Embora o Japão tenha sido um dos primeiros países afetados pelo coronavírus, a disseminação no país ocorre em ritmo mais lento comparado ao restante do mundo. Até a última sexta-feira (13), eram 711 casos confirmados e 21 mortes, ou seja, uma taxa de mortalidade de 2,9% - inferior à média mundial de 3,9%. Em entrevista exclusiva ao Portal PANROTAS, a fundadora e presidente da Blue Tree Hotels, Chieko Aoki, ressaltou que a estratégia do país está relacionada à disciplina e ao espírito coletivo, fatores fundamentais para enfrentarmos à atual crise.

"Além de tomar medidas rápidas para a contenção, o que funcionou para o Japão é o respeito ao coletivo, a cultura de não pensar de forma individualista e a questão da disciplina, ou seja, cada um fazendo a sua parte em prol do bem comum. Assim, as pessoas enfrentam essas situações de uma forma natural porque já estão acostumadas a agir coletivamente. E isso é fundamental em momentos como este", afirma.

Desde pequenas as crianças são ensinadas a limpar as salas de aula com o intuito de valorizar e respeitar os espaços comuns. Além disso, os japoneses têm o hábito de utilizar máscaras quando estão doentes, o que também contribuiu para minimizar os impactos da pandemia no país. "Esses costumes refletem a ideia do espírito coletivo. As crianças aprendem a viver em sociedade e respeitar o que também é do outro. E as pessoas usam máscaras para evitar a transmissão do vírus, pensando no bem estar social e não individual".

Em relação aos brasileiros, ela destaca o acolhimento e a hospitalidade, valores que contribuem até mesmo para atrair turistas ao País. "Essa característica tão diferenciada do brasileiro é fundamental para o sentimento de pertencimento ao coletivo. E isso é algo que não podemos perder, precisamos valorizar cada vez mais, especialmente no Turismo".

Para Chieko, o coronavírus está mostrando a fragilidade humana e a necessidade de união da sociedade para buscar soluções. No entanto, ainda que o Japão seja um exemplo de cooperação, cada país deve tomar suas próprias decisões buscando proteger o bem-estar comum. "Existe um ditado japonês que diz que tudo no mundo é imperfeito, mas o ser humano tem a capacidade de buscar a beleza dentro da imperfeição. E as melhores decisões acontecem quando buscamos essa beleza, ou seja, quando queremos o bem do outro. Agora precisamos encontrar um equilíbrio, ter o espírito coletivo, o sentimento de responsabilidade e, o mais importante, de humanidade", destaca.