Da Redação   |   24/08/2022 08:30

Como destinos e hotéis podem se preparar para o viajante LGBTQ+

Em artigo para a Revista PANROTAS, Simon Mayle fala sobre as experiências dos viajantes LGBTQIAP

O diretor da WTM Latin America, ILTM Latin America, ILTM North America e do principal evento de Turismo LGBTQ+ do mundo, a Proud Experiences, Simon Mayle, em artigo para a Revista PANROTAS 1.534 Edição Especial LGBTravel, fala sobre diversidade e inclusão e em como esses fatores devem fazer parte da cultura das empresas. Que não devem ser somente estratégia e em um mês simbólico, como junho, mas, sim, do dia a dia das organizações.

O executivo também fala sobre as experiências dos viajantes LGBTQIAP+ e em como os destinos, hotéis e serviços devem estar preparados para atendê-los.

Confira o texto completo a seguir.

Primeiramente, eu gostaria de parabenizar a PANROTAS por produzir esta edição especial LGBTQ+ e por fazê-lo não somente em junho, mês do Orgulho. A diversidade e a inclusão deveriam fazer parte da cultura de cada empresa, e não ser apenas uma estratégia e apenas em um mês simbólico. Talvez você não saiba, mas todos nós temos clientes LGBTQ+ e clientes que são aliados desse público: eles são seus passageiros, seus hóspedes, seus visitantes e pessoas cujas viagens você está planejando. A maioria das empresas tem funcionários LGBTQ+ e, assim como os viajantes, eles decidem para quem vão trabalhar conforme se sintam bem-vindos e aceitos.

Divulgação
Simon Mayle
Simon Mayle

Aliás, um estudo feito pela consultoria Kantar em parceria com a Hornet constatou que, enquanto 8% das pessoas da geração do pós-guerra (nascidas entre 1946 e 1964) se identificam como LGBTQ, impressionantes 31% das pessoas da geração do milênio / geração Z (nascidas depois de 1997) se identificam como LGBTQ, grande parte disso constituída pelo grupo Q/Queer, que não sente a necessidade de rotular sua sexualidade. Para mim, essa é a mentalidade da próxima geração de clientes e representa quase um terço dos nossos futuros clientes. Quem não falar a língua deles e não entender as nuances, simplesmente sairá perdendo para a concorrência.

Sim, até porque os viajantes LGBTQ+ viajam mais e gastam mais quando viajam. Costumam fazer de quatro a seis viagens por ano, gastam 33% mais, em média, do que os homólogos heteronormativos e preferem fazer reservas por meio de agentes de viagens. Frequentemente, têm uma rede social forte, tanto on-line quanto off-line, e compartilham as experiências positivas e também as negativas. Afinal, viajar tem a ver com mente aberta, é a antítese do preconceito.

Viajamos em busca de conexões humanas – de conhecer pessoas diferentes, entender culturas diferentes e nos conectar com as comunidades e os habitantes locais com relação a esses aspectos. Viajar tem o poder de mudar a nós mesmos e de mudar os destinos.

Muitos destinos de todo o mundo são ou estão ficando mais dependentes da economia das viagens – ela representa cerca de 9% do PIB mundial e é responsável por um em cada dez empregos. Isso quer dizer que, para atraírem turistas e manterem essa parte da economia em crescimento, os destinos estão tendo que mudar e simplesmente se abrir mais. Se a comunidade LGBT fosse um país, seria a quarta maior economia do mundo, atrás dos EUA, da China e do Japão.

Alguns de vocês podem perguntar por que isso importa – temos clientes gays, temos funcionários gays e tratamos todos da mesma maneira. Bem, muitas vezes, a experiência não é a mesma para o viajante LGBTQ+ e para seus homólogos heteronormativos. Os roupões de banho, pantufas e chinelos fornecidos pelos hotéis são quase sempre para ele e para ela, nunca modificados ou personalizados. A experiência de check-in muitas vezes pode ser dolorosa (“Vocês querem mesmo uma cama de casal?”). O viajante LGBTQ+ pode ser bastante sensível a comentários sutis, gestos, risadinhas com colegas ou caras de espanto.

Os cartões de boas-vindas são quase sempre dirigidos ao Sr. e à Sra., e as pessoas trans são muitas vezes alvo de confusão – chamadas de Senhor ou de Senhora. Em suma, as expectativas dos viajantes LGBTQ+ são muito baixas; então, quando os fornecedores de viagens fazem a coisa certa, certamente encantam os clientes LGBTQ+, e estes passam a ser seus maiores defensores e embaixadores.

Então, quem está fazendo isso bem? A Accor, no nível corporativo, tem isso enraizado em sua cultura e, no nível dos hotéis, vimos bandeiras do Orgulho na parte externa do Fairmont Copacabana, que acaba de sediar a LGBT+ Expo Turismo. A Belmond tem sido pioneiro nessa área há algum tempo e conta com um conselho consultivo LGBT formado pela comunidade, incluindo agentes de viagens, influenciadores e a mídia. A Preferred Hotels & Resorts, que tem hotéis como o Unique, em São Paulo, dispõe de um programa chamado Preferred Pride.

E VOCÊ, O QUE PODE FAZER?

Em primeiro lugar, a diversidade começa internamente: certifique-se de que o seu hotel é representativo do seu destino e das suas comunidades e empregue pessoas que tenham empatia em todos os aspectos da diversidade e da inclusão, bem como pessoas capazes de ajudar a criar um ambiente seguro para os seus hóspedes e visitantes LGBTQ+.

Pense no seu marketing e nas suas redes sociais: eles realmente representam os seus hóspedes e a diversidade, ou estão repletos de famílias lindas e loiras formadas por pai, mãe e dois filhos? Há pessoas de cor (e não só funcionários!)?

Uma provocação positiva: todos nós precisamos ser os melhores aliados que pudermos e precisamos incentivar as pessoas a fazer mais e a fazê-lo de forma positiva. Treine a sua sensibilidade – entenda como perguntar às pessoas a preferência delas em termos de pronomes de tratamento e roupas de cama. Ingresse na Associação Internacional de Turismo LGBTQ+ (IGLTA, na sigla em inglês) para aprofundar os seus conhecimentos e a sua educação e mostrar para a comunidade que você está comprometido com ela.

Eduque-se; participe de eventos como o PROUD Experiences, que estimulam discussões entre agentes de viagens, destinos e hoteleiros sobre como garantir que todos se sintam bem-vindos em todos os lugares; ou participe de seminários e sessões de treinamento na WTM Latin America – um dos principais pilares do conteúdo do evento.

Para mais informações, consulte www.proudexperiences.com e latinamerica.wtm.com

REVISTA PANROTAS
Este artigo faz parte da Revista PANROTAS 1.534 Edição Especial LGBTravel. Você pode acessar a edição digital completa logo abaixo.


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