Multipropriedade consolida nova era do Turismo imobiliário no Brasil; leia o artigo
Veja o artigo do presidente da Associação para o Desenvolvimento Imobiliário e Turístico do Brasil
O Turismo imobiliário brasileiro vive uma nova era desde a regulamentação da multipropriedade que consolidou a segurança jurídica para esse modelo de posse compartilhada e impulsionou um mercado em franca expansão. À frente desse movimento, a ADIT Brasil vem sendo protagonista na profissionalização e fortalecimento institucional do setor, que mais que dobrou em número de empreendimentos e quadruplicou em valor de mercado desde 2019.
Sobre o momento do setor, Caio Calfat, vice-presidente de Assuntos Turístico-Imobiliários do SECOVI-SP, presidente da Associação para o Desenvolvimento Imobiliário e Turístico do Brasil (ADIT) e fundador e diretor-geral da Caio Calfat Real Estate Consulting, divulgou um artigo ao Portal PANROTAS. Confira!
Construção compartilhada e o valor das relações duradouras
"A promulgação da Lei nº 13.777/2018, que regulamenta a multipropriedade no Brasil, foi o ponto de virada para uma das mais promissoras vertentes do turismo imobiliário nacional. Ao estabelecer base jurídica para o modelo de posse compartilhada, a lei criou condições para que incorporadoras, investidores e consumidores passassem a enxergá-lo com segurança e clareza. Não foi apenas uma mudança normativa, mas a fundação de uma nova lógica de ocupação do território e do uso de ativos.
Se a lei foi o marco inaugural, 2019 representa o início de uma nova fase institucional para o setor, por meio da atuação da ADIT Brasil. Entidade e mercado avançaram lado a lado e, em pouco tempo, surgiram novos players, mais capital e diversidade de produtos e destinos. Essa evolução não se deu apenas pela força do mercado, mas pela construção conjunta de conhecimento, boas práticas e articulação institucional, criando pontes entre agentes públicos, privados e consumidores.
Vale lembrar que parte dessa transformação ocorreu em meio à pandemia da COVID-19, um dos períodos mais desafiadores para o turismo e para o setor imobiliário em geral. Nessa época, o mercado se mostrou resiliente e criativo, respondendo a uma nova demanda social por qualidade de vida e espaço compartilhado com responsabilidade. Consumidores passaram a buscar soluções de lazer com menor custo de aquisição e manutenção, o que impulsionou o interesse pelas frações imobiliárias.
Em 2019, a multipropriedade brasileira contava com 92 empreendimentos e R$ 22,3 bilhões em Valor Geral de Vendas (VGV); atualmente são 216 empreendimentos e R$ 92,6 bilhões em VGV, segundo dados do estudo anual “Cenário do Desenvolvimento de Multipropriedades no Brasil”. A ADIT mais do que triplicou o número de associados — de 115, em 2019, para 429, em 2025. A equipe cresceu no mesmo ritmo: dos 10 colaboradores em 2019 o time saltou para 27 pessoas em 2025, o que levou à mudança de sede e consolidou uma estrutura à altura dos desafios da entidade.
Estruturamos 13 Comissões Setoriais voltadas à produção de conhecimento e criamos cursos sobre temas relevantes para o setor. A agenda técnica foi expandida com a criação do ADIT Arq, que conecta arquitetura, design e ESG ao desenvolvimento imobiliário, e do Imobtour, que debate o futuro da hospitalidade e do aluguel por temporada, eventos que se somam ao ADIT Share, ADIT Invest, Complan e ADIT Juris, consolidando um calendário de seis encontros que reforçam o papel da ADIT como catalisadora de conhecimento.
As Missões Técnicas também ganharam protagonismo ao promover visitas a projetos considerados cases de sucesso no Brasil e no mundo. Ainda neste ano, a ADIT levará grupos para explorar a intersecção entre urbanismo e tecnologia no setor imobiliário da China e a aprender com experts em regeneração urbana na Colômbia. Em São Paulo, o grupo fará uma imersão na hotelaria de luxo.
Ao oferecer segurança jurídica para algo que era praticado informalmente, a Lei nº 13.777 abriu caminho para a profissionalização e diversificação do setor, mas o trabalho institucional também foi determinante. Fomos convidados pelo Ministério do Turismo para integrar e presidir comissões no Conselho Nacional do Turismo, um reconhecimento que poucas entidades conseguiram conquistar e manter. Estreitamos laços com praticamente todas as entidades relevantes do setor turístico, imobiliário e governamental, como ABIH, FOHB, Resorts Brasil, SINDEPAT, SECOVI-SP, SindusCon SP e RS, COFECI, AELO, ASBEA, FIABCI Brasil, LARES, entre muitas outras. No cenário internacional, reforçamos o protagonismo ao sermos a única entidade brasileira na ADI Latam, rede que conecta o setor na América Latina.
Prestes a encerrar um ciclo de três mandatos consecutivos na presidência da ADIT, enxergo com satisfação o legado construído a muitas mãos. Tenho convicção no trabalho coletivo que foi realizado e agradeço à equipe da ADIT, à diretoria, aos conselheiros e a todos que contribuíram para esse percurso, principalmente, aos associados. Deixo também meu reconhecimento ao mercado que acreditou na proposta e caminhou conosco em tempos bons e desafiadores.
O crescimento é resultado do empenho de muitos parceiros que ajudaram a construir uma nova etapa dessa indústria. A multipropriedade tem papel relevante na economia e no desenvolvimento territorial do Brasil e o turismo imobiliário, antes periférico nas discussões estratégicas, hoje é tratado como vetor de desenvolvimento, com impacto na geração de empregos, aumento da circulação de pessoas e de capital em todo o país. Cabe a todos nós garantir que o caminho percorrido até aqui seja base sólida para o que ainda está por vir".