Da Redação   |   14/05/2024 13:54

César Nunes, da Atrio: "PERSE marca vitória para além da política"

VP da administradora destacou feito inédito do programa em unir diferentes lideranças pela mesma causa


Divulgação
César Nunes, vice-presidente de Marketing e Vendas da Atrio Hotel Management
César Nunes, vice-presidente de Marketing e Vendas da Atrio Hotel Management

Em abril, um novo Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (PERSE) foi aprovado pelo Senado Federal, mantendo isenção fiscal para os setores do Turismo e Eventos, dando continuidade ao desenvolvimentos dos setores fortemente afetados pela pandemia de covid-19.

Para o vice-presidente de Marketing e Vendas da Atrio, César Nunes, o movimento em prol do programa conseguiu driblar a polarização da política brasileira e fortaleceu a importância do Turismo para o Congresso Nacional.

"PERSE foi capaz do feito inédito de unir diferentes lideranças pela mesma causa e fortaleceu a visão do Congresso Nacional em relação a uma indústria que é tradicionalmente fragmentada em diferentes setores, atividades e entidades."

César Nunes, vice-presidente de Marketing e Vendas da Atrio Hotel Management

Confira abaixo o artigo completo de Nunes.

PERSE: vitória além da política

César Nunes, vice-presidente de Marketing e Vendas da Atrio Hotel Management

Em tempos de polarização política, é muito difícil ver um tema rejeitado ao mesmo tempo por governos de esquerda e de direita. O movimento que faz mais sentido nos dias de hoje é um lado repelir e o outro defender. Não foi o que aconteceu com o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (PERSE), projeto que visa apoiar a recuperação de 30 setores dos segmentos de eventos, turismo e hotelaria.

Vetado em 2021 por Jair Bolsonaro e derrubado no ano passado pela Medida Provisória 1202 de Fernando Haddad, o PERSEpercorreu uma trajetória de altos e baixos, tendo como último ato, no apagar das luzes de abril, a aprovação pelo Senado Federal da manutenção do programa até 2026 – o próximo é a expectativa por sanção presidencial. O que merece reflexão, independentemente dessa decisão do presidente, é a relevância que o programa conquistou desde o seu surgimento.

O PERSE vai muito além do status de projeto de lei: ele tem potencial real de impulsionar o desenvolvimento do turismo. Afinal, o programa foi capaz do feito inédito de unir diferentes lideranças pela mesma causa e fortaleceu a visão do Congresso Nacional em relação a uma indústria que é tradicionalmente fragmentada em diferentes setores, atividades e entidades. Foi diante do risco iminente de falência em massa, durante e no pós-pandemia, que o PERSE se tornou um aglutinador.

Diferentes associações fatiam o mercado para representar os vários setores econômicos da indústria, mas acabam tornando difícil a missão de enxergar o quadro de forma mais completa e integrada, especialmente porque estamos falando de uma indústria gigante – me permito citar os indicadores da professora Mariana Aldrigui, doutora em Turismo e pesquisadora da Universidade de São Paulo: seus estudos informam que o setor tem envolvimento direto com 21 setores da economia e que, somando atividades compartilhadas, indiretas e as surgidas em situações de mercado aquecido, os benefícios se estendem a outros 551 setores.

Apesar dessa dimensão, o turismo não conseguia se unir em uma única voz para mostrar seu impacto na economia brasileira. Foi o PERSE que conseguiu esse feito, garantindo vínculo entre hoteleiros, profissionais de diferentes setores de turismo e eventos, empresas privadas e representantes de mais de 20 entidades por um mesmo discurso. O protagonismo coletivo torna-se sua maior conquista e um fato irreversível.

O Congresso está convencido. A Frente Parlamentar Mista da Hotelaria Brasileira foi criada em outubro de 2023 e segue como uma das maiores bancadas em representatividade. Não tenho como prever o futuro, mas acredito que essa união inédita deve permanecer e aumentar cada vez mais a conscientização em relação à importância do turismo no Brasil. Parto do pressuposto que quando competidores se perfilam em um único lado e conseguem mostrar sua relevância aos representantes eleitos fica mais simples vislumbrar o avanço de outras pautas coletivas e importantes para o turismo e para o Brasil.

A começar pela possibilidade de posicionar o Ministério do Turismo junto ao Ministério da Fazenda, como acontece em destinos nos quais a atividade turística tem grande relevância no desenvolvimento econômico, como Alemanha, México e Chile, para citar alguns. Também é urgente garantir uma maior participação do governo na questão de incentivos, na captação de grandes eventos, na divulgação internacional e na facilitação de entrada do turista estrangeiro. Só assim poderemos desenvolver mais o turismo de lazer em um País de dimensões continentais e riquezas naturais e culturais que resultam em múltiplas oportunidades de produtos para diferentes perfis de turistas.

Olímpia, no interior de São Paulo e Gramado, no Rio Grande do Sul, são bons exemplos de que o turismo, quando é bem estruturado e tem o envolvimento e o incentivo de governos e prefeituras traz benefícios a toda a economia da cidade e do entorno. Esses casos isolados deveriam se tornar regra com o apoio no âmbito federal, estadual e municipal aproveitando esse momento de projeção nacional.

Projetos e programas de estímulo às viagens executados pelo Governo ou pela iniciativa privada também são bem-vindos. Como o saudoso Passaporte Brasil, da extinta Varig, que oferecia aos estrangeiros a oportunidade de voar para três destinos domésticos brasileiros por um valor fechado. Essas ideias podem ser retomadas para que o Brasil se destaque entre seus competidores e estimule ainda mais a vinda de viajantes de todo o mundo.

Alavancar o turismo também é possível pelo avanço de pautas que estão paradas há anos. As entidades estão mais próximas, há um diálogo constante entre elas e é preciso aproveitar esse momento de visibilidade para dar andamento a projetos que têm natureza econômica e potencial para gerar emprego e divisas.

A indústria turística comprovou a sua força e agora cabe ao setor listar as demandas prioritárias, criar um plano de trabalho conjunto de continuidade e seguir com o trabalho junto ao Congresso, a casa onde nasce boa parte das leis. Cabe ao governo abraçar de vez o segmento turístico e dar a ele a importância merecida como economia limpa, fonte importante de renda e geradora de empregos.

Afinal, o turismo é feito por pessoas e para pessoas.


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