Beatrice Teizen   |   30/09/2020 10:20   |   Atualizada em 30/09/2020 11:29

Especialista tira dúvidas de pesquisa da Fenactur sobre agências

Estudo sobre as características do setor de agenciamento de viagens no Brasil gerou algumas dúvidas

Na última segunda-feira (28), o Portal PANROTAS publicou um estudo especial sobre as características e particularidades do setor de agenciamento de viagens no Brasil, produzido pela Federação Nacional de Turismo (Fenactur), com apoio da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

O levantamento revela que o País reúne aproximadamente 23 mil agências de Turismo e gera cerca de R$ 10 bilhões em serviços por ano, com valor adicionado de R$ 6,3 bilhões. No entanto, a pesquisa acabou gerando algumas dúvidas nos leitores a respeito do número de empresas e valor da movimentação.

Entramos em contato com Glauber Eduardo de Oliveira Santos, doutor em Economia do Turismo e do Meio Ambiente pela Universitat de les Illes Balears (Espanha) e doutor em Administração de Organizações pela Universidade de São Paulo (USP), para esclarecer alguns questionamentos.

Confira abaixo a resposta do coordenador técnico do Ipeturis.

R$ 10 BILHÕES: SERVIÇOS E NÃO VENDAS
"Conforme o texto do relatório, ‘as empresas de agenciamento de viagens produzem anualmente um total de R$ 10 bilhões em serviços’. O valor se refere à produção de serviços por parte das agências, não incluindo o valor dos serviços intermediados por essas empresas. Por exemplo, se uma agência vende uma passagem aérea, o valor do serviço prestado corresponde à taxa de serviços cobrada (RAV) ou ao valor agregado ao preço, o que representa a receita da empresa de agenciamento. A passagem aérea em si é uma produção da companhia aérea, não da agência de viagens.
Reprodução/LinkedIn
Doutor Glauber Eduardo de Oliveira Santos
Doutor Glauber Eduardo de Oliveira Santos

É importante salientar que o valor anual de R$ 10 bilhões produzidos em serviços pelas empresas de agenciamento de viagens é líquido de impostos sobre a receita.

Uma parte do valor da prestação de serviços é dedicado ao pagamento do consumo intermediário (aluguel, sistemas, energia etc). Outra parte é dedicada aos gastos com pessoal (salários e benefícios). O que sobra é o excedente operacional bruto (lucro).

Cabe destacar que esse número de R$ 10 bi é um dado oficial do IBGE. Trata-se de uma estimativa da Pesquisa Anual de Serviços de 2017 (link para a pesquisa). Os conceitos (como valor bruto da produção), adotados pelo IBGE, são definidos pela Comissão de Estatística das Nações Unidas (ONU) no âmbito do Sistema de Contas Nacionais. Portanto, os valores são compatíveis com todo o Sistema de Contas Nacionais do Brasil, incluindo o cálculo do próprio PIB."

23 MIL AGÊNCIAS
Os dados são da RAIS (Relatório Anual de Informações Sociais) e se referem a todas as empresas registradas com os CNAEs de agências (Divisão 79). A RAIS é exigida de todas as empresas, exceto empresas públicas, organismos internacionais e microempresários individuais (MEI) que não têm empregados. Tradicionalmente esse relatório era exigido pelo Ministério do Trabalho. O sistema foi absorvido pelo Ministério da Economia, que mantém a obrigatoriedade da declaração. A vantagem é que os dados da RAIS são anuais, permitindo o acompanhamento da evolução dos números. Segundo o Cadastro Central de Empresas (CEMPRE) do IBGE, incluindo os MEI, existem 38 mil agências de viagens no País. Os dados do CADASTUR têm outra sistemática de registro.”

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