Filip Calixto   |   27/03/2020 15:09   |   Atualizada em 27/03/2020 15:23

Isolamento social muda comportamento de consumo no Brasil

Pesquisa feita pela Kantar Brasil Insights mostra como o momento mudou o comportamento do consumidor.

Especializada em identificar tendências e comportamento de consumo, a Kantar Brasil Insights acaba de divulgar um levantamento mensurando hábitos de compra num contexto afetado pelo isolamento social causado pela expansão do novo coronavírus. Dentre os consumidores ouvidos pela pesquisa, 78% declararam sair de casa somente para o necessário (supermercados, farmácia, bancos); 71% deixaram de ir a restaurantes e lanchonetes; 68% deixaram de frequentar shoppings e parques; 27% declararam comprar mais alimentos saudáveis e nutritivos; 23% já estão trabalhando em casa; 22% estão comprando mais produtos de limpeza e 7% pediram delivery de alimentação e compras para a casa.

Tirados da segunda edição do Kantar Thermometer, os números são resultado de um compilou dados de diversos painéis e insights da Kantar, além de 500 entrevistas realizadas online com brasileiros acima de 18 anos entre os dias 13 e 16 de março de 2020.

Unsplash/Ave Calvar
78%  dos pesquisados disseram sair de casa somente para o necessário (supermercados, farmácia, bancos)
78% dos pesquisados disseram sair de casa somente para o necessário (supermercados, farmácia, bancos)
A mesma pesquisa revela ainda algumas curiosidades compreensíveis. Um delas é o fato de que, no topo do ranking das categorias mais impactadas pela nova realidade está o setor de cuidados pessoais, com queda nas compras de produtos como maquiagem, perfumes, desodorante e cuidados com a beleza.

Mais um dado explicado pelo maior tempo dos consumidores dentro dos seus lares é o crescimento no tempo em frente à televisão. Entre os pesquisados, 79% declararam preferência pela TV como principal meio para obter informações. O consumo diário do conteúdo televiso durante a semana apresentou um aumento de 41 minutos na média. Já aos finais de semana, o aumento foi ainda mais significativo: 1h26.

Mas não é só. Também por conta da pandemia, a característica de consumo da programação televisiva mudou, seja pela necessidade mais intensa de informação ou por fatores como a interrupção de algumas produções e campeonatos esportivos. O principal impacto no fim de semana do dia 21 e 22/3, em relação ao primeiro fim de semana de março, foi principalmente sentido no futebol. Com a paralisação dos campeonatos, a audiência do gênero caiu consideravelmente. Entre os 10 gêneros de maior audiência, os que mais cresceram na semana de 16 a 20 de março, em comparação a primeira semana de março, foram filme (36%) e jornalismo (26%). A audiência do gênero infantil cresceu 17% na semana de 16 a 20 de março, em comparação com a primeira semana deste mesmo mês.

Também nesse sentido, os conteúdos de streaming e de PayTV seguem em ascensão. O Brasil também aparece com um amento de 8% no uso de periféricos (aparelhos ligados à TV, como videogames), indicando oportunidade para os anunciantes e as agências olharem com atenção para e-sports.

PUBLICIDADE E O QUE ESPERAR DAS MARCAS

No período em que a pesquisa foi realizada, entre os dias 16 e 22 deste mês, 135 marcas veicularam campanhas especificamente dedicadas ao tema do covid-19, que esteve em 20% das novas campanhas (filmes). No mesmo ínterim, o tema esteve em 1,3 mil inserções de TV, sendo o pico de veiculação o domingo (22) com mais de 500 inserções. Os top dez anunciantes são formados por bancos, farmacêuticas e varejistas.

Também nesse período, muitas marcas precisaram marcar posicionamento e assim atenderam anseios de quem compra seus produtos. Para o consumidor, 25% esperam que as marcas sejam o exemplo e que guiem a mudança. Já 21% esperam que sejam práticas e realistas, e ajudem os consumidores no dia a dia.

Para 87% dos entrevistados as marcas devem comunicar principalmente seus esforços para enfrentar a situação e sobre como podem ser úteis nesse novo dia a dia, 80% concordam que as empresas devem evitar explorar a situação do coronavírus para promover suas marcas e 78% dos consumidores acreditam que deve-se reforçar os valores da marca, oferecendo uma perspectiva positiva e utilizando um tom tranquilizador.

Confira neste link a pesquisa completa e o detalhamento dos números sobre o comportamento do consumidor.

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