Artur Luiz Andrade   |   28/05/2022 08:35

CVC faz 50 anos: da dupla Paulus/Patriani à Cliente/Tecnologia

Leia o editorial da Revista PANROTAS sobre este 28 de maio


Divulgação/CVC
Novo modelo de loja CVC
Novo modelo de loja CVC

Parece que foi ontem, mas também em outra vida, que Guilherme e Luiza Paulus levavam grupos do ABC Paulista para Foz do Iguaçu. Que Valter Patriani dormia na fila do Canecão, no Rio de Janeiro, para comprar ingressos para os shows de Roberto Carlos e assim garantir a ida de grupos de turistas de São Paulo. Pois daquelas noites mal dormidas e do sonho (ou plano?) de ser a maior operadora do planeta, chegamos ao cinquentenário da CVC, hoje CVC Corp, conglomerado com outras marcas e uma empresa de capital aberto.

Do dono único a uma empresa sem dono? Sim e não. Sim, porque os donos estão diluídos e uma variação de compra de ações pode elevar um ou outro investidor a mandante do momento. Não, porque mais que nunca, e isso seu novo CEO, Leonel Andrade, repete a cada apresentação e entrevista, o cliente é o dono. E toda a transformação atual (digital e de pessoas), segundo ele, está focada nesse clientecentrismo, assim como as ações de seu conselho independente.

Chegar aos 50 anos é um marco não apenas para a empresa, como para o Turismo brasileiro. A CVC não somente colaborou para o desenvolvimento do setor no País, como foi decisiva em vários momentos. Toda indústria precisa de gigantes e, por diversos motivos, coube à CVC um lugar nesse “nicho”. Se o Turismo é composto principalmente de pequenas e médias empresas, um gigante como a CVC faz governos, investidores, clientes e outros segmentos olharem de forma diferente para o setor. Com mais respeito, com admiração, com curiosidade.

A dupla Paulus/Patriani, ao lado de uma legião de discípulos, que hoje se transformaram em mestres por todo o Turismo brasileiro, foi a base de tudo isso e muitas vezes tendo a intuição e a coragem como forças motrizes. E Guilherme e Valter foram decisivos em todos os momentos até a venda da companhia.

FECHAMENTO DA SOLETUR AJUDOU?
No começo do século, o fechamento da concorrente Soletur mais atrapalhou que ajudou. A CVC foi uma das empresas que ajudaram os passageiros da então líder internacional, mas no mercado iniciou-se uma onda de boatos (sem internet, sem redes sociais, só no boca a boca mesmo) de que a CVC seria a próxima a falir. Guilherme Paulus foi até a sede da PANROTAS, na avenida Jabaquara, em São Paulo, e deu uma longa entrevista com a transparência necessária naquele momento. E entre os planos, e aí são palavras de Patriani, um dos mais ousados era ter mais lojas CVC em terra que estrelas no céu. Uma meta que foi decisiva para o que a CVC é hoje e que sempre foi polêmica, pois, se nasceu agência, a empresa viu crescer o braço operadora, e com isso se aproximou dos agentes de viagens multimarca ou independentes. A convivência franquias e agências existe até hoje no ecossistema da CVC Corp, agora com divisões mais claras e responsáveis designados para cada grupo. E um equilíbrio de receitas, com B2B e B2C com cerca de 50% cada um nesse bolo bilionários chamado CVC Corp.

Curiosamente, mas aí já era um pouco tarde, anos depois vários críticos do modelo de franquias da CVC acabaram lançando suas lojas próprias. Na sequência vieram os sites, os apps... e bem-vindos à multicanalidade.

Já gigante, a CVC foi vendida para o fundo Carlyle, que, se por um lado se atrapalhou na gestão da companhia de início, por outro mostrou ao mundo financeiro que o Turismo existia. O agenciamento de viagens valia o investimento. Mas jamais será apagado desse período um dos maiores embaraços da história da CVC: a nova gestão do Carlyle demitiu Valter Patriani. O mea culpa e a necessidade vieram logo e ele foi recontratado e seguiu com a empresa por mais um período, colocando a casa em ordem.

Vieram a abertura de capital, a compra da RexturAdvance, a criação da holding e a chegada a números estratosféricos, de vendas, lojas e colaboradores. A CVC Corp também chegou à Argentina, via aquisições, e os planos eram, uma vez mais, ambiciosos, como lá atrás, só que agora com mais estrutura e dados para orientar os passos.

Chegamos a 2022 com uma nova CVC Corp? Sem dúvida. Uma empresa renascida. Renovada. Como todo o setor no mundo, a CVC viu as vendas congelarem nos primeiros meses de pandemia, em 2020, com reembolsos e remarcações ditando o dia a dia. Como toda empresa de Turismo no planeta, a meta era sobreviver. Com um novo CEO, com novas pessoas, com novas regras e um novo Turismo, moldado por uma pandemia.

E sobreviveu. Como o fez em toda a crise das últimas cinco décadas: das crises financeiras do Brasil ao 11 de setembro de 2001, da crise financeira mundial à covida-19. Sorte? Bases sólidas? Modelo de sucesso? Liderança e imagem confiável? Boas gestões? Tudo isso e mais um pouco. Mas principalmente, pela paixão, dedicação e expertise de milhares de pessoas que por lá passaram ou lá estão. Profissionais inspirados ou tocados em Paulus/Patriani, que talvez nem tenham conhecido; profissionais apaixonados pelo Turismo e por entregar a cada viajante o objetivo de sua viagem, da semaninha relax em Porto Seguro ao sonho de assistir à final da Copa do Mundo; da lua-de-mel no Caribe ao romance em alto mar; da viagem assistida para o outro lado do mundo (ou mesmo aqui pertinho, na Serra Gaúcha) ao luxo dos resorts e casas. PROFISSIONAIS DE TURISMO. Sim, tudo em maiúsculas, como no nome CVC.

Parabéns, profissionais de Turismo que fizeram e fazem a CVC. Que ajudam a consolidar a indústria de Viagens e Turismo no Brasil.

Vocês fizeram história. E continuarão fazendo.

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