Da Redação   |   14/11/2025 17:06

COP30 e o futuro da Amazônia: por que o legado começa agora; leia o artigo

Como Turismo, inovação e bioeconomia podem moldar um novo ciclo de desenvolvimento sustentável na região

Divulgação/GKS Inteligência Territorial
Cássio Garkalns, CEO da GKS Inteligência Territorial
Cássio Garkalns, CEO da GKS Inteligência Territorial

A realização da COP30 em Belém coloca o Pará e toda a Amazônia no centro das atenções globais, não apenas como palco de um dos mais importantes debates climáticos do planeta, mas como território estratégico para a construção de um novo modelo de desenvolvimento.

Nesta análise exclusiva, o CEO da GKS Inteligência Territorial, Cássio Garkalns, explora como o Turismo, a inovação e a organização do setor produtivo podem transformar a visibilidade trazida pela conferência em progresso real e duradouro.

O artigo destaca o crescimento recente do turismo paraense, o avanço de iniciativas como a Rede Brasileira de Destinos Turísticos Inteligentes e a força de projetos que unem cultura, conservação e geração de renda em comunidades amazônicas.

Mais do que infraestrutura, Garkalns aponta que o verdadeiro legado da COP30 será medido pela capacidade de fortalecer negócios locais, consolidar governança e posicionar a Amazônia como protagonista global em sustentabilidade.

Nesta reflexão profunda - e ao mesmo tempo pragmática - o autor convida a enxergar o day after da COP30 como o início de um novo ciclo. Um ciclo no qual turismo, bioeconomia e inovação territorial se tornam pilares de um futuro que valoriza a floresta, impulsiona a economia e transforma a vida de quem vive nela.

Veja o artigo na íntegra:

O day after da COP30: o legado que o Pará e a Amazônia podem construir

"O Turismo, para além de uma oportunidade de lazer, aprendizado, conhecimento e contemplação, é uma atividade econômica com grande capacidade de transformar positivamente, em pouco tempo, a vida de pessoas e territórios, estimulando desenvolvimento, inclusão, inovação e conservação ambiental. Para que esse potencial se realize plenamente, é fundamental entendê-lo sob um olhar estratégico. A realização da COP30 em Belém representa um marco importante nesse movimento — um momento decisivo para elevar padrões, fortalecer capacidades locais e deixar um legado duradouro para o País.

Com a proximidade da conferência, o Pará e a Amazônia estão sob os holofotes do mundo. Mas o verdadeiro desafio começa depois: transformar visibilidade em continuidade, consolidando políticas públicas e fortalecendo a teia empresarial e as estratégias de longo prazo que ampliem o impacto social, econômico e ambiental na região. Em 2024, o Pará recebeu mais de 1,2 milhão de visitantes, crescimento de 15,4% impulsionado pela expansão da conectividade aérea, investimentos hoteleiros e pela chegada de marcas internacionais como Tivoli e Vila Galé, sinais de maturação turística e maior atratividade global.

Esse momento exige mais que infraestrutura: exige a consolidação de uma cultura de valorização do turismo em suas diferentes frentes: pelo lado da oferta, contempla o envolvimento de empresários e empreendedores, engajamento da sociedade, políticas públicas consistentes; e pelo lado da demanda, envolve responsabilidade, respeito e entendimento cultural por parte dos viajantes.

Para que essas mudanças se perpetuem, o protagonismo empresarial é indispensável. Empreendedores locais — de pousadas e restaurantes a guias e operadores — precisam se organizar, articular estratégias e assumir corresponsabilidade pelo desenvolvimento turístico, em parceria com o poder público. Governos mudam, ciclos políticos terminam; o setor produtivo permanece e deve liderar a construção de destinos mais preparados e competitivos. Agências e operadoras têm papel fundamental nesse cenário, no preparo do visitante e na promoção de experiências sustentáveis, assim como associações como a Braztoa, que já incorporam princípios ESG na comercialização e inspiram o mercado a adotar práticas mais responsáveis.

Nesse sentido, a visão de destinos turísticos inteligentes se apresenta como caminho estratégico. Um exemplo é a Rede Brasileira de Destinos Turísticos Inteligentes (Rede DTI Brasil), criada em 2025 para apoiar a transformação de municípios em modelos sustentáveis e competitivos. O movimento, apoiado pelo Sebrae, Ministério do Turismo, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Associação Nacional dos Secretários e Dirigentes Municipais de Turismo (Anseditur), GKS Inteligência Territorial e Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) já reúne 104 instituições de 28 municípios brasileiros.

Entre eles destaca-se Novo Airão (AM), um destino turístico autêntico reconhecido por abrigar três grandes áreas de conservação: os Parques Nacionais de Anavilhanas, Jaú e Rio Negro Setor Norte. O município é símbolo de turismo sustentável, conservação ambiental e experiências únicas em meio à floresta. Avançando em sua jornada como Destino Turístico Inteligente, aposta em inovação, governança participativa e tecnologia para a conservação e a gestão inteligente do território, ao lado de outras cidades brasileiras que seguem o mesmo caminho.

Outro exemplo é o projeto Alma da Floresta, que a GKS desenvolve em parceria com a plataforma OCAS, que conecta comunidades amazônicas por meio da cultura, da economia criativa e da sustentabilidade. A iniciativa reúne saberes tradicionais e práticas sustentáveis na criação de sabonetes artesanais com identidade amazônica, produzidos por comunidades como Aldeia Tupã, Marajó, Jurunas e Quilombo Guajará-Mirim. O projeto pretende apoiar a geração de renda e valorizar a cultura local, um exemplo concreto de como é possível conciliar cultura, empreendedorismo e conservação

Infraestrutura também deixará marcas relevantes. A construção do terminal de Outeiro para o atracamento de navios durante a COP30 abre potencial para incluir o Pará na rota internacional de cruzeiros, somando mais uma via de desenvolvimento ao Norte brasileiro. Quando combinada com qualificação profissional, valorização da gastronomia local, fortalecimento de cadeias da bioeconomia e gestão sustentável do território, essa infraestrutura representa muito mais que preparo para um evento. Representa futuro.

O legado da COP30 não deve ser medido apenas por obras concluídas, mas pela capacidade de formar pessoas, fortalecer negócios locais, posicionar a Amazônia globalmente, atrair investimentos e gerar impacto contínuo. A conferência deve ser o início de um ciclo, e não seu ápice. O futuro da região dependerá de governança consistente, continuidade institucional e da união entre poder público, setor privado e comunidades.

O Pará tem todas as condições para liderar esse movimento. O desafio agora é garantir que o “day after” da COP30 seja tão forte quanto o evento em si — e que o turismo e a bioeconomia sigam como bases para um desenvolvimento que valorize a floresta, sua cultura e seu povo. O turismo é, e precisa seguir sendo, um caminho estratégico para esse futuro".

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