Artur Luiz Andrade   |   14/09/2020 18:04   |   Atualizada em 14/09/2020 18:13

Nordeste, Europa e viagens curtas lideram vendas de operadoras

79% das operadoras associadas Braztoa realizaram vendas em agosto


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Porto de Salvador
Porto de Salvador
O sexto levantamento mensal da Braztoa desde o início da pandemia de covid-19 aponta que 79% das operadoras associadas realizaram vendas em agosto. Em julho o índice havia sido de 78%, mas como agosto é um mês tradicionalmente de volume menor de vendas, essa estabilidade é vista como positiva pela entidade.

Ainda segundo o levantamento, o percentual de empresas que apontou ter vendido até 50% comparado ao faturamento do ano anterior deu um salto de 10% para 25% em agosto, dividindo o segundo lugar no ranking com as empresas que faturaram de 11% até 25% em relação ao mesmo período de 2019. O número de operadoras cujo faturamento ainda está até 90% menor do que em 2019, segue alto, em 40%, mas tem apresentado queda desde julho (era 45% em julho e 72% em junho). Para 87,5% das operadoras, agosto foi melhor ou similar a julho.

VIAGENS PARA 2021
A maior parte das consultadas disse ter vendido viagens cujos embarques se concentram no primeiro semestre de 2021 (67%), seguidas de viagens que se realizarão em novembro (50%) e dezembro (50%) deste ano. Depois aparecem outubro (46%), setembro (44%) e agosto (29%). As viagens para o segundo semestre de 2021 mantiveram-se no patamar indicado em julho e fizeram parte das vendas de 38% das empresas.

O levantamento mostra que, quanto mais próximo de 2021, maior fica confiança das pessoas em viajar, à medida em que elas se sentem mais seguras e, também, pela possibilidade da aprovação de uma vacina e abertura de fronteiras. E, segundo a análise da Braztoa, “chama a atenção que, embora o consumidor tenha se mantido recluso nesse período, ele tem aproveitado o isolamento para já planejar as viagens que desejam fazer logo depois”.

DESTINO NORDESTE
A região Nordeste se destacou mais uma vez, fazendo parte das vendas de 83% das operadoras, seguida das regiões Sudeste, indicada por 80% das pesquisadas, Sul (74%), Centro-Oeste (70%) e Norte (62%).
Entre os destinos nacionais mais comercializados em agosto, em cada região, figuraram: Salvador, Porto de Galinhas, Angra dos Reis, interior de São Paulo, Serra Gaúcha, litoral de Santa Catarina, Bonito e Amazônia.

No internacional, destaque para a Europa, que esteve presente nas comercializações de 75% das pesquisadas, seguidas da América Central/Caribe (62%), América Sul (55%), América do Norte e Ásia/Oceania (48% cada) e África (24%).

Entre os destinos internacionais mais procurados estão: Portugal, Itália, Cancún, Punta Cana, Orlando, Miami, Maldivas, Argentina e Peru.

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Roma
Roma
IMPOSTO É ENTRAVE

“É importante ressaltar que as vendas de viagens para o Exterior, não obstante a volatilidade do dólar, poderiam estar em um patamar mais elevado, não fosse a demora na regularização em 6% do Imposto de Renda Retido na Fonte para as remessas ao exterior, que hoje está em impraticáveis 25%. Essa alta tributação tira a competitividade das empresas nacionais, já que força os viajantes a adquirirem serviços junto a fornecedores sediados no exterior. O setor de agenciamento perde receita, o consumidor perde seus direitos, garantidos pelo código de defesa, por não ter respaldo de uma empresa brasileira e o governo perde a oportunidade de manter empregos e arrecadar com impostos”, diz a Braztoa. Uma nova medida provisória já estaria pronta sobre o tema, retornando o imposto para os 6%, e o Ministério do Turismo estaria aguardando o melhor momento para editá-la e encaminhá-la ao Congresso.

PERFIL DO VIAJANTE
Segundo o estudo da Braztoa referente a agosto, as maiores preferências dos turistas se dividiram entre viagens com aéreo de curta distância (voos com menos de duas horas de duração), seguidos de roteiros completos com voos de longa distância (voos superiores a duas horas de duração), além das hospedagens em locais de curta distância (até 400 quilômetros).

Os resorts aparecem com maior destaque entre as opções para acomodação. A locação de carro se mostrou constante e os cruzeiros marítimos começam a aparecer no ranking das escolhas, o que pode ter ligação, de acordo com a associação, com o maior volume de vendas concentrado no primeiro semestre de 2021.

Destinos de praia, campo e cidade ficaram empatados no ranking de buscas, seguidos de locais de natureza e ecoturismo.

Em relação ao tempo, as viagens mais comercializadas foram as de média duração (cinco a nove dias), seguidas das de curta duração (até quatro dias). As escapadas de final de semana aparecem em terceiro lugar e, na sequência, estão as viagens de longa duração (dez dias ou mais).

Viagens para casais foram responsáveis pela grande maioria das vendas, seguidas dos roteiros para famílias com adolescentes ou adultos, que tiveram pouca diferença para as vendas de viagens para famílias com crianças pequenas. Viagens entre amigos e pessoas de terceira idade começaram a ganhar representatividade nas buscas.

Os pedidos de cancelamento caíram bruscamente e atingiram apenas 30% das empresas consultadas pela Braztoa (em julho, esse número era de 73%), evidenciando a tendência de queda, mês a mês, neste quesito, acompanhada desde maio.

Marluce Balbino
Roberto Nedelciu, presidente, e Monica Samia, CEO da Braztoa
Roberto Nedelciu, presidente, e Monica Samia, CEO da Braztoa
EXPECTATIVAS

Quando o foco é o segundo semestre de 2020, 71% dos operadores acreditam que o faturamento não atingirá 50% em relação a 2019.

Esse indicativo é um reflexo da escassez das matérias primas de trabalho das operadoras: variedade e volume de produtos ofertados, uma vez que as medidas de distanciamento reduziram a capacidade dos voos, hotéis, restaurantes, passeios, entre outros itens que compõem uma viagem. Como exemplo, dados da Abear(Associação Brasileira de Empresas Aéreas), indicam agosto com a média diária mensal de partidas de 28,1% com a perspectiva de que, em dezembro, haja entre 60% e 65% da malha aérea no ar.

“Assim como o Turismo impacta uma enorme cadeia de atividades econômicas, ele também depende de todas elas para atuar plenamente. O turismo é plural e se faz em conjunto. Diante desse cenário, é importante ressaltar que entre os fatores responsáveis pela estabilidade das vendas no período pesquisado, bem como o aumento do faturamento, estão a criatividade, a flexibilidade e o alto poder de customização das operadoras para a criação de novos produtos, com o intuito de manter nas vitrines opções diferenciadas para todos os perfis de viajantes, apesar de todas as restrições atuais”, ressaltou o presidente da Braztoa, Roberto Haro Nedelciu.

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