Da Redação   |   15/03/2023 14:54

Como foram as duas últimas décadas na consolidação?

Confira no artigo escrito por Juarez Cintra, sócio-diretor e fundador do Grupo Ancoradouro

Por Juarez Cintra, sócio-diretor e fundador do Grupo Ancoradouro

PANROTAS / Emerson Souza
Juarez Cintra
Juarez Cintra
Relembrar as últimas duas décadas no setor da consolidação é revigorante. Como o setor mudou neste período! Perdemos grandes companhias aéreas nacionais e internacionais, assisti a fusões bem-sucedidas e outras nem tanto, vi muitas consolidadoras nascerem e crescerem, testemunhei empresas muito fortes fecharem e pequenas se fortalecerem. As sucessivas crises mundiais e também no Brasil, impactaram todos os segmentos e, notadamente, o da consolidação.

Na década de 2000 acompanhamos, com tristeza, a Vasp e a Varig terem a falência decretada, respectivamente, em 2005 e 2007. Cito especialmente a Varig, pois cerca de 40% a 45% do movimento das consolidadoras vinha desta companhia, no corporativo, no nacional e no lazer. Foi um grande baque, que levamos algumas temporadas para assimilar. Na época, para se ter sucesso na consolidação, era obrigatório que a Varig constasse do portfólio!

Durante este período assistimos a fusões muito importantes – e só para lembrar algumas: Lufthansa/Swiss, Air France/KLM, Iberia/British Airways, Tam/Lan, entre muitas outras. E também o nascimento de grandes empresas: a Gol - que começou como low cost e low fare, e se consolidou como uma companhia tradicional - e a Azul que, para minha alegria, tornou Campinas, em São Paulo, o seu hub, fazendo com que Viracopos se transformasse em um dos maiores aeroportos do Brasil.

Nestas mesmas duas décadas, a tecnologia também se preparava para revolucionar a consolidação. Os extraordinários sistemas de back e front office nos permitiram integrar e gerir todos os setores da empresa de forma incrivelmente ágil e eficiente. Há 20 anos operávamos com fax e achávamos que éramos felizes. Seria totalmente inviável, com a tecnologia que tínhamos na época, mantermos o fluxo de vendas que registramos atualmente. O volume aumentou de 10 a 15 vezes.

Os grandes consolidadores do País buscavam sistemas eficientes. Neste cenário, nasceu um grupo que apelidamos de “G4”, formado pela Rextur, de Goiaci Guimarães, a Flytour, de Elói D´Ávila, a Advance, de Marcelo Sanovicz, e a Ancoradouro. Foi uma parceria espetacular, pois aprendi muito com eles. Para mim, Góia, Elói e Marcelo foram os três maiores visionários da consolidação no Brasil.

O G4 tomava decisões e até negociava com as companhias aéreas em conjunto. Lógico que éramos concorrentes, mas a ética sempre permeou este relacionamento, de muito sucesso. No quesito sistemas, o Marcelo, sempre muito focado, saiu na frente. Hoje, contudo, os portais são muito semelhantes nas suas configurações e eficiência.

ANCORADOURO

Três princípios podem definir por que a Ancoradouro venceu, cresceu e se consolidou nestas duas décadas: perseverança, foco e ética. Sempre mantivemos o agente de viagens como nosso único cliente. Nunca miramos o B2C. Sempre fomos muito conservadores com o caixa, sem que isso impedisse os investimentos e a modernização da empresa. Jamais quisermos ser a maior, mas sempre buscamos ser a mais rentável!

Na pandemia, fomos a primeira empresa a agir, o que foi fundamental para mantermos a nossa saúde financeira. Sabemos que hoje a Ancoradouro é citada como case de sucesso pelo mercado, inclusive pelas companhias aéreas, o que muito nos orgulha, principalmente ao atingirmos 35 anos de fundação em 2022. É um grande estímulo para as próximas décadas!


Este artigo faz parte da edição 1551 da Revista PANROTAS:

Tópicos relacionados