Henrique Santiago   |   20/07/2018 10:45

Viajantes têm comprado menos aéreo e hotel; veja tendências

O estudo foi realizado com 3996 norte-americanos durante o primeiro semestre

Os hábitos de consumos de viagens dos norte-americanos se tornam tendência no mundo. Não é segredo que essa indústria impacta o comportamento dos consumidores em outros mercados globais, como o Brasil.

A Phocuswright recém-lançou um estudo no qual se debruça sobre os principais produtos que integram a rotina de viagem de quem mora nos Estados Unidos. Ao todo, 3996 norte-americanos foram consultados no primeiro semestre deste ano e o resultado demonstra uma maior autonomia dessas pessoas.


Nappy
Essa liberdade do viajante se traduz na escolha de produtos que fogem do tradicional. A empresa especialista em pesquisa avaliou que menos pessoas se hospedaram em hotéis em 2017. Entre janeiro e dezembro, 68% fizeram check-in em alguma propriedade hoteleira – a porcentagem era de 73% em 2016.

Por outro lado, a procura por plataformas alternativas, como Airbnb e Home Away, se tornou mais evidente. A pesquisa revela que os millennials (entre 18 e 34 anos) lideram essa preferência, as gerações mais experientes têm aderido a esse modal com mais força, sobretudo nos grupos de 45 a 54 anos e mais de 65.

TRADICIONAL PERDE FORÇA
Outras quedas foram sentidas em segmentos importantes da indústria de Viagens e Turismo. A venda de bilhetes aéreos representou 57% no último ano – em 2016, o índice de 62%. Os cruzeiros também perderam força, passando de 10% a 7%. Já os roteiros empacotados mantiveram os 33%.

Em outras palavras, os norte-americanos têm preferido fazer viagens dentro de seu próprio país. Com isso, têm optado por utilizar seus próprios carros – as locadoras de automóveis têm alta capilaridade no setor corporativo – e tem se deslocado em períodos mais curtos. Entre suas motivações estão descanso, viver em família e buscar experiências diferentes.

Tal comportamento é analisado justamente pela instabilidade político-econômica, algo vivenciado pelo brasileiro desde a crise instaurada por volta de 2015.

Em entrevista à PANROTAS, a sócia-diretora da Mapie, Carolina Haro, parceira da Phocuswright, detalha esse movimento. “O que acontece lá fora vai se repetir principalmente na América Latina. Nós vemos que a curta de fluência é cada vez mais curta. Vamos sentir esses impactos no Brasil ainda este semestre ou a partir do ano que vem”, pontuou.

A executiva apoia sua afirmação em um estudo realizado pela própria Mapie, o qual revela um crescimento de 35% na utilização de acomodações privadas. “Aqui já está acelerado”, completou.

ALGO A MAIS
O deslocamento para outras regiões dos Estados Unidos não está limitado apenas à hospedagem ou aos litros de combustível. Esses viajantes têm desembolsado dinheiro para vivenciar novas experiências.

Um total de 41% opta por excursões; 32% atividades outdoor; 28% museus; e 19% shows e afins. O acesso a esses produtos foi feito em maioria esmagadora por sites e aplicativos (cerca de dois terços), enquanto o boca-a-boca de recomendações de família e amigos responde a 31%. Os agentes de viagens foram influentes em apenas 8% dos casos.

Os agentes se tornam menos relevantes nesses casos, pois uma viagem mais curta e menos complexa não demanda a consultoria que lhe é exigida.

De acordo com Carolina, os mais jovens têm desempenhado um papel de influenciadora para os demais públicos. “Essas gerações vivem o momento e estabelecem tendências, fazendo com que seus antecessores passem a ser usuários dessa mesma forma. O comportamento de viagem tem poucas diferenças. O viajante habitual se comporta como um millennial mesmo não tendo sua idade.”

O caminho trilhado indica que não haverá volta. A dependência do viajante se tornará mais evidente e cabe à indústria tradicional, sobretudo a hoteleira, a trabalhar com enfoque no cliente. Alguns de seus objetivos incluem trabalhar com personalização e diversificação na jornada de seus clientes e, tão importante quanto, desburocratizar todo esse processo.

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