Temor de deportações pode reduzir Turismo de brasileiros aos EUA nas férias de julho
Período de alta temporada levanta dúvidas entre viajantes que temem entraves na imigração americana

O setor de Turismo internacional se prepara para um dos períodos mais movimentados do ano com a chegada das férias de verão no hemisfério norte. No entanto, a movimentação para os Estados Unidos, destino tradicional de brasileiros e europeus nesta época, pode enfrentar uma retração.
A percepção de um ambiente migratório mais rígido tem feito até mesmo turistas com autorização regular repensarem suas viagens, optando por destinos alternativos em busca de mais previsibilidade, de acordo com Daniel Toledo, sócio do escritório Toledo e Advogados Associados.
Segundo ele, a sensação é de que o processo de entrada está mais exigente, incluindo interrogatórios extensos e checagens rigorosas na chegada. Isso gerado apreensão entre famílias que planejavam viajar durante o recesso escolar. O receio é legítimo, mas deve ser equilibrado com informação.
“O visto de Turismo, como o B-2, e o ESTA continuam válidos e funcionam para milhões de viajantes. Mas, de fato, temos recebido mais relatos de turistas preocupados com abordagens mais rigorosas na imigração americana, inclusive entre pessoas que entram com autorização eletrônica”
Daniel Toledo, sócio do escritório Toledo e Advogados Associados
O ESTA (Electronic System for Travel Authorization) é um mecanismo de entrada facilitada para cidadãos de países que têm acordo de isenção de visto com os Estados Unidos, como Itália, Portugal, Espanha e Alemanha. Muitos brasileiros com dupla cidadania europeia utilizam esse recurso para viagens de curta duração.
No entanto, Toledo alerta que, mesmo com o ESTA aprovado, a entrada no país ainda depende da avaliação do agente de imigração no desembarque. “A autorização pode ser revogada na hora. A diferença é que quem viaja com o ESTA tem menos camadas de proteção jurídica caso algo dê errado”, pontua.
O temor é alimentado por experiências recentes de passageiros que, mesmo com documentação em ordem, foram impedidos de entrar nos Estados Unidos após entrevistas prolongadas. Em alguns casos, o desconforto não vem da negativa em si, mas da insegurança sobre quais critérios estão sendo usados para avaliar os turistas.
Toledo reforça que o ambiente não é de proibição, mas sim de maior rigor e subjetividade na análise. “O que percebemos é uma mudança na forma como a entrada é conduzida, exigindo mais preparo e clareza do turista. Documentos organizados, reservas confirmadas e um roteiro bem definido fazem diferença”, afirma.
Agências de viagem também têm relatado remarcações para destinos com entrada mais previsível ou sem necessidade de visto. A recomendação para quem mantém os planos de visitar os EUA continua sendo o planejamento e a busca de informações com antecedência.