Maria Izabel Reigada   |   02/09/2022 11:15
Atualizada em 02/09/2022 16:19

Salvador crê em permanência média de 10 noites dos visitantes

O destino está com novos equipamentos turísticos e altas expectativas para a próxima temporada

Anfitriã do Capa Latin America, evento realizado em Salvador na semana passada, a Secretaria de Cultura e Turismo da capital baiana aproveitou o evento para mostrar a seus cerca de 200 participantes como a cidade se preparou para a retomada das viagens no pós-pandemia.

Divulgação
Andrea Mendonça, secretária de Cultura e Turismo de Salvador
Andrea Mendonça, secretária de Cultura e Turismo de Salvador
Em entrevista ao Portal PANROTAS, a secretária de Cultura e Turismo, Andrea Mendonça, e o diretor de Turismo da Secult, Antônio Barreto Jr., falam sobre os novos equipamentos turísticos, a revitalização da orla soteropolitana e as altas expectativas para a próxima temporada, com incremento da malha aérea internacional, mais de 120 voos da Azul Viagens e a possibilidade de captar eventos para o centro de convenções da cidade, inaugurado semanas antes do início da pandemia.

PANROTAS – Como está sendo a retomada da visitação turística em Salvador no pós-pandemia? Há números da temporada de julho que possam ser compartilhados? Quais as expectativas para o próximo verão?
ANDREA MENDONÇA – Salvador em está em alta. A capital da Bahia foi o terceiro destino mais
procurado no primeiro semestre deste ano, segundo divulgação da Decolar, e ficou entre os cinco destinos mais reservados por estrangeiros no mês de julho, de acordo com o Booking.com. E fomos citados pela revista Condé Nast Traveller, de Londres, como o melhor destino para passar o Natal. Diante disso, a expectativa é de que o verão 2022/2023 seja excelente.

Já estamos aguardando uma temporada de cruzeiros que deve superar os 155 mil passageiros, talvez uma das melhores temporada dos últimos anos. Iniciamos os roadshows 2022 pelo Brasil – dentre eles alguns exclusivos com a CVC. Estabelecemos negociações com a Azul Viagens, que disponibilizou mais de 25 mil assentos para nossa capital. Estamos em constantes conversas com a Tap, para ampliação do mercado internacional, com o aumento dos voos e conexões com a Europa. Em julho, a ocupação média hoteleira foi 34,5% superior na capital baiana que no mesmo período do ano passado.

PANROTAS – Como Salvador se preparou para a retomada, após o período de pandemia? O que foi priorizado pela Secretaria nesse período?
ANDREA – Vamos Destacar o trabalho realizado pela Prefeitura, através da Secretária de Cultura e Turismo, para que Salvador não ficasse estagnada no pós-pandemia. Iniciamos com uma grande campanha de marketing para que a cidade ficasse no imaginário das pessoas. Tivemos também o RoadShow Salvador, uma capacitação voltada para o canal de vendas do turismo, incluindo operadores e agentes de viagens, em mais de dez cidades do País e do exterior. Capacitamos mais de duas mil pessoas com serviços ligado ao setor de turismo, entregamos as orlas de Stella Maris e Ipitanga completamente requalificadas, lançamos webséries, a exemplo da “Salvador Por Soteropolitanos”, apresentando os bairros da cidade por moradores de cada região, e a “Live Tour Salvador”, iniciativa pioneira que envolveu uma série de roteiros apresentados ao vivo, direto dos pontos turísticos, através das redes sociais. Teve também a Websérie “Caminhos de Fé”, que abraça o Turismo religioso que é tão rico na Cidade da primeira Santa Brasileira.

Para alavancar a posição da cidade dentro desse cenário, entregamos um equipamento cultural importante para nossa capital, a Cidade da Música da Bahia, no Comércio, que soma aos equipamentos culturais já entregues nos últimos anos, a exemplo da Casa do Carnaval da Bahia, espaços Pierre Verger da Fotografia Baiana e Carybé das Artes, e a Casa do Rio Vermelho – Jorge Amado e Zélia Gattai. Outras iniciativas também estão em andamento e vão fortalecer ainda mais Salvador como um dos principais destinos do país, ajudando a movimentar a economia e gerar emprego e renda para os cidadãos.

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Antônio Barretto Jr, diretor de Turismo da Secult, com parte de sua equipe, Manoel Neto e Leila Nogueira, no coquetel de recepção do Capa Latin America
Antônio Barretto Jr, diretor de Turismo da Secult, com parte de sua equipe, Manoel Neto e Leila Nogueira, no coquetel de recepção do Capa Latin America
Para fortalecer o turismo náutico, lançamos o Comitê Náutico, que está colhendo frutos. Em 2023, vamos receber um evento internacional, o Salão Náutico Salvador com Grand Pavois. Ainda podemos citar as negociações de promoção do destino Salvador na Europa com a Air Europa e o constante trabalho em conjunto para captação de voos com a Vinci Airports, administradora do Aeroporto de Salvador.

PANROTAS - A Cidade da Música é um dos novos equipamentos da cidade e parte da orla de Salvador já foi revitalizada. Quais são hoje os principais projetos em desenvolvimento pela Secult?
ANDREA – A entrega, ainda neste ano, do Centro de Interpretação do Patrimônio, complexo arquitetônico formado pela nova sede do Arquivo Público Municipal e pela Casa da História de Salvador, um casarão antigo que está sendo reformado para abrigar um inovador projeto museográfico. Estamos atualmente com programas de fortalecimento do Afroempreendorismo, como o AfroBiz, AfroEstima, Salvador Capital Afro e Baiana Legal. Vamos lançar ainda este ano o Projeto “Parque Centro Histórico”.

PANROTAS – Salvador já recuperou sua grade de eventos no pós-pandemia? O centro de convenções foi inaugurado pouco antes do início da pandemia... Como espera-se que ele contribua para a captação de eventos para a cidade?
ANDREA – A retomada dos eventos tem sido bastante positiva. Voltamos mais fortes, tudo isso é mérito da Prefeitura que não parou nenhum momento de investir na área de promoção turística da cidade, principalmente nos meios digitais. Outro fator que tem se fortalecido bastante é o turismo de negócios. Salvador ficou seis anos sem um centro de convenções, prejudicando a cadeia produtiva de eventos corporativos e gerando um prejuízo para a economia da cidade na ordem de R$ 2,5 bilhões. Com a entrega do CCS pela prefeitura de Salvador, nossa capital volta a ser inserida no roteiro dos grandes eventos corporativos nacionais e internacionais, com impacto direto na economia da cidade em cerca de R$ 500 milhões por ano.

PANROTAS – Na semana passada Salvador sediou o Capa Latin America. Qual a importância da realização desse evento para a cidade? Já há notícias de empresas aéreas interessadas em ampliar a oferta de voos ou começar a voar para o destino?
ANTÔNIO BARRETTO JÚNIOR – A captação do evento CAPA Latin America Aviation e LCC Summit, inédito aqui no Brasil, foi de fundamental importância para trazer novas rotas aéreas internacionais para a cidade, a partir da reunião dos CEOs, presidentes e os principais executivos das companhias aéreas das Américas e Europa. Eles tiveram a oportunidade de conhecer in loco a infraestrutura e os atrativos turísticos do destino Salvador e seus principais atributos e diferenciais competitivos, tais como belezas naturais, aeroporto requalificado, novo centro de convenções, centro histórico tombado pela Unesco e mais de 60 quilômetros de orla urbana.

A Aerolíneas Argentinas já anunciou na Capa a ampliação das suas frequências diretas para Salvador a partir de outubro, enquanto a Air Europa voltará a voar para Salvador a partir de dezembro. A Tap ampliará sua frequência para Salvador também a partir de dezembro e a Gol anunciou a implantação do seu hub em Salvador, além de nova operação em codeshare com a empresa baiana Abaeté Linhas Aéreas. A Azul Viagens, operadora da empresa aérea Azul, anunciou mais de 120 voos dedicados para Salvador a partir de dezembro.

PANROTAS – Na abertura do Capa Latin America, o prefeito de Salvador falou sobre a ampliação da permanência do visitante em Salvador, podendo chegar até dez noites. Qual é o número de pernoites médio dos visitantes hoje? Quais seriam os principais desafios que a Secult encontra para atingir essa meta?
ANDREA – Segundo uma série de pesquisas de demanda turística de Salvador realizadas pela Secult, o tempo médio de permanência do turista em Salvador vem aumentando ao longo dos anos e atualmente está em sete dias. Isso graças a uma ampla requalificação da cidade, principalmente na orla marítima, com implantação de mais de 300 quilômetros de ciclovias, requalificação dos pontos turísticos e a implantação de novos equipamentos culturais, tais como a Casa do Rio Vermelho, o Espaço Pierre Verger da Fotografia Baiana, no Forte de Santa Maria, o Espaço Caribé de Artes, no Forte de São Diogo, a Casa do Carnaval da Bahia, a Cidade da Música da Bahia, a Casa das Histórias de Salvador com o Arquivo Público Municipal, além da requalificação do Memorial da Baianas. O desafio é manter cada vez mais o turista na cidade, apresentando Salvador como um destino de férias completas, muito além do sol e da praia, e enaltecendo os atributos históricos, culturais, gastronômicos da primeira capital do Brasil.

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