempre havia algum tipo de abordagem. Perguntavam se eu realmente estava hospedado ali, ou havia confusão com a reserva, e só comigo. Foi aí que percebi que precisava existir uma empresa que treinasse profissionais para que pessoas negras não passassem por essas situações”, lembra.
O estopim veio em 2016, quando, ao alugar um quarto de sua casa em Santa Teresa para turistas, passou a viver episódios de discriminação dentro da própria residência. “Algumas situações eram sutis, outras mais contundentes. Teve um turista que se recusou a entrar na minha casa. Foi o ápice para mim”, recorda. A partir dali, nasceu a ideia de criar uma rede de Turismo e de formação antirracista. Inspirado na história do americano Victor Hugo Green, carteiro que há quase um século criou um guia para que viajantes negros evitassem situações de constrangimento nos EUA, Carlos reuniu um grupo de parceiros e fundou a Diaspora.Black.
Desde então, a plataforma tem impacto em mais de 18 países, oferecendo experiências de Turismo e cultura afrocentrada. “A Diaspora.Black nasce de uma dor, mas se transforma em uma potência. Nosso papel é reconstruir narrativas e gerar oportunidades a partir da ancestralidade e da inovação”, afirma Carlos".